As mudanças no comportamento do estudante foram os princípios indícios de que algo estava errado
Os pais de um estudante de apenas 10 anos denunciam que a criança sofre bullying dos alunos mais velhos na Escola Estadual Doutor Rubens Mercadante de Lima, em César de Souza. Desde o início do ano letivo, o garoto já foi agredido duas vezes de forma grave. Na última, bateu a cabeça depois de ser empurrado.
O menino se recusa a ir para a escola com medo de novos atos de violência. Os pais comunicaram o caso à direção da escola e à Diretoria Regional de Ensino, mas nenhuma providência foi tomada. As agressões ocorrem dentro do banheiro.
A mãe da vítima, Elaine Cristina de Oliveira, 29 anos, disse que o filho estudou durante os últimos anos em uma escola municipal e em 2011, quando passou para a 5ª série, foi transferido à instituição de ensino que iria se transformar no palco de mais um caso de bullying. "Ele estranhou a mudança, mas como alguns amigos dele também foram para lá, não nos preocupamos com a adaptação, até os problemas começarem", disse.
As mudanças no comportamento do estudante foram os princípios indícios de que algo estava errado. "Ele passou a reclamar das brincadeiras que aconteciam no banheiro. Dias depois apareceram as primeiras lesões no peito", disse a mãe. Os ferimentos tiveram origem porque os alunos da 7ª série, mais velhos que a vítima, apertavam o peito do aluno, imitando os personagens do programa Pânico na TV, da Rede TV!.
Com o aparecimento dos machucados, que tiveram como saldo uma grave inflamação, os pais procuraram a diretoria da escola. "Conversamos com eles e a promessa foi que o caso seria analisado e os agressores repreendidos, porém, os dias passaram e meu filho continuou sendo alvo dessas brincadeiras violentas", lembrou Elaine.
A segunda agressão grave, o empurrão e a lesão na cabeça, levaram os pais a procurarem a Diretoria de Ensino. "Fomos pedir a transferência para qualquer escola da cidade e a resposta foi que não havia vaga", contou a mãe da vítima. A situação preocupa os pais do aluno, que passaram a monitorá-lo ainda mais. "O medo de ir para escola é constante, porque as brincadeiras no banheiro continuam. Orientamos para ele ficar sempre próximo de um professor ou funcionário da escola e tentamos convencê-lo a ir às aulas, porém, não é fácil", descreveu Elaine. Ela contou que mesmo com os problemas, as notas do garoto continuam altas.
A Secretaria de Estado da Educação informou que a direção da escola por diversas vezes tentou reunir-se com os responsáveis, porém, somente na última quinta-feira foi procurada pelo pai do estudante. Após relatar o ocorrido, ele solicitou a transferência. Enquanto a direção providenciava, o pai desistiu do pedido. Uma equipe da diretoria regional enviará na próxima segunda-feira um supervisor até a escola a fim de reunir-se com os alunos envolvidos e funcionários para apurar o caso e tomar providências.
Discussão
Dois eventos nesta semana discutirão as causas e as consequências do bullying. O primeiro ocorrerá na próxima terça-feira, às 9 horas, no auditório da sede da Associação Comercial de Mogi das Cruzes (ACMC). O orientador pedagógico e mestre em Educação David Hornblas explicará o que é o termo, o histórico de violência, a origem do comportamento dos violentos, entre outros assuntos. A iniciativa terá como público-alvo mantenedores e educadores da cidade e integra o Programa Empreender.
No dia 12, às 19 horas, a Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) receberá professores e outras autoridades para um debate sobre o "Bullying - assédio moral escolar: visão jurídica e pedagógica", no Teatro Manoel Bezerra de Melo. O evento é gratuito e voltado aos professores da rede pública, advogados, promotores, juízes e acadêmicos.
Entre os participantes estará o professor de direito da UMC, Vitor Monacelli Fachinetti Junior. "Teremos uma discussão geral sobre a questão", resumiu. "Hoje, o termo está sendo banalizado, um exemplo claro foi aquele senador que tomou o gravador do repórter e depois disse que estava sendo vítima de bullying da Imprensa", disse o professor, se referindo ao senador Roberto Requião (PMDB-PR), que arrancou o gravador das mãos de um repórter da Rádio Bandeirantes depois de demonstrar contrariedade com uma pergunta sobre a aposentadoria que recebe como ex-governador do Paraná.
Fonte: Jornal Mogi News
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