Acabo de ler uma obra que todos seres humanos deveriam ler. Trata-se do livro Bullying - Mentes perigosas nas escolas, de autoria da jovem médica Ana Beatriz Barbosa Silva, pós-graduada em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, lançado pela Editora Fontanar. Antes que alguém imagine tratar-se de publicação motivada pela tragédia da Escola Municipal Tasso da Silveira, do Rio de Janeiro, no início do mês, o livro é de 2010, e traz estudo sério, baseado em pesquisas e casos verificados na óptica da psiquiatria, enfocando o problema que afeta os meios estudantis de todo o mundo, algo que alguns tentam minimizar como brincadeiras, até quando se perde a dimensão e casos explodem em manchetes de jornal, com histórias de violência extremas, normalmente assassinatos em série seguidos de suicídios.
É certo que todos os dias, quem sabe, milhões de crianças e jovens de todo o mundo são afetados pelo bullying, seja como vítimas ou como agressores, e há a tendência de então vítimas tornarem-se agressoras. A palavra de origem inglesa corresponde ao conjunto de atitudes de violência física ou psicológica (não é raro os dois modos andarem juntos) normalmente para ridicularizar, intimidar e humilhar vítimas, normalmente alunos considerados “diferentes” da turma, que deveria ser apenas amiga de escola. E a classificação de chamados “diferentes” pode ocorrer das formas mais variadas. Só para refletir: Madonna, Beckham, Tom Cruise , Bill Clinton e Steven Spielberg foram algumas das “vítimas famosas” de bullying.
Portanto, a fúria ou as humilhações podem se desencadear contra os mais inteligentes, os mais altos, os mais baixos, gordinhos, tímidos, os muito sensíveis ou frágeis. Também entram questões raciais, opção sexual ou religiosa, enfim, é tanta ignorância e rótulos que não levam em consideração o mais importante, ou seja, cada indivíduo é o que é, e, acima de tudo, todo ser vivo merece respeito. Então é difícil entender por que este respeito inexiste, principalmente entre seres humanos, diferenciados dos demais, justamente pela capacidade de raciocinar antes de seus atos.
Embora a maior parte da obra seja voltada para o que ocorre em escolas, a psiquiatra Ana Beatriz alerta todos nós sobre responsabilidades de cada para coibir tais atos. Aos pais cabe a tarefa de observar os filhos desde a tenra infância, pois podem apresentar características que indicam se terão eventuais papéis na tragédia do bullying, como agressores ou vítimas. A atitude responsável, com devidas orientações, pode evitar proliferação de novos agressores e vítimas. E a vigilância deve ser permanente, com profissionais da Educação, que muitas vezes também são vítimas ou praticantes de bullyng, observando e contribuindo para que não haja este tipo de situação em seu ambiente de trabalho.
Vale lembrar que professores atuam na vida dos seres humanos, principalmente na delicada passagem da infância para a adolescência, verdadeiro vendaval de transformações físicas e principalmente emocionais do individuo. E, não apenas no caso do bullyng, omissão em nada contribui para o fim dessa e outras epidemias sociais. Lavar as mãos nem sempre as deixa “limpas”. Temos exemplo clássico de omissão, que ocorreu há mais de 2 mil anos e que, principalmente entre os cristãos, não se esquece, e volta à tona nesta época da Semana Santa.
Sigamos, pois, alguns dos ensinamentos da doutora Ana Beatriz - mãos à obra: pais, professores, diretores, alunos e profissionais de quaisquer áreas de conhecimento. É importante identificar, sem subestimar, este tipo de violência e principalmente combatê-la. Quem sabe, assim deixaremos (algum dia) de nos chocarmos com novas tragédias e chorarmos mais mortes de inocentes, que só queriam o direito de todos os seres: viver e ser feliz.
Fonte: JB - por Edson Silva
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