São imagens chocantes. A jovem é puxada pelos cabelos e derrubada. Enquanto está imobilizada no chão, ela leva vários chutes no rosto.
G1 - Bom Dia Brasil
Dois casos de briga e quebra-quebra em São Paulo, na última semana, chamam a atenção para a escalada da violência nas escolas. E uma das preocupações dos especialistas é que as agressões estão cada vez mais graves.
A violência é chocante, e por motivos absolutamente banais. Os alunos brigam entre eles e também destroem os prédios onde estudam. O Bom Dia Brasil procurou especialistas para tentar entender o que está acontecendo.
Os estudantes gravaram as imagens com o celular. São imagens chocantes. A jovem é puxada pelos cabelos e derrubada. Enquanto está imobilizada no chão, ela leva vários chutes no rosto. Só depois que as agressoras são contidas a jovem consegue se levantar.
A violência foi em São João da Boa Vista, no interior paulista. E não foi um caso isolado. Em Carapicuíba, na Grande São Paulo, uma estudante da sétima série foi agredida dentro de uma escola. O motivo seria uma rixa, que virou um bate-boca na internet e terminou em agressão.
Para a repórter Ana Brito, a adolescente, de 12 anos, disse que só não apanhou mais porque foi salva por uma professora: “Falaram que eu apanhei de mais ou menos 20 pessoas. Eu pensei que eu ia acabar desmaiando naquela hora, eu não estava mais agüentando de dor”, lembra.
Sabendo das ameaças, a mãe levava a filha à escola: “Isso não deveria acontecer dentro da escola. Dentro da escola uma criança ser linchada por muitos alunos é um absurdo”, lamenta a mãe da jovem.
O pesquisador do Núcleo de Estudos de Violência da USP afirma que não existem estatísticas para afirmar que o número de casos como esses esteja aumentando, mas ele acredita que a intensidade da violência certamente está. “A educação também pede de alguma maneira a aprender a lidar com limites, e esses limites não são claros e bem definidos, é como um jogo de futebol quando a regra não está clara. O que vale? Vale tudo? A escola, até pouco tempo atrás, era a escola para você ensinar conteúdo e não necessariamente para aprender limites. Limites, em tese, se aprenderia em casa. Mas hoje não é isso que está acontecendo”, afirma Renato Alves.
Nem sempre a violência acontece entre os alunos. Algumas vezes a própria escola, que é um espaço de crescimento, é escolhida como alvo dos adolescentes e até de crianças.
Na cidade de Luis Eduardo Magalhães, na Bahia, dois alunos menores de 12 anos incendiaram salas de aula e a biblioteca de uma escola. O motivo: eles souberam que seriam transferidos.
Outro caso de violência assustou a cidade de Goiânia. Vândalos colocaram fogo em uma escola municipal. Em São Paulo, os alunos de uma escola promoveram um quebra-quebra.
“Era por volta de 17h, eu tinha acabado de chegar dentro da escola e as crianças estavam no pátio. Até então, um dos inspetores ouviu um estouro, já falou: ‘Começou, começou a atiração de pedra’”, conta uma aluna.
Janelas foram quebradas e cacos de vidro cobriram o pátio. Sete estudantes, com idades entre 13 e 15 anos, foram levados para a delegacia. Eles prestaram depoimento e foram liberados.
O motivo do vandalismo ainda não foi esclarecido. Os alunos preferem não falar sobre a confusão. Mas reclamam das condições da escola. “Está muito abandonada. Se você for até o prédio, você vê a escola depredada, você vê fios expostos, tem sala de aula que caíram as portas e são poucos funcionários para fazer a manutenção da escola”, lamenta um aluno.
Outra mãe afirma que existe tráfico ao redor da escola. E diz que teme pelo filho. “Eu sou uma mãe que eu fico em cima, o pai dele fica em cima, a gente sabe o que o filho está fazendo. Fora, eu me responsabilizo. Dentro da escola, não tem como”.
Para o educador Mario Sergio Cortella, o afastamento entre pais filhos - comum nas cidades grandes - dificulta a transmissão de valores importantes para os jovens. E a violência que explode dentro da escola vem da realidade dos alunos. “Nada justifica, mas ela tem várias explicações. Uma dela é a sensação de que aquilo que é publico não tem proprietário. Em vez de ao contrário pertencer a quem usa, no caso, uma escola”, explica.
Sobre as denúncias de tráfico na escola estadual de São Paulo, a Secretaria de Educação disse que age em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública. Mas afirmou que não tinha registros dessas denúncias.
Já sobre a aluna agredida no interior do estado, a secretaria informou que a direção da escola acionou a ronda escolar e o conselho tutelar. No caso de Carapicuíba, duas alunas envolvidas na agressão à estudante receberam suspensão de três dias e o conselho de escola estudará outras medidas disciplinares. Três dias de suspensão parece pouco.
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