Espaço adequado para funcionamento das unidades é um dos problemas.
Auxílio da comunidade para manter parque escolar é alternativa.
Escola Nossa Senhora de Fátima, em Jaboatão.
(Foto: Katherine Coutinho/G1)
A infraestrutura tem sido um dos maiores desafios das prefeituras e secretarias quando o assunto é educação, no Recife, em Jaboatão dos Guararapes
e em Olinda. Os problemas vão desde a estrutura física dos prédios até a
falta de espaços adequados para as escolas funcionarem, passando também
pelas consequências de assaltos e vandalismo.
Os gestores e secretarias fazem o que podem para driblar os problemas.
“Temos uma demanda muito grande, tanto de capinação quanto de serviços
de infraestrutura. Temos contratos para capinação, desratização.
Manutenção é algo constante, também temos uma empresa terceirizada só
para cuidar disso”, explica a secretária executiva de Educação de
Jaboatão, Edilene Soares.
Maria Letícia e a mãe em frente ao colégio Aníbal Varejão. (Foto: Katherine Coutinho/G1)
A menina Maria Letícia, 9 anos, sonha em ser aeromoça. Sabe que o
caminho não é fácil, mas o primeiro passo já deu. “Eu gosto de fazer as
tarefas, gosto de estudar”, conta. A mãe, a dona de casa Maria Luziara
Lopes, tem 26 anos e conseguiu estudar apenas até a antiga quinta série.
“Era muito difícil escola na minha época, para os meus filhos consegui
bem mais fácil”, lembra Maria. Ela quer que os filhos estudem, quer
vê-los com faculdade concluída ou ao menos o nível técnico.
Dos professores da escola Aníbal Varejão, em Jaboatão dos Guararapes, a
mãe de Maria Letícia não tem do que reclamar. A dificuldade atualmente é
a infraestrutura da escola onde os filhos estudam. “Quando chove, não
dá para vir, fica tudo alagado. Tem muito mato em volta, a escola
precisa também de um muro. Tem um espaço enorme aqui fora que não é
aproveitado”, diz a mãe.
Diretora mostra o problema da goteira em escola de Olinda. (Foto: Katherine Coutinho/G1)
A diretora Luciana Araújo, da Escola Isaulina de Castro Silva, em
Olinda, é só elogios para a equipe de professores. "Temos uma equipe
muito competente, dedicada aos alunos", conta orgulhosa. O telhado é que
tem gerado dor de cabeça para a gestora. “Falta de infraestrutura, esse
é o maior desafio que enfrentamos. As verbas são complicadas, não
chegam o suficiente para podermos ajeitar o telhado. A gente tem muito
problema de goteira. Colocamos isopor para tentar segurar um pouco a
água”, conta Luciana.
O secretário de Educação de Olinda,
Francisco Santos, sabe que os desafios não são poucos nessa área. “A
gente tem uma dificuldade em relação à infraestrutura das escolas.
Estamos fazendo o que podemos, mas precisamos de novas fontes, novos
recursos. Temos 44 escolas que funcionam em anexos, que precisam ser
substituídas. Mas precisamos fazer isso com qualidade, não adianta
apenas escola, é toda uma estrutura que é necessária”, afirma Santos.
Fachada da Escola Municipal Luiz Gonzaga, no
Recife. (Foto Katherine Coutinho/G1)
Moradora da Bomba do Hemetério, no Recife,
a gerente de salão de beleza Elza Helena tem duas escolas próximas de
casa. “Tem escola que a gente vê os problemas do lado de fora, nem
precisa entrar. Minha filha estudou numa sala improvisada enquanto as
obras não eram feitas”, conta Elza. Uma das escolas a que ela se refere é
a Luiz Gonzaga, que passa por reformas.
A manutenção do parque escolar faz parte das obrigações da Prefeitura e
também dos desafios. Mais do que construir novas escolas, é preciso
manter as condições das que já funcionam. “Esse é um dos nossos
desafios, manutenção é algo que tem que ser constante”, lembra Joana
D'arc, diretora de acompanhamento e avaliação educacionais da Secretaria
de Educação do Recife.
Comunidade
Uma das formas de manter as escolas são as parecerias com a comunidade e as ações de conscientização. “Os índices de violência ao patrimônio público têm diminuído bastante, a partir das ações dos programas Escola Legal, Escola que Protege e outras ações preventivas. As escolas ficam dentro das comunidades, os alunos moram em volta. Percebemos que há um respeito maior”, afirma Joana.
Uma das formas de manter as escolas são as parecerias com a comunidade e as ações de conscientização. “Os índices de violência ao patrimônio público têm diminuído bastante, a partir das ações dos programas Escola Legal, Escola que Protege e outras ações preventivas. As escolas ficam dentro das comunidades, os alunos moram em volta. Percebemos que há um respeito maior”, afirma Joana.
Escola Duarte Coelho envolveu a comunidade para vencer o problema da pichação.
(Foto: Katherine Coutinho/G1)
Há dez anos trabalhando na Escola Municipal Duarte Coelho, em Olinda, a
diretora Dionaura da Costa tinha um problema sério com pichação quando
assumiu a direção. “Nós fizemos um trabalho muito grande com a
comunidade. Trouxemos essas pessoas para dentro da escola. Temos uma
quadra boa de esportes, onde permitimos que eles jogassem, desde que
ajudassem. Colocamos os mais velhos para varrer”, conta Dionaura.
O debate constante com a comunidade tem dado certo. Problemas, sempre
surgem. “Escola muito certinha, sem problemas, é porque não tem aluno. O
gestor tem que ter um olhar empreendedor, as escolas precisam estar
sempre se atualizando. Olhava-se muito a educação como algo apenas
quantitativo, mas isso mudou. As pessoas precisam de opções iguais”,
defende Dionaura, que tem como um dos orgulhos na escola a biblioteca e a
recente sala de informática.
Entender a importância e significado da escola é essencial, acredita a
vice-diretora da Escola Cecília Meireles, no Recife, Vera Lúcia Alves.
“Fazemos campanhas em parceria com a comunidade. Eles precisam entender
que esse espaço aqui também é deles. É preciso que a comunidade se
envolva. A gente fala muito do futuro, mas não existe futuro sem
presente”, defende Vera.
Escola Cecília Meirelles contou com ajuda dos alunos para arborização e horta. (Foto: Katherine Coutinho/G1)
Uma das formas de incentivar essa participação foi a criação da horta e
da arborização da escola, que ocupa o atual prédio desde 2008. “Levamos
as crianças ao jardim botânico e a sementeiras do Recife. Tentamos
trazer um pouco da cidade aqui para dentro. Tínhamos quando chegamos
apenas palmeira imperial, hoje temos horta, flores, árvores”, conta
Vera.
Os desafios sempre existem, como, por exemplo, gerir uma verba que por
vezes é restrita e não supre todas as demandas que surgem. “É questão de
se organizar. As grades da escola quem fez foi um pai de aluno. O pai
de outro é marceneiro e vem instalar uma porta. Assim, a gente vai
levando e tudo se acerta. O maior desafio como gestor é sedimentar essa
relação entre escola e comunidade”, explica Vera.
Parceria
com a comunidade ajuda a manter a escola sem depredação. Escola Nossa
Senhora de Fátima, em Jaboatão, tem prédio novo. (Foto: Katherine
Coutinho/G1)
Uma comunidade que faz parte da escola ajuda, mas a supervisora escolar
Eugênia Gonçalves de Lemos, que trabalha há 17 anos na Escola Municipal
Nossa Senhora de Fátima, em Jaboatão dos Guararapes, é cuidadosa. “Não é
gaiola bonita que faz canário cantar. O prédio da escola está em boas
condições e a comunidade respeita a gente, mas dificuldades existem”,
afirma Eugênia.
A escola onde ela é supervisora tem espaço para as crianças brincarem e
salas temáticas para a educação infantil. A dona de casa Alexsandra
Terezinha conta que o filho de quatro anos, Riquelme, adora a escola.
“Um dia sem aula, ele já fica triste. Quer vir até no domingo”, conta a
mãe. “Aqui o aluno, brincando, aprende. Temos um quadro de professores
muito bom, mas na turma da alfabetização, por exemplo, são 29 alunos
para uma professora. O ideal é que fosse menos”, explica a supervisora
do Nossa Senhora de Fátima.
Outros desafios
Mais do que manter o parque escolar, as prefeituras têm o desafio de manter a qualidade do ensino oferecido, universalizar o acesso à escola para crianças de quatro e cinco anos e a alfabetização de todas as crianças até oito anos. "A gente precisa de qualidade, não adianta apenas escola. Você precisa de um bom quadro de professores, incentivar esses professores à formação continuada", pondera o secretário de Educação de Olinda, Francisco Santos.
Mais do que manter o parque escolar, as prefeituras têm o desafio de manter a qualidade do ensino oferecido, universalizar o acesso à escola para crianças de quatro e cinco anos e a alfabetização de todas as crianças até oito anos. "A gente precisa de qualidade, não adianta apenas escola. Você precisa de um bom quadro de professores, incentivar esses professores à formação continuada", pondera o secretário de Educação de Olinda, Francisco Santos.
Desenvolver junto a gestores, cobrar melhoria em indicadores como
aprovação, reprovação e evasão escolar são também pontos com que as
prefeituras lidam. "Temos o desafio de sempre melhorar esses
indicadores, trabalhar com metas, saber que existem responsabilidades da
escola e também da secretaria e os dois devem trabalhar juntos. A
escola não é de um prefeito ou de uma gestão, é da comunidade", ressalta
a secretária Edilene Gomes, de Jaboatão.
Democratizar a escola, tanto no acesso, como na gestão, é um dos meios
de conseguir não somente elaborar metas, como também cumpri-las. "Fórum
de gestores, implantação do comitê gestor, garantia de formação
continuada para a equipe gestora, fórum e formação dos Conselhos
Escolares, tudo isso faz com que a educação avance também", lembra Joana
D'arc, da Secretaria de Educação do Recife, destacando o planejamento
como uma das ferramentas para melhoria.
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