segunda-feira, 15 de abril de 2013

Para onde a violência levará a escola pública?

Infelizmente já está se tornando rotina a leitura no JC, assim como em outros seus congêneres do Estado e País, de manchetes de violências de todos os tipos inimagináveis praticadas por alunos das mais variadas idades, tanto no ensino fundamental como no médio, nas escolas públicas. Violências físicas e materiais praticadas dentro, nas salas de aula, em outros ambientes e fora, todas elas sempre justificadas pelos agressores ao professor mediador, à direção, pais, Conselho Tutelar quando é o caso e à Diju (Delegacia de Polícia da Infância e Juventude). 

São inúmeros os casos de professores esbofeteados, humilhados e de certas agressões físicas graves que causam fraturas levando-os à hospitalização. Quase sempre são motivados por vinganças e retaliações contra os colegas, grupos e à própria escola quando impõe certas exigências ou regulamentos. Não se poderia falar de inconformismo por parte desses alunos agressores, mas de suas lideranças e tendências à desordem injustificada. O que ocorre, infelizmente, é a repetição em escala menor, da violência gerada na sociedade, não só brasileira, mas em todo o mundo, e que é noticiada, repetida e difundida via TV pela qual são influenciados e inspirados. 

É um malefício da globalização. É a eficiência da aprendizagem extraescola, extrafamília. Pois, pouquíssimos, raríssimos leem jornais. Tal fenômeno, o da violência, que ocorreu e ocorre, não na escola particular que tem os seus meios legais de bani-la, mas sim na escola pública ou oficial, que ainda não os tem, deveu-se à necessária e democrática universalização da escola, do ensino, e da educação determinada pelas leis maiores da educação nacional e que, em síntese, pode ter a seguinte tradução – todos os que nasceram e que vindos de fora vivem neste país têm o direito de acesso à escola. Obviamente e sem pretender ser pessimista, mas sim realista, devemos ter em mente que à medida que a violência crescer ou recrudescer na sociedade, tal realidade também acontecerá no universo escolar. Isto posto, entendo que, nas circunstâncias atuais e futuras, a violência dentro da escola, que ainda não está generalizada e nem tomou índices alarmantes não pode ter tratamento ou abordagem restrita à esfera escolar, educacional, isoladamente pelas escolas onde ocorre, mas que constitui um problema que transcende à mesma, é político-social. Tem que ser considerada e discutida por deputados, senadores, sociólogos, especialistas e outras forças vivas da sociedade brasileira por não ser um fato restrito à escola e ter influência fundamental e decisória no tão baixo nível de ensino do Brasil, um dos piores do mundo, abaixo de alguns países da América do Sul, mas principalmente no futuro da sociedade brasileira. Pontuo algumas realidades e indagações. O professor faz a sua parte, cumpre sua obrigação muito bem. Muitos, porém, têm medo de certos alunos. Na escola pública há excelentes e brilhantes alunos que querem aprender e muito prometem, mas que são prejudicados por desordeiros e pela violência decorrente. 

A proximidade escola-comunidade, tão necessária e propalada torna-se cada vez mais difícil porque hoje em dia quase ninguém tem tempo e o estresse predomina. Idem para o diálogo entre pais e filhos.

Está certo e soluciona o problema da violência a transferência compulsória de um aluno infrator para outra escola na mesma cidade onde certamente repetirá violências? Enfim, pode ser negada a este aluno a oportunidade de frequentar escola pelo seu comportamento indesejável ou será bom e necessário encaminhá-lo, dentro da própria escola a um tratamento concomitante especializado e diferenciado. Qualquer caminho ou alternativa que se queira tomar ou direcionar implica em necessidade de mudanças radicais, reestruturação e o mais difícil – dinheiro, pois, saúde e educação não se fazem sem isso. Gente competente para efetuar as mudanças necessárias e urgentes nós temos neste país. 

Prof. Joaquim Eliseo Mendes - Imóveis Rondon – membro efetivo da ABL – e-mail: joaquimemendes@gmail.com

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