sexta-feira, 27 de maio de 2011

Por medo, salas de aula ficam vazias após explosão em escola de Jundiaí

Após incidente na Cecília Rolemberg, poucos alunos apareceram na quinta-feira

Muitos alunos da escola estadual Cecília Rolemberg Porto Guelli não foram à aula na quinta-feira (26). O clima de tensão continua, devido à explosão de uma bomba no banheiro masculino que deixou quatro alunos feridos, na quarta-feira . Os estudantes estão com medo, mas para as mães a preocupação é ainda maior.

A dona de casa Lucimara Gonçalves está inconformada com o fato do aluno que soltou a bomba não ser expulso. Ela diz ter medo e não deixou sua filha Mayara, de 13 anos, ir para a aula ontem. A mesma atitude foi tomada por Vilma Martins Ferreira, que tem dois filhos estudando no Cecília, um de 13 e outro 14 anos. “Não vão para a aula de jeito nenhum, nem hoje, nem amanhã”, afirmou.

Atitudes como a dessas duas mães fez com que a frequência à aula fosse pequena. Na classe da aluna G.V.B., de 16 anos, apenas 6 dos 40 estudantes compareceram. Ela conta que o restante das salas também estava bastante vazio. “Todo mundo está se sentindo inseguro”.

O medo é que outra situação como esta venha a acontecer. As mães alegam que falta segurança na escola e apoiam até mesmo medidas extremas como revistar os alunos. “Este entrou com uma bomba. E se outro entrar com uma arma como tem acontecido em outros lugares? Pode acontecer coisa pior”, diz Lucimara Gongalves. Apesar de alegarem que é o normal, duas viaturas da Ronda Escolar da Polícia Militar permaneceram estacionadas em frente à escola estadual durante todo o dia.

Falta correção/A mãe e dona de casa Mara Luciana Picolo afirma que falta uma lei para regular atitudes de menores de idade. “Professor não pode corrigir aluno, diretor não pode corrigir aluno, nem mesmo nós pais podemos corrigir nossos filhos. Se damos um tapa já é ilegal”, afirma. Com um filho de 5 anos e outro de 9 anos que está prestes a entrar no Cecília, Mara não sabe o que fazer. “Ano que vem ele vai para lá, mas estou com medo”.

Pequenos por perto/As mães das crianças que estudam na escola municipal de educação básica Vereador José Pedro Raymundo também estão amedrontadas. A escola infantil fica ao lado da escola estadual Cecília Rolemberg, na Vila Rio Branco. “E se essa bomba tivesse sido explodida no banheiro da escola infantil? Tenho um filho pequeno que estuda lá”, afirmou dona Mara Picolo.

Estrondo/A estudante G.V.B. estava presente na hora da explosão. Segundo ela, mesmo com o rádio ligado com música alta foi possível ouvir o forte estrondo provocado pela bomba.


Violência preocupa as autoridades

A violência nas escolas de Jundiaí está assustando pais, alunos e autoridades. Para a psicóloga Carla Faccini Furlan, é preciso uma maior fiscalização nas unidades de ensino. "De uns anos pra cá, temos sentido que os adolescentes estão mais ativos e, nas escolas, não respondem bem a autoridade. Isso dá margem para uma liberdade maior e, com isso, há o abuso. É preciso uma maior fiscalização e punição nas unidades de ensino. Os professores ficam acuados com as ameaças e não conseguem impor limites", explicou.
De acordo com a Plan, organização não governamental voltada a defesa dos direitos da infância, 84% dos 12 mil alunos ouvidos em seis estados do Brasil classificaram seus colégios como "violentos".

Fonte: Bom Dia

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