O Ministério Público instaurou inquérito para apurar denúncias contra o Colégio da Polícia Militar Cruz Azul em Santo André, na Região Metropolitana de São Paulo. Queixas de falta de segurança no pátio da escola, bullying e má conduta de uma professora foram levadas à promotoria de infância e juventude por um grupo de seis mães de alunos. A direção do colégio nega as denúncias.
De acordo com essas mães, há casos recorrentes de agressão entre alunos e um deles chegou a levar uma faca na escola há alguns meses - fato confirmado pela direção. Parte das queixas se concentra em uma professora, que teria se exaltado em várias oportunidades e, em algumas aulas, apagado a luz para "aterrorizar" as crianças. "Meu filho pedia para deixar a luz acesa do quarto desde o começo do ano. Depois descobri que a professora o colocava de castigo no escuro", diz Elina Maria Cardoso Guedes Bernardes, de 30 anos, mãe de um menino de 6 anos que estuda no Cruz Azul.
Uma outra mãe, que prefere não se identificar, afirma que deixou de levar o filho na escola no início de novembro por medo de que ele apanhe de um colega de sala. "Já falei com a diretora e ela disse que não podia fazer nada, então não vou arriscar."
Segundo o promotor da Infância e Juventude de Santo André Ricardo Florio, a direção do colégio tem até o fim deste mês para tomar duas providências em relação aos problemas: o afastamento da professora acusada de maus-tratos e atenção maior quanto ao trabalho de monitores e inspetores para evitar incidentes entre estudantes. "Caso não tenha interesse de acordo, posso ingressar com ação civil para afastar a diretora."
Disciplina - Mães reclamam da dura disciplina da escola, que estaria colaborando com as hostilidades entre colegas. O colégio é particular, mas oferece desconto a filhos de policiais militares. Dos 615 alunos, 85% são de filhos de Pms.
Ente as medidas, os alunos não podem usar piercing e brincos são proibidos para meninos. Corte de cabelo "exótico" também é vetado - nada de fios coloridos ou arrepiados com gel. As crianças são obrigadas a cantar diariamente o hino da corporação enquanto as bandeiras da Cruz Azul, do Brasil e do Estado são hasteadas. "Os alunos são filhos de policias, mas não são PMs. Não sei por que eles têm de cantar o hino", diz a cabeleireira Deise dos Santos, de 44 anos, uma das autoras das denúncias.
A diretora da escola, Adriana Correia, afirma que os pais já conhecem o regimento quando fazem a matrícula. Segundo ela, todos os casos de quem procurou a promotoria são de alunos que já apresentavam problemas. "O Colégio está aberto a conversar com todos, mas para muitas mães é mais fácil acusar a escola do que resolver um problema com os filhos."
Outros pais de alunos, reunidos pela direção da escola, defendem a instituição e acusam o grupo de mães de má fé. "Não é verdade o que elas dizem, a escola é ótima e o que elas têm feito é uma injustiça", diz a confeiteira Adriana Silva Rocha, de 37 anos, que tem duas filhas na escola.
Fonte: Diário do Grande ABC
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