Ao serem questionados sobre a presença cotidiana de "membros da comunidade escolar portando arma de fogo", 1.427 diretores de escola do país responderam "sim" no questionário enviado juntamente com a Prova Brasil, avaliação do Ministério da Educação. Eles representam 3% do total de dirigentes que preencheram o formulário.
Os dados foram obtidos a partir de uma tabulação feita pelo estatístico Ernesto Martins Faria com base nos microdados dos questionários da Prova Brasil 2007 -- os mais recentes disponibilizados pelo MEC (Ministério da Educação).
O maior percentual, por unidade da federação, está no DF onde 8% dos diretores disseram ser cotidiana a presença de armas de fogo no ambiente escolar. Em seguida, vieram os Estados Rio Grande do Sul (5,79%), Mato Grosso do Sul (5,08%), Mato Grosso (4,73%) e Roraima (4,24%). Essas taxas foram calculadas com base no total de questionários respondidos.
"Esse dado me traz uma preocupação por causa da palavra cotidiano, pois isso mostra uma certa impotência da escola", diz Ernesto Martins Faria. "O diretor vê frequentemente membros da comunidade escolar portando arma de fogo, provavelmente muitos menores de idade, e mesmo a escola identificando isso como um sério problema ela não consegue combater essa dificuldade".
No Colégio Estadual Benedito Lucimar Hesketh da Silva, em Goiânia (GO), a apreensão de armas de um estudante serviu de motivo para ampliar o debate sobre a violência na escola. No começo de abril, um aluno de 17 anos foi detido portanto duas armas e dez munições. Ele foi denunciado pelos colegas.
Segundo a secretária da escola, Elza Ferreira, apesar de estar na periferia da cidade, não são comuns casos de violência na escola, que conta com o apoio do Batalhão Escolar e da comunidade.
"No bairro, falta infraestrutura e lazer, o mesmo acontece dentro da própria escola. Mas, temos um diálogo aberto com a comunidade escolar. Os alunos que nos avisaram que um dos colegas portava uma arma", comenta a secretária da escola que possui atualmente 1.350 estudantes matriculados nos três turnos.
3% é muito?
Para pesquisador carioca, Mário Miranda Neto, a presença das armas na escola reflete a realidade fora de seus muros. "A escola não pode ficar infensa [não pode se opor] à dinâmicas sociais por mais que muitos pretendam isso", diz Miranda Neto.
A escola não é uma ilha de paz -- ela tem de ser compreendida como parte da comunidade em que está inserida. Faria cita que os dados de São Paulo apontam que "cerca de 10% da população costuma ver frequentemente pessoas que não são policiais armadas pela vizinhança".
Miranda Neto completa: "o percentual [relativamente baixo em relação à situação fora dos muros da escola], na verdade, mostra até um surpreendente respeito à escola". Se houve completa transparência na comunicação com o MEC.
Fonte: ESHoje Beta
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