Da Reportagem
Em meio a recorrentes manifestações de bullying (atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos contra uma pessoa), um tipo de discriminação que passa despercebida, mas que muita gente vive, é aquela sofrida por quem tem um nome diferente, ou engraçado – ou engraçado justamente por ser diferente.
Às vezes, por falta de informação, pais e mães dão a seus filhos nomes de pessoas estrangeiras famosas, mas grafados erroneamente, como Uóshiton, Máicol e Dayanne – e mesmo que a pessoa acabe se acostumando com o nome, sempre sofrerá um certo constrangimento ao se apresentar ou mesmo preencher formulários.
A psicóloga Urbelina Fernandes Borges, de 65 anos, afirma que nomes diferentes causam mesmo desconfortos. Ela afirma que a maioria das pessoas opta por suprimir uma parte, já que os apelidos seriam mais aceitos na sociedade. Uma “Marcineide”, por exemplo, opta por apresentar-se apenas: “Neide”.
A médica pondera que qualquer diferença física também pode gerar desconforto e preconceitos. “Se um menino usa um cabelo comprido na escola pode se sentir discriminado. Crianças com nome diferentes tendem a esconder o nome e adotam apelidos para fugir das brincadeiras”, explica a profissional.
Ela também tem um nome diferente e diz que na infância as pessoas sempre diziam que ela era criança, mas tinha nome de adulto: Urbelina. A psicóloga afirma que com o tempo se acostumou e que hoje gosta do nome.
O jornalista Teonas de Meneses Moura é prova de que alguns preferem usar apenas uma parte do nome. Ele decidiu usar apenas Téo Meneses para o trabalho. “Quando me formei e comecei a trabalhar, eu tinha apenas 21 anos. Achei que Téo soaria melhor, mas hoje tenho segurança com os dois nomes e aprendi a gostar”, explica.
Ele diz que seu pai tinha um amigo com o mesmo nome e que, por isso, decidiu lhe prestar uma homenagem. No entanto, Téo brinca e diz que todos seus irmãos têm nomes diferentes, como Adoniram, Nathércia e Jotony. “Como todos nós tínhamos nomes estranhos, foi mais fácil superar as brincadeiras”.
A estudante Hustane Oliveira, de 22 anos, diz que não gostava do nome até entrar na adolescência e se sentir mais segura. Ela lembra que na escola nunca se sentiu discriminada, mas muitos colegas não entendiam seu nome, o que causava constrangimentos. “Eles colocavam apelidos em mim e brincavam, mas sempre levei na esportiva. Nunca me deprimi por isso”, pondera.
Hustane diz que sua mãe assistiu a um filme e gostou do nome de uma personagem, por ser uma princesa muito bonita.
Fonte: Diário de Cuiabá
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