Especialista salienta que atitude dos pais é fundamental para evitar vitimização on-line
O cyberbullying é tido como um tipo grave de agressão, que ocorre de modo repetido e intencional. De acordo com especialistas, o fenômeno vem sendo descrito enquanto um comportamento agressivo e prejudicial, que não pode mais ser ignorado na atualidade. Em um período no qual crianças e adolescentes convivem diariamente com a tecnologia, seja em salas de bate-papo, sites de redes socias e mesmo através de telefones celulares, professores, pais e profissionais da saúde devem conhecer quais são os fatores de risco para o fenômeno.
Crianças e adolescentes que são vítimas da agressão virtual podem apresentar pior desempenho escolar, sintomas de depressão e ansiedade superior aos seus pares, afirma Guilherme Welter Wendt, pesquisador sobre o tema, membro da International Association of CyberPsychology, Training, and Rehabilitation e especialista em cyberpsicologia. Em entrevista exclusiva ao portal SIS.Saúde, Wendt antecipou que está conduzindo um estudo focado nas especificidades do cyberbullying no contexto brasileiro.
Há uma série de estudos inconsistentes sobre o assunto, ressalta o especialista. O pesquisador cita o recente estudo de Huang e Chou (2010), que conduziram um estudo com 545 alunos de escolas da Taiwan, com o objetivo de analisar os fatores de risco envolvidos. Os resultados dessa pesquisa indicaram que os estudantes do sexo masculino foram os mais propensos à intimidação de pares no mundo virtual. Dentre os fatores associados ao fenômeno nessa população, foram dentificados que todos os jovens com acesso à Internet podem se tornar vítimas ou mesmo espectadores do cyberbullying.
Muitos dos estudos evidenciam resultados confusos, provavelmente em decorrência da metodologia empregada. Contudo, o pesquisador pontua que alguns pontos em comum entre o bullying tradicional e o virtual podem ser identificados. Primeiro, há uma disparidade de poder. O valentão da escola intimida seus pares por valer-se de um poder físico ou psicológico sobre a vítima; no ciberespaço, contudo, esse escopo é ampliado. "Os professores e profissionais da escola podem também arcar com as consequências do cyberbullying, uma vez que o conhecimento das tecnologias de comunicação é surpreendentemente superior nos jovens, nativos dessas ferramentas digitais de interação. Assim, os alunos podem vitimizar seus professores que, por sua vez, evidenciam impotência na hora de reagir ao fato", salienta.
Assim, considerando que a maioria dos adolescentes utilizam a Internet no ambiente doméstico, a mediação parental, no sentido de impor limites e deixar claro o que é e o que não é tolerável, pode ser uma medida eficaz para a prevenção, ressalta Guilherme Welter Wendt, pesquisador especializado no tema. Além disso, as transformações no mundo do trabalho, como o ingresso da mulher em posições antes ocupadas apenas por homens, deve ser levada em conta para uma compreensão mais sistêmica da crueldade digital, afirma o especialista.
O especialista alerta ainda que são necessários estudos focados na cultura brasileira, que possui particularidades em termos de interação on-line e comportamento digital. Resultados preliminares dos estudos do especialista serão apresentados no X Congresso Nacional de Psicologia Escolar e Educacional, que ocorrerá em Maringá, entre os dias 3 e 6 de julho desse ano.
Mais informações podem ser encontradas no site: cyberpsychology.tumblr.com (em português)
Fonte do estudo citado:
Huang, Y; Chou, C. An analysis of multiple factors of cyberbullyingnext term among junior high school students in Taiwan. Computers in Human Behavior, v 26, n 6, November 2010, Pages 1581-1590.
Fonte: SIS.Saúde
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