Vanda Munhoz
O caso do aluno de 13 anos que ameaçou com um canivete colegas, funcionários e professores no Colégio Estadual Papa João XXIII, na última terça-feira, em Maringá, revela uma situação de violência que atinge grande parte das instituições públicas de ensino. Por dia, o Núcleo Regional de Educação (NRE) registra até 4 casos de violência em escolas estaduais, o que resulta em 88 ocorrências por mês só em Maringá.
Segundo Carlos Petronzelli, coordenador de Desenvolvimento Socioeducacional do NRE, considerando-se os outros 24 municípios da jurisdição do Núcleo, os números seriam maiores.
Ele explica que a incidência da violência é maior na 5ª e 6ª séries do ensino fundamental, mas todas as séries apresentam casos, inclusive envolvendo crianças (menores de 12 anos). Só em Maringá, o Núcleo é responsável por 34 escolas e quase 40 mil alunos.
No caso registrado terça-feira no colégio João XXIII, um policial e 5 funcionários da escola foram mobilizados para contar o estudante. "Ele é grande, tem 1,70m de altura e é muito agressivo. É a quinta confusão que ele arruma este ano. Ele toma remédios para conter problemas nervosos", conta um dos funcionários.
Alerta
"Se não tivermos mecanismos
para conter essa violência,
os casos continuarão ocorrendo"
Carlos Petronzelli
Coordenador do NRE
"Se não tivermos mecanismos
para conter essa violência,
os casos continuarão ocorrendo"
Carlos Petronzelli
Coordenador do NRE
A briga teria começado após um outro aluno não ter saído do caminho do agressor. "O menino disse que não sairia e o jovem então deu dois chutes nele", disse. Um inspetor tentou levá-lo à sala da direção. "Foi então que ele ficou agressivo. Chamamos um policial que cuida da escola para resolver a situação, mas o menino abriu o canivete e o ameaçou ", afirma.
Na sala da direção, o adolescente teria quebrado vários objetos, inclusive um computador. A Patrulha Escolar e o Samu foram acionados.
Segundo a delegada da Mulher, da Criança e do Adolescente, Emilene Locateli, foi registrado um boletim de ocorrência de ato infracional por ameaça.
O jovem será ouvido hoje à tarde pelo Ministério Público e pela Vara da Infância e da Juventude. "Provavelmente haverá uma medida socioeducativa, mas isso dependerá da decisão judicial", afirma.
Na avaliação de Petronzelli, a violência reflete a falta de limites em casa e na escola. "E se não tivermos mecanismos para conter essa violência, os casos continuarão ocorrendo", destaca.
Ameaça
Embora o boletim de ocorrência relate ameaça, o fato é negado pelo NRE e pela escola. Segundo a diretora do João XXIII, Meir Braga La Frazia, não houve ameaças por parte do estudante. "Ele nem mostrou o canivete para a criança com quem discutia. Nós descobrimos a arma na sala da direção, depois que alguém avisou, foi por acaso, não foi por causa do atrito com o outro aluno", relata.
A diretora confirma que o rapaz precisou ser contido durante o surto e que, por conta disso, um computador e outros objetos da sala caíram no chão. Na avaliação de Meir, o menino precisa de ajuda clínica e que, exceto esse problema, é um bom aluno, com boas notas e não se envolve com drogas.
O menino estuda no colégio há 4 anos e está na 8ª série do período da manhã. Segundo a diretora, ele pratica bullying contra outras crianças. A mãe dele, no entanto, teria afirmado que o filho é quem sofre bullying no colégio.O estudante foi suspenso por 3 dias.
O Conselho Tutelar (CT) diz que casos como esses, em que se trata de adolescente que teria cometido ato infracional, são encaminhados diretamente à Polícia Civil e à Justiça sem interferência do CT.
O Colégio João XXIII tem aproximadamente 1,5 mil alunos em três turnos do ensino básico.
Fonte: O Diário de Maringá
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