Escolas de JP realizam ações contra o bullying
Entre os tantos desafios já existentes na rotina escolar, o massacre de 12 crianças em escola do Realengo, no Rio de Janeiro, no último dia 7, por um atirador que foi aluno da instituição de ensino, expôs mais uma problemática: o bullying escolar. Em João Pessoa, a lei 11.381/2008 determina a criação de uma comissão voltada para trabalhar no combate ao bullying nas escolas municipais. De acordo com a Secretaria de Educação de João Pessoa (SME), nas 92 instituições de ensino da capital existem comissões voltadas para o trabalho preventivo, que em parceria com o Ministério Público, desenvolvem ações voltadas para evitar o aparecimento desse tipo de violência.
O termo não tem uma tradução exata para o português contudo identifica um tipo de agressão que pode ser física ou psicológica e que ocorre repetidamente com a intenção de ridicularizar, humilhar e intimidar suas vítimas. Perseguições, discriminações, chacotas, apelidos, agressões físicas, sexuais e morais, além de preconceitos, podem se enquadrar em situação de bullying desde que ocorra de forma repetida contra a mesma vítima. Entretanto, há diferença entre momento de agressividade ou uma briga do bullying. É preciso que pais e professores fiquem atentos para que possam fazer essa diferenciação.
Segundo a coordenadora do Projeto de Combate ao Bullying nas escolas da capital, Hedênia Teotônio de Farias, em cada escola municipal existe uma comissão voltada para desenvolver ações preventivas. A equipe é formada por psicólogos, assistentes sociais e pedagogos que procuram trabalhar com o tema da violência dentro das escolas.
Os profissionais participam de encontros mensais para aprofundar o conhecimento sobre o bullying. “Procuramos esclarecer a equipe pedagógica sobre a abrangência do termo bullying e conscientizar sobre medidas de prevenção, diagnóstico e combate”, revelou Hedênia Teotônio.Na ocasião, são ministradas palestras que contam com a participação do Ministério Público Estadual e de professoras e pesquisadoras da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) doutores no assunto.
As ações da SME começaram a ser desenvolvidas em 2008 e já mostram resultados positivos. Entre as ações concretas inseridas no cotidiano está a implantação de intervalos monitorados que visam evitar brincadeiras agressivas nas horas livres e trabalhar a cultura de paz nas escolas. Nos intervalos, os estudantes são incentivados a desenvolverem brincadeiras com jogos, como xadrez e damas, além de participar de atividades que envolvam a música.
As comissões também procuram trabalhar com cartilhas contra o bullying confeccionadas pelo Ministério Público Estadual e o Conselho Nacional de Justiça. Outra ferramenta é a criação de peças teatrais que abordam situações reais de bullying. A Escola Municipal Jornalista Luiz Augusto Crispim, no bairro dos Ipês, já ganhou um prêmio nacional com uma peça criada por alunos de 14 anos e a comissão de prevenção ao bullying. “Os alunos contaram na peça situações de bullying e fizeram com que o tema passasse a ser discutido por toda comunidade escolar”, contou Hedênia Teotônio. Na Escola Municipal Matias Freire, os alunos também fizeram um peça sobre o problema e apresentam o espetáculo para escolas da rede privada da capital.
De acordo com a coordenadora de assuntos jurídicos da secretaria, Sâmia Carvalho, não há registros de bullying nas escolas municipais. Contudo, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2009, revelou que 368 alunos do 9º ano do ensino fundamental (antiga 8ª série), afirmaram ter sofrido bullying na escola. A maior parte das vítimas tinha 14 anos e era do sexo feminino.
Para a promotora da Infância e Juventude da capital, Soraya Escorel, o grande desafio é convocar todos para trabalhar no incentivo a uma cultura de paz e respeito às diferenças individuais. “A ideia é envolver as famílias nesse processo. Ao poder público caberá a elaboração de políticas de conscientização, prevenção, diagnose e combate ao bullying, respeitando as medidas protetoras estabelecidas no Estatuto da Criança e do Adolescente”, afirmou. Os diretores de escolas podem ser responsabilizados caso descumpram a determinação de comunicar ao Conselhos Tutelares e ao MPPB casos de bullying escolar.
JP
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