G1
O colégio Vértice, o melhor do país segundo o último ranking do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), não adota catracas, carteirinhas ou detector de metais para controlar a entrada dos alunos.
A fiscalização de quem entra e quem sai é feita pelos funcionários da portaria e pelo uso de uniforme pelos estudantes, afirma o diretor da instituição, Adilson Garcia.
A escola é formada por duas unidades pequenas.
São cerca 1.000 alunos no total, tamanho similar à escola municipal Tasso da Silveira, onde o ex-estudante Wellington de Oliveira matou ao menos 12 estudantes, em uma chacina sem precedentes ocorrida no Realengo, bairro do Rio de Janeiro.
O Vértice, no entanto, está longe de qualquer risco semelhante ao do Rio, na avaliação de Garcia. O colégio fica no Campo Belo, zona sul de Sâo Paulo.
A entrada dos alunos é feita por um portão, em que os pais podem passar com o carro e deixar o filho na entrada da escola.
- O fato de não termos uma estrutura grande, com muitos alunos e prédios vistosos, facilita nosso controle. Temos câmeras monitorando a escola, inclusive nas ruas que dão acesso ao Vértice.
Principal ferramenta
A principal ferramenta para proteger os alunos com relação à violência e assaltos é orientá-los e usar as aulas, afirma o diretor.
- Nós trazemos a questão da violência para a sala de aula, discutimos e debatemos. O aluno é orientado a não tentar ser herói, não partir para cima de um bandido. Nessas horas, o melhor é respirar, se acalmar. Saber como reagir no caso de um roubo é mais importante.
Garcia afirma não acreditar no uso de catracas e carteirinhas.
- Não trabalhei ainda em uma escola com catracas. O que é uma catraca sem um funcionário vigiando? Não vai resolver, o criminoso pula. Se ele é mal-intencionado, vai agir de todo jeito. Temos que encontrar outro meio de impedir que nossos alunos estejam desprotegidos.
O colégio tem contrato com uma empresa de segurança, que faz a ronda nos arredores da instituição. São dois vigilantes policiando o entorno do Vértice. O diretor afirma que todas as escolas particulares de elite na cidade de São Paulo - Bandeirantes, São Luís, Dante Alighieri, entre outras - contratam segurança particular.
- É exigência da própria clientela. Os pais que vêm aqui matricular os filhos perguntam: vocês têm segurança própria? Como funciona?
Alunos da escola já foram assaltados em ruas nos arredores, mas o número caiu desde que as câmeras e a equipe de segurança foram adotadas.
Facilitar a entrada
O diretor Garcia diz que a entrada de ex-alunos aparentemente era fácil na escola municipal do Realengo. O mesmo não ocorre no Vértice. Segundo ele, há horários definidos para este tipo de visita, e a diretoria sempre deve autorizar a entrada de estranhos na escola, mesmo que sejam parentes dos alunos.
- O horário de entrada [de ex-alunos] é no final do período da manhã e no início do período da tarde. Nesse horário e principalmente fora desse período existe uma comunicação para a direção.
Com mensalidade de R$ 2.756, as aulas do Vértice são em período integral no terceiro ano do ensino médio. São 55 aulas semanais, de segunda a sexta-feira, de 50 minutos cada, mais um simulado aos sábados. A instituição existe há 34 anos.
Mudar as leis de segurança
O caso do massacre é pontual e não deveria servir de base para endurecer a legislação de segurança pública e de escolas no Brasil, na opinião de Adilson Garcia. A avaliação é a mesma do ex-ministro da Educação Cristovam Buarque (PDT-DF), atualmente senador.
O maior medo do senador é que as escolas se tornem cada vez mais fechadas. É importante que haja mais participação e integração das famílias no ensino, diz Buarque. Os colégios deveriam ser abertos todos os dias para os pais, e uma das prioridades deveria ser combate ao bullying e à violência entre os alunos e contra o professor.
A atuação policial nas escolas deve ser coordenada por uma central de inteligência maior, na opinião do parlamentar. Ele ressalta que é a favor de detectores de metais, mas como medida paliativa e não solução definitiva nos colégios.
- O fracasso do ensino é a escola ficar sob ocupação militar. Como fica a educação de um jovem que passa todo dia por um detector de metais?
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