* Por Claudio Paris
O termo bullying é de difícil tradução para o português, pois Bully, em inglês, tem significado próximo ao nosso "valentão", originado de Bull (touro), na sua designação literal. Dessa forma, bullying pode ser entendido como "intimidação", "humilhação" ou "sofrimento". Deixando à parte o estrangeirismo, a palavra cyberbullying foi escolhida por nós para designar um certo fenômeno, ainda pouco compreendido por especialistas, de uma violência originada muitas vezes sem intenção para tal. Apesar disso, ele resulta na vitimização da criança ou do jovem, causando-lhe sofrimento, perturbação e consequências danosas, tendo em vista que ele é incapaz de se defender contra essa modalidade de agressão na esfera virtual, o mundo www.
O termo bullying é de difícil tradução para o português, pois Bully, em inglês, tem significado próximo ao nosso "valentão", originado de Bull (touro), na sua designação literal. Dessa forma, bullying pode ser entendido como "intimidação", "humilhação" ou "sofrimento". Deixando à parte o estrangeirismo, a palavra cyberbullying foi escolhida por nós para designar um certo fenômeno, ainda pouco compreendido por especialistas, de uma violência originada muitas vezes sem intenção para tal. Apesar disso, ele resulta na vitimização da criança ou do jovem, causando-lhe sofrimento, perturbação e consequências danosas, tendo em vista que ele é incapaz de se defender contra essa modalidade de agressão na esfera virtual, o mundo www.
Com a utilização massiva da internet, o cyberespaço se interpõe ao
espaço escolar, ocupando importante papel no processo de desenvolvimento
psicossocial de crianças e adolescentes. Os sites de relacionamento,
como Twitter, e as redes sociais, como Facebook e Orkut, são apenas
plataformas para se estabelecer vínculos virtuais. Na sociedade
contemporânea, adolescentes e crianças criam suas redes sociais, em
grande parte das vezes, na escola. Daí, tais redes migram, quase que
instantaneamente, para o espaço virtual, reverberando vários aspectos do
âmbito escolar, em especial a violência.
Nessa perspectiva, surge a maioria dos casos de cyberbullying, ou seja, o
bullying praticado no cyberespaço. E a violência utilizada no mundo
virtual reflete aspectos das práticas desse fenômeno no mundo real:
sofrimento e humilhação da vítima e incapacidade de se defender das
agressões.
Na escola, os agressores são facilmente identificados e confrontados
pela autoridade escolar vigente, quando há denúncia da sua prática. Já
nessa "perturbação online", isso é muito mais complexo, pois seu autor
pode criar um perfil falso, uma comunidade do Orkut ou página de
Facebook anônima, tornando seu combate muito mais difícil.
A crescente escalada do bullying e do cyberbullying, segundo
especialistas, está ligada a uma cultura individualista e competitiva,
que marca o advento da sociedade contemporânea. E o combate a esses
fenômenos será tão mais exitoso quanto maior for a interferência dos
variados protagonistas do espaço escolar: pais, professores, gestores e
comunidade em geral.
Como professor fundador de um colégio em Ribeirão Preto (SP), passei por
uma interessante experiência. O grupo de teatro da escola, composto por
professores e alunos, teve a iniciativa de organizar um projeto para
despertar a atenção para o problema do bullying.
Para isso, criou uma apresentação que culminou com um vídeo e uma
performance polêmica. Sem aviso prévio, os alunos membros do grupo
assistiram a aulas com vários dizeres pintados na testa: “burro”,
“nerd”, “retardado” etc. No dia seguinte, substituíram as palavras por
“tolerância”, “convivência” e “respeito”, entre outros, seguidos de um
testemunhal em cada sala, convidando os demais colegas da escola a
assistirem sua apresentação e se engajarem no combate a essa prática.
De acordo com a especialista Rosely Sayão, “o verdadeiro bullying só acontece em situações em que os mais novos se encontram sem a companhia e a tutela de adultos, sem ainda ter condições para tal. Caro leitor: se você tem filhos, não os prive da companhia de colegas diferentes no comportamento. Esses relacionamentos, mesmo conflituosos, são verdadeiras lições de vida para eles que aprendem a criar mecanismos de defesa e, principalmente, a reconhecer as situações em que precisam pedir ajuda”.
É por isso que defendo o estímulo à convivência com o diferente, a construção de práticas solidárias e o saber olhar para o outro. Isso pode ser praticado por meio do exercício da cidadania, de práticas esportivas e manifestações artísticas. Todos eles colaboram para fortalecer a solidariedade e o respeito mútuo, criando condições para reduzir as práticas de cyberbullying.
(*) Claudio Paris é licenciado em Ciências e Biologia e pós-graduado em Educação pela Universidade de São Paulo (USP).
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