domingo, 16 de setembro de 2012

Gestores discutem bullying após denúncias de agressões em Uberaba

Família de um dos menores já acionou a Justiça.
Escola busca medidas pedagógicas para acabar com o problema.

Do G1 Triângulo Mineiro
 
Gestores de 18 escolas estaduais de Uberaba, no Triângulo Mineiro, participaram este mês de um treinamento em Belo Horizonte sobre bullying. Em uma das escolas da cidade, um garoto de apenas 11 anos sofre com a pressão dos colegas desde março, quando surgiram os primeiros apelidos. “Me chamam de Brad Pitt preto e olho de biloca. Já reclamei, mas não adianta”, contou a vítima, que revelou o caso para a vice-diretora e a diretora da escola.

Ao longo do tempo, as agressões evoluíram de palavras para ataques físicos. O adolescente, que teve a identidade preservada, disse que chegou a levar um chute de uma colega e precisou ser internado, como comprovou um exame de corpo delito. “Muita dor e revolta. Você pensa que está em 2012 e que não poderia acontecer isso dentro de uma escola que já foi referência”, lamentou a mãe do garoto, que já registrou um boletim de ocorrência.

Segundo o estudante, as ofensas também partem de uma professora. “Ela implica muito. Xinga e fala que eu não tenho vergonha na cara. Esses dias eu esqueci o lápis e ela disse que iria furar meu dedo para eu escrever com sangue. E é só comigo, só. Eu já perdi muita amizade, porque ficam com medo dela”, explicou, quase chorando.


caso não é isolado. Outro aluno, de apenas sete anos, também foi agredido por uma professora substituta. “Ele falou que essa pessoa o jogou contra a parede, onde ele chegou a bater com a cabeça. Eu procurei a direção da escola para comunicar o ocorrido”, revelou a mãe da criança. Tal situação levou a família à Justiça e uma ação ainda está em andamento.
 

Soluções
Quando os conflitos não são solucionados dentro da sala de aula, nem pela direção do colégio, as reclamações são encaminhadas para a Superintendência Regional de Ensino (SRE). Só neste semestre já foram feitas oito intervenções em escolas públicas de Uberaba. “A Superintendência ouve todas as partes e parte-se, daí, para um resultado. Um resultado com processo administrativo ou intervenções pedagógicas ou até mesmo intermediação de conflitos”, explicou o superintendente regional de ensino, Eduardo Fernandes Callegari.

O processo, no entanto, é demorado. E enquanto isso, a professora “processada” continua em sala de aula. “Se for designado e perceber que o erro partiu dele [professor], nós temos instrumentos legais para desligá-lo da escola. Quando é efetivo encaminhamos para Belo Horizonte para que seja instalado o processo administrativo”, ressaltou Eduardo.

No caso de bullying praticado por alunos, a orientação da Superintendência é pela intervenção pedagógica compatível com a agressão. Em alguns casos, até mesmo a transferência do agressor. A solução para diminuir o problema em uma escola do bairro Alfredo Freire foi transformar o assunto em tema de aula. O resultado é a conscientização dos alunos. “Depois desse projeto diminuíram demais as agressões verbais”, contou a diretora da escola, Maria da Graça.

Hoje, eles sabem que bullying é crime. Mas, um dia, já foram vítimas e personagens desta história. Na escola o problema acabou, mas nem sempre as marcas se apagam. “Crianças, adolescentes, ficam com traumas para o resto da vida. Questão de medo de certas situações, pois ele começa a ter medo de enfrentar, de não querer conversar com as outras pessoas por receio de elas também fazerem alguma brincadeira sem graça. Então, eles se excluem”, disse a pedagoga Eliana Freitas.

Já o primeiro estudante citado nesta matéria, disse o que espera do futuro:“Eles têm que aprender a me respeitar lá. Meus três irmãos estudaram lá e nunca aconteceu isso com eles”, finalizou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário