Os conflitos, as inquietudes e os medos enfrentados pelos jovens no âmbito escolar foram debatidos ontem em um encontro no Galpão Crioulo do Palácio Piratini. Representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de acadêmicos e representantes de movimentos sociais, participaram do Governo Escuta, nome dado ao fórum, que, segundo o governador Tarso Genro, tem o objetivo de elaborar políticas públicas para o enfrentamento de problemas sociais. Neste encontro, o debate foi voltado à violência na escola.
A Secretaria da Educação (Seduc), através de seu titular, José Clóvis de Azevedo, destacou que a tarefa da pasta é fazer com que a comunidade escolar se mantenha articulada com a sociedade. "Juntamente com as instituições e as coordenadorias de ensino, estamos construindo comitês para articular projetos e mecanismos de coibir a violência em suas diferentes formas", explicou Azevedo.
O pesquisador e consultor da Unesco Marcos Rolim apresentou ao governo os principais desafios referentes ao bullying. Ele destacou que algumas pessoas estão banalizando o termo. "É bom definirmos que o bullying é um conjunto de agressões, intencionais e repetitivas, entre pares, marcadas por um desequilíbrio de poder muito comum nas escolas, causando angústia e sofrimento", resumiu.
A palavra é de origem inglesa, bully, que significa valentão. Esta prática, que muitas vezes não é conhecida ou revelada por quem sofre, vem sendo acompanhada por pesquisadores, com o objetivo de formular planos preventivos para que novas agressões não ocorram. Frequentemente, crianças e adolescentes vítimas de bullying acabam cometendo suicídio. Agressões físicas, insultos, intimidações, apelidos cruéis, acusações injustas, furtos, roubos, exclusão, isolamento e, mais recentemente, o cyberbullying, são algumas formas utilizadas pelos jovens na prática deste tipo de violência.
Rolim lembra que o fenômeno é universal e está presente em todas as escolas. "O problema enfrentado, na busca da solução, é que as pessoas se calam diante da intimidação. Parte das vítimas se torna autor, formando um ciclo de violência que se autorrealimenta", argumentou o pesquisador.
Em sua grande parte, o abuso se dá de forma física em meninos, e da maledicência em meninas. De acordo com Rolim, um levantamento apontou que em torno de 34% dos meninos e 27% das meninas sofrem algum tipo de bullying, esta uma média mundial. No Brasil, uma pesquisa feita pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia) indicou que, num universo de 5.875 entrevistados, 40,5% sofriam alguma agressão. O diretor da escola Padre Réus, Rui Guimarães, o coordenador-executivo da Central Única das Favelas no Rio Grande do Sul (Cufa/RS), Manoel Soares, e o professor da Ufrgs José Vicente Tavares também apresentaram suas reflexões.
Tarso concluiu a apresentação do Governo Escuta ressaltando a participação de diversos segmentos da sociedade na concepção de um trabalho preventivo. "Estamos todos juntos desenhando um programa de trabalho, que visa à prevenção e à reeducação nas escolas do Estado", disse. Uma campanha publicitária, que, de acordo com Tarso, não deve ficar apenas na mídia, deverá ser lançada no segundo semestre. "Foi um desejo meu que a primeira campanha publicitária (da gestão) fosse focada na educação e em suas diferentes vertentes", concluiu.
Fonte: Deivison Ávila/J. do Comércio
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