Especialistas das áreas jurídica, policial e sobretudo educacional defenderam nesta tarde (11/5), durante audiência na Assembleia Legislativa, o resgate da autoridade familiar como alternativa no combate à violência entre os jovens.
O assunto foi debatido na tarde desta quarta-feira, durante a audiência pública “Consciência Jovem – Segurança nas Escolas de Mato Grosso do Sul”, proposta pela deputada estadual Mara Caseiro (PTdoB).
Durante palestra, o promotor de Justiça Sérgio Harfouche (27ª Vara da Infância e da Adolescência) destacou a inversão dos papéis como um dos principais culpados na má formação do caráter dos jovens.
“Quem manda na casa não é mais o pai ou a mãe, é o filho, que ameaça chamar o conselho tutelar se não fizerem o que ela está pedindo. Sem contar com a vizinha abelhuda, que cuida da vida dos outros ao invés de cuidar dos próprios filhos. Na escola, quem tem voz e vez é o aluno, e não o professor”, disparou.
Para ele, outro agravante é a omissão do poder público na questão. “Um exemplo disso são as Uneis [Unidades Educacionais de Internação], que não conseguem baixar a taxa de 70% de reincidência. Não é possível reeducar quem nunca foi educado. Enquanto o poder público não se fizer presente cumprindo a lei, nada vai acontecer”, afirmou.
De acordo com o promotor, o Brasil saiu de um estado autoritário para a libertinagem, o que tem prejudicado a educação dos jovens e adolescentes.
“Se por um lado é ruim o autoritarismo, a libertinagem também é. Ela tem exterminado adolescentes, pois despreza os limites de segurança. Estamos produzindo uma geração inconseqüente, impune, descompromissada”, disse.
“Mães permitem que o um filho saia de casa para voltar a hora que quiser, e se vai falar alguma coisa, ainda toma um tapa na orelha. Isso tem trazido morte, porque esses adolescentes estão no lugar errado e na hora errada, e os pais não sabem”, complementou.
Titular da Deaij (Delegacia Especializada da Infância e Juventude), a delegada Maria de Lourdes Cano também reforçou esta tese.
“Pai e mãe tem que dar o abraço, mas também receber. É triste na nossa delegacia ter o contato com esses jovens e saber que eles estão totalmente perdidos, e que a culpa não é deles. Todos tiveram motivo para cometer infrações, ou por abandono, ou ausência, ou outro fator. Alguém lá atrás colaborou para que ele fosse um marginal”, discursou.
A secretária-adjunta de Educação do Estado, Cheila Vendrame, defendeu que é necessário um clima propício na escola para o aprendizado desses jovens.
“Precisamos abolir a violência, o bullying, o aluno precisa ter um clima propício para aprender. Mas célula-mater é a família. A função social da escola é ensinar”, disse.
Ruptura familiar - Durante discurso de abertura, a deputada Mara Caseiro afirmou que a desestruturação da família é um dos principais fatores causadores da violência infanto-juvenil.
“Pesquisas realizadas nessa área mostram várias causas, mas todas giram em torno da família. A desestruturação do casamento traz a ruptura familiar, que consequentemente produz no jovem um desajuste precoce. A ausência de vínculos afetivos gera introspecção, frieza e revolta. Sem carinho, a criança e o jovem cresce sem referências. Quem não aprendeu amor em casa, dificilmente levará amor à rua”, disse a deputada.
Outro fator abordado pela deputada como vilões neste contexto são as drogas, o álcool e alguns jogos eletrônicos.
“Os efeitos da exposição contínua à violência podem causar sérios danos psicológicos. E é toda essa problemática da juventude que devemos discutir para encontrarmos soluções concretas, elaborar projetos para a juventude do nosso Estado”, afirmou.
Participaram da audiência pública o promotor Sérgio Harfouche (Infância e Adolescênia), o juiz Danilo Burin, a secretária-adjunta de Educação do Estado, Cheila Vendrame, os deputados estaduais Marquinhos Trad (PMDB), Professor Rinaldo (PSDB) e Marcio Fernandes (PSDB), o presidente do Parlamento Jovem, Flávio Piccoli, a diretora da Escola do Legislativo, Clarice Maciel, a delegada titular de Infância e Juventude, Maria de Lourdes Cano e a coordenadora da AMA (Associação de Pais e Amigos do Autista), Euciane Silva, entre outras autoridades.
Fonte: MS Notícias
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário