quarta-feira, 11 de julho de 2012

Jovens vítimas de “bullying” podem ter vida escolar e pessoal afetadas

Da Redação, por Erick Rodrigues

Psicóloga alerta para os sinais que os pais podem observar para identificar a prática

A prática de "bullying", modelo de violência física ou psicológica que acontece cotidianamente no âmbito escolar, pode apresentar efeitos prejudiciais à vida pessoal e escolar de crianças e adolescentes. Esse é o alerta feito pela psicóloga Deyseane Lima, mestre em psicologia, doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Ceará e membro do Núcleo Cearense de Estudos sobre a Criança e o Adolescente (NUCEPEC).

Segundo a psicóloga, as crianças e os adolescentes que sofrem bullying podem apresentar, no ambiente escolar, abandono, dificuldade de aprendizagem e relacionamento educando/educador. Já no âmbito pessoal, a prática pode provocar baixa auto estima, crise de identidade e fragilidade em relacionamentos afetivos, que pode se agravar em depressão, sentimento de vingança, e ideação suicida.

"Isso varia de cada sujeito, de acordo com a sua história de vida, das relações familiares e do contexto social", explica Deyseane.

Em muitos casos, as crianças e adolescentes que sofrem bullying não relatam aos pais o que está acontecendo. Para a psicóloga, isso se deve à falta de diálogo na família, vergonha dos colegas e medo do agressor.

"Também há incidência de comportamentos como diminuição das notas, dificuldade de concentração e atenção nas aulas, repetência, não sentir vontade de ir à escola, ficar isolado no recreio, tristeza, choro frequente, desânimo, dentre outros".

Sobre o tipo de auxílio ou aconselhamento que os pais podem procurar, Deyseane afirma que, inicialmente, os pais devem procurar os educadores da escola para dialogar sobre a situação de violência sofrida pelo filho e, assim, conversar com o agressor e seus pais. Um psicólogo escolar também pode ajudar realizando campanhas na escola de orientação aos pais, formação de educadores e prevenção do bullying.

Por fim, o profissional pode encaminhar a vítima e o agressor para um acompanhamento psicológico clínico. "É importante que o agressor também realize psicoterapia, pois este também apresenta transtornos psicológicos em sua vida pessoal, familiar e social, bem como para que este não faça outras vítimas", relatou.

Criminalização
No final de maio, uma comissão de juristas do Senado Federal aprovou proposta para que o bullying contra crianças e adolescentes praticado por pessoas maiores de 18 anos possa constar no Código Penal como crime, passível de pena que varia de um a quatro anos de prisão. A redação dos juristas ainda depende de votação do Congresso.

A psicóloga disse que a maioria dos atos de bullying são realizados por menores de idade que, muitas vezes, não sabem as conseqüências de suas ações na sociedade. "Estes responderão de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que, para crianças de até 12 anos de idade, não prevê punição mas sim uma orientação, que também é extensiva aos pais", contou Deyseane.

Em maiores de idade, há a imposição de medidas sócio-educativas como advertência, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida e internação. A psicóloga diz, no entanto, que a internação pode ser preocupante pois pode expor a pessoa ao contato com outros que cometeram crimes piores. Para ela, a medida mais eficaz é o processo educacional amoroso e dialógico, em prol de uma cultura de paz com os outros e com o mundo.

O bullying
Bullying é uma palavra inglesa que representa um modelo de violência física ou psicológica que acontece cotidianamente no âmbito escolar, que compreende um conjunto de comportamentos agressivos, repetitivos, intencionais e sem motivação aparente ocorridos entre os estudantes.

Ocorre com perseguições e segregação por características e gostos pessoais da vítima, de forma a menosprezá-la, e que não são condizentes com o perfil do agressor como por exemplo, por questões de classe social, tipo físico, gênero, etnia, espiritualidade e orientação sexual.

Fonte: Je Online

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