O massacre ocorrido na última quinta-feira na escola no bairro do Realengo, no Rio, com 12 alunos mortos, levanta mais uma vez a questão do bullying, já levantada anteriormente quando ocorreram massacres semelhantes nos Estados Unidos.
Isso não significa que toda criança ou adolescente que seja espezinhado pelos colegas, por ser tímido ou fisicamente fora dos padrões, vá cometer um assassinato em série para se vingar de quem o maltratou, matando inocentes que nem sabem quem ele é.
Por outro lado, não dá para ignorar o depoimento de Thiago, na “Folha” de ontem, um ex-colega de Wellington, autor dos crimes, sobre como ele era tratado quando ambos estavam na 7ª série. Segundo Thiago, Wellington era “zoado” pela turma, principalmente pelas meninas. Na visão dele, as vítimas foram escolhidas a partir das semelhanças físicas com as meninas que estudaram com eles na época.: “A L., que falava direto pra ele: ´Sai daí, seu feio´, quando queria sentar em um lugar que ele estivesse ocupando, é idêntica a uma menina que ele matou”.
Mesmo que seja fantasia de Thiago essa afirmação, nem as escolas nem os pais devem ignorar situações em que a criança passa a ter um comportamento estranho, não querendo ir à aula porque está sofrendo bullying por parte dos colegas.
Nunca se debateu tanto a questão. Livros vêm sendo publicados, palestrantes estão indo a escolas falar sobre bullying, e as vítimas começam a perder o medo e a denunciar os maus-tratos sofridos. Se não se expressam, é muito pior, podendo reagir com violência mais além.
O diálogo familiar, a procura por ajuda de um profissional especializado, um psicólogo ou psiquiatra, e o cuidado para não ter armas em casa, pode evitar tragédias futuras, suicídio ou cenas de horror como as perpetradas por Wellington na última quinta-feira. E o que é dito em redes sociais também merece atenção.
Um comportamento estranho de uma criança ou adolescente deve acender o sinal de alerta de pais, professores, coordenadores de uma escola. Nada de deixar passar como se fosse algo sem maior importância. Para um parente, Wellington teria dito que pretendia cometer um atentado ao Cristo Redentor. Não dá para desconsiderar uma fala dessa natureza, por mais absurda que pareça. A partir de agora, ameaças desse tipo precisam ser levadas mais a sério para tentar prevenir tragédias que destroem vidas e traumatizam toda uma sociedade.
(O autor é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação. jaimeleitao@linkway.com.br)
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Prezados artistas,
ResponderExcluirMuito boa conduta moral, ética e humanista, parabéns a todos pela atuação cidadã.
Gostaria em um tempo oportuno retomar a postagem sobre o caso de Wellington de Realengo, vejo que são tantos os motivos e que a sociedade persiste em curar ao invés de prevenir.
Estou finalizando o curso de Pedagogia pela Faculdade de Educação do Estado de Minas Gerais – UEMG, tenho 37 anos e gosto muito de refletir e convidar pessoas a refletirem sobre quaisquer aspectos sociais.
Vejo que por mais que ajam especialistas no assunto que sejam realmente diplomados, há certo número que desconhecem a importância de serem co-responsáveis durante os diagnósticos, estigmatizam demasiadamente e os gestores públicos permanecem centrados em políticas eleitoreiras, enquanto isso a sociedade e os mais oprimidos são postos às margens do sentindo amplo de cidadania e dignidade humana. Irei retomar sobre tais perspectivas, dentre tantas outras que suscitarão.
Contatos: wwell.bernardino@yahoo.com.br
Msn: pedagogia.uemg@hotmail.com ( não o uso como e-mail, apenas diálogos)
http://apedagogiaentreodizereofazer.blogspot.com/ (quando posso rabiscos umas impressões minhas no blog)
Abraços fraternos,
Wellington Bernardino Parreiras
Wellington,
ResponderExcluirobrigado por sua participação em nosso blog, é importante.
Grande abraço
Mar´Junior - Cia Atores de Mar´