domingo, 24 de abril de 2011

Projeto de Lei pretende combater o bullying nas escolas de Resende

A tragédia ocorrida no último dia 7 na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro - quando o ex-aluno da instituição Wellington Menezes de Oliveira assassinou doze crianças -, suscitou a discussão sobre um problema antigo, mas que agora repercute entre as diferentes instâncias da sociedade que buscam uma solução para o problema do bullying.

E Resende, no Sul Fluminense, parece ter entrado para a lista de casos de bullying: o jogador da categoria juniores do Resende Yan Guilherme dos Santos, de 16 anos, foi assassinado na última terça-feira e, de acordo com as informações da polícia, o motivo do homicídio teria sido a ocorrência de brigas e possíveis de práticas de humilhação - como apelidos entre estudantes - na Escola Municipal Sales Cunha, na Baixada da Olaria.

Devido à grande repercussão que o tema vem provocando, o presidente da Câmara de Resende, Kiko Besouchet (PP), apresentou um projeto de lei que já foi aprovado pela Casa e aguarda sanção do prefeito José Rechuam (DEM), para que seja criado o Programa de Combate ao Bullyng nas escolas públicas e privadas da cidade. A iniciativa pretende envolver diferentes atores sociais tanto da comunidade escolar quanto pais e responsáveis, e promover a realização de atividades interdisciplinares.

Pelo projeto, estudantes que tiverem atitudes que caracterizem a prática da intimidação, humilhação e discriminação devem ser encaminhados pela instituição de ensino aos serviços de assistência médica, social, psicológica e jurídica, conforme a necessidade. O projeto de lei também prevê todo o suporte para as vítimas através de parcerias com as diferentes secretarias do município.

- A ideia é criar um mecanismo capaz de identificar os fatores geradores de violência no ambiente escolar, bem como apontar medidas a serem adotadas nesses casos. Insultos pessoais, apelidos pejorativos, ataques físicos, expressões preconceituosas, isolamento social e ameaças serão ações coibidas - explicou o vereador.

O parlamentar - que contou ter sido alvo de piadas e brincadeiras de mau gosto no decorrer da vida estudantil - lembrou que a superação psicológica destes episódios só foi possível pela efetiva participação da família. Ele destacou que as vítimas de bullying costumam esconder o fato, e acabam por diversas vezes tendo que lidar sozinhas com estes traumas.

- Às vezes se torna difícil constatar essa situação, é preciso que a família e todos os setores da sociedade em que a criança ou o jovem esteja inserido estejam atentos para perceber o problema e ajudar a pessoa a superá-lo - disse.

Profissionais comentam projeto

O presidente do Instituto de Educação - autarquia da Secretaria de Educação de Resende - José Marques da Fonseca Júnior, lembrou que o bullying é um problema antigo e que há muitos anos os educadores tentam lidar com essa questão. Ele ressaltou que o massacre ocorrido na escola da capital carioca foi um alerta dramático para que a sociedade dedique maior atenção a este tipo comportamento tão nocivo à personalidade e ao desenvolvimento de quem sofre com o bullying.

- A implementação de uma lei municipal de combate a esta prática é um passo importante, porém deve ser a primeira de outras ações a serem empreendidas pelos governos estadual e federal - destacou.

Segundo Marques, a lei cumprirá um importante papel se conseguir mobilizar a sociedade para discutir o tema, inclusive ressaltando a responsabilidade dos pais pela educação e acompanhamento do desenvolvimento e das dificuldades enfrentadas pelas crianças, adolescentes e jovens.

O diretor lembrou que as escolas realizam a avaliação dos problemas mais recorrentes e graves enfrentados pela instituição, e promovem trabalhos pedagógicos com o intuito de auxiliar os alunos e coibir a continuidade destas ações. Para ele, a promulgação da lei será mais um suporte para continuidade desses trabalhos e para que novas ações sejam executadas.

- Há escolas que tem o desafio de lutar contra o problema,das drogas, outras com alto índice de gravidez na adolescência e ainda aquelas com problemas relacionados ao bullying. Todas já realizam atividades especificas para vencer estas dificuldades. A lei tornará a obrigatória a implementação de ações e o envolvimento de todos com esta causa - disse Marques.

Fonte: Diário do Vale

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