Esta medida – extrema e polêmica – será adotada pelo governo na Grã-Bretanha, mas já está acontecendo em particular com famílias que se declaram incompetentes para educar os filhos. Será um laboratório: 50 mil pais e mães de classe média, com filhos de menos de cinco anos, ganharão do governo um voucher de 100 libras (R$ 275) para financiar aulas… sabe para quê? Para entender sua função no mundo ao dar à luz uma criança.
O primeiro-ministro inglês, David Cameron, está preocupado com a “decadência moral”, a falta de valores em crianças e jovens. A preocupação se acentou quando houve em agosto em Londres aqueles distúrbios de rua, apedrejamentos de lojas e destruição de patrimônio público, capitaneados por gangues de jovens e adolescentes.
O que esses pais vão aprender na sala de aula? A disciplinar seus filhos, a se comunicar com seus filhos e a administrar direito os conflitos dentro de casa, sem violência mas com autoridade. Além disso, terão que entender como passar para suas criancinhas um código de valores morais.
Acho tudo isso dramático e triste. Se acontece em países desenvolvidos onde a educação é muito melhor, imaginem no Brasil. Não se pode nem culpar a profunda desigualdade social em nosso país. Em São Paulo, nesta madrugada, um rapaz de 20 anos atropelou, embriagado, três trabalhadores que estavam num ponto de ônibus. Ele não tem carteira de habilitação, era 5h30 da manhã, ele tinha tomado três doses de uísque e alegou na delegacia ter apanhado o Honda Civic sem autorização da família. Difícil de acreditar. Por ironia, uma das vítimas trabalha como barman numa casa noturna: “Fico servindo esses playboys que se enchem de cachaça e uísque e depois um deles vem e me atropela”. Um dos atropelados corre o risco de amputar uma perna. No Brasil, além da contribuição dos pais para a falta de educação, existe a impunidade da lei para os riquinhos.
Na Inglaterra, a atriz Helena Bonham Carter (na foto que abre este post) admitiu que está “fazendo um curso para aprender a ser mãe” de seus dois filhos. Ela disse ao jornal Daily Mail: “Estou tendo aulas de maternidade. Nunca ninguém me ensinou o que devo fazer. É muito mais difícil do que ser atriz”.
E é mesmo. É difícil à beça educar. Vivemos cometendo erros, mas é preciso saber o essencial, não? Para mães pobres e abandonadas pelo marido, que trabalham o dia inteiro e precisam deixar a criança sozinha ou com uma babá analfabeta ou ainda com uma irmã ou irmão com um pouquinho mais de idade, numa comunidade que convive diariamente com a violência, eu diria que é uma tarefa acima de suas possibilidades.
Mas, como se vê, o problema transcende classes sociais e até mesmo o grau de desenvolvimento de um país. No ano que vem, o esquema de “educar pais para educar filhos” será testado em várias regiões da Inglaterra e no bairro londrino de Camden, durante dois anos, a um custo de 5 milhões de libras (R$ 13 milhões) para os cofres públicos.
Se der certo, o programa será ampliado para todo o país. Segundo a ministra da Infância Sarah Teather, “especialistas confirmam que os primeiros cinco anos de uma criança são decisivos para seu futuro, sua saúde, seu desempenho escolar e perspectivas profissionais”.
O mais importante, diz a ministra, é ter consciência de que esses cursos não se destinam apenas a “famílias-problema”. Da mesma forma que as mulheres se procupam com o pré-natal, deveriam recorrer a orientação profissional quando percebem que não estão conseguindo educar os filhos como gostariam, sem impor limites, produzindo involuntariamente crianças mimadas que batem, gritam, xingam. “É dever social e moral do Estado ajudar os pais nesse momento crítico”, diz a ministra.
Os maiores focos do curso serão: como estimular bom comportamento e administrar conflitos em casa, e como garantir que pai e mãe trabalhem juntos como um time, sem criar confusões na cabecinha infantil. E também demonstrar como é gratificante cumprir a rotina e a disciplina, além de se comportar seguindo regras de respeito ao próximo. Um dos problemas mais graves é o alcoolismo juvenil.
O deputado do Partido Conservador Philip Davies afirmou: “Não há dúvida de que há muitos adultos por aí que não estão aptos a ser pais. Mas não acredito no sucesso dessa iniciativa do Estado para transformar as pessoas”. Nick Seaton, que trabalha na Campanha para a Educação Real, concorda que há muitos pais que precisam ser orientados e aconselhados sobre a educação dos filhos. “Mas estou convencido de que quem realmente precisa de cursinho não irá procurar o Estado”.
E você, o que acha? Você se considera um bom pai, uma boa mãe? Ou precisa de umas aulas porque perdeu o controle da educação? Como reverter a indisciplina e a decadência moral e de valores? O Estado deve intervir? As escolas fazem seu papel? Sempre foi assim ou piorou?
O primeiro-ministro inglês, David Cameron, está preocupado com a “decadência moral”, a falta de valores em crianças e jovens. A preocupação se acentou quando houve em agosto em Londres aqueles distúrbios de rua, apedrejamentos de lojas e destruição de patrimônio público, capitaneados por gangues de jovens e adolescentes.
O que esses pais vão aprender na sala de aula? A disciplinar seus filhos, a se comunicar com seus filhos e a administrar direito os conflitos dentro de casa, sem violência mas com autoridade. Além disso, terão que entender como passar para suas criancinhas um código de valores morais.
Acho tudo isso dramático e triste. Se acontece em países desenvolvidos onde a educação é muito melhor, imaginem no Brasil. Não se pode nem culpar a profunda desigualdade social em nosso país. Em São Paulo, nesta madrugada, um rapaz de 20 anos atropelou, embriagado, três trabalhadores que estavam num ponto de ônibus. Ele não tem carteira de habilitação, era 5h30 da manhã, ele tinha tomado três doses de uísque e alegou na delegacia ter apanhado o Honda Civic sem autorização da família. Difícil de acreditar. Por ironia, uma das vítimas trabalha como barman numa casa noturna: “Fico servindo esses playboys que se enchem de cachaça e uísque e depois um deles vem e me atropela”. Um dos atropelados corre o risco de amputar uma perna. No Brasil, além da contribuição dos pais para a falta de educação, existe a impunidade da lei para os riquinhos.
Na Inglaterra, a atriz Helena Bonham Carter (na foto que abre este post) admitiu que está “fazendo um curso para aprender a ser mãe” de seus dois filhos. Ela disse ao jornal Daily Mail: “Estou tendo aulas de maternidade. Nunca ninguém me ensinou o que devo fazer. É muito mais difícil do que ser atriz”.
E é mesmo. É difícil à beça educar. Vivemos cometendo erros, mas é preciso saber o essencial, não? Para mães pobres e abandonadas pelo marido, que trabalham o dia inteiro e precisam deixar a criança sozinha ou com uma babá analfabeta ou ainda com uma irmã ou irmão com um pouquinho mais de idade, numa comunidade que convive diariamente com a violência, eu diria que é uma tarefa acima de suas possibilidades.
Mas, como se vê, o problema transcende classes sociais e até mesmo o grau de desenvolvimento de um país. No ano que vem, o esquema de “educar pais para educar filhos” será testado em várias regiões da Inglaterra e no bairro londrino de Camden, durante dois anos, a um custo de 5 milhões de libras (R$ 13 milhões) para os cofres públicos.
Se der certo, o programa será ampliado para todo o país. Segundo a ministra da Infância Sarah Teather, “especialistas confirmam que os primeiros cinco anos de uma criança são decisivos para seu futuro, sua saúde, seu desempenho escolar e perspectivas profissionais”.
O mais importante, diz a ministra, é ter consciência de que esses cursos não se destinam apenas a “famílias-problema”. Da mesma forma que as mulheres se procupam com o pré-natal, deveriam recorrer a orientação profissional quando percebem que não estão conseguindo educar os filhos como gostariam, sem impor limites, produzindo involuntariamente crianças mimadas que batem, gritam, xingam. “É dever social e moral do Estado ajudar os pais nesse momento crítico”, diz a ministra.
Os maiores focos do curso serão: como estimular bom comportamento e administrar conflitos em casa, e como garantir que pai e mãe trabalhem juntos como um time, sem criar confusões na cabecinha infantil. E também demonstrar como é gratificante cumprir a rotina e a disciplina, além de se comportar seguindo regras de respeito ao próximo. Um dos problemas mais graves é o alcoolismo juvenil.
O deputado do Partido Conservador Philip Davies afirmou: “Não há dúvida de que há muitos adultos por aí que não estão aptos a ser pais. Mas não acredito no sucesso dessa iniciativa do Estado para transformar as pessoas”. Nick Seaton, que trabalha na Campanha para a Educação Real, concorda que há muitos pais que precisam ser orientados e aconselhados sobre a educação dos filhos. “Mas estou convencido de que quem realmente precisa de cursinho não irá procurar o Estado”.
E você, o que acha? Você se considera um bom pai, uma boa mãe? Ou precisa de umas aulas porque perdeu o controle da educação? Como reverter a indisciplina e a decadência moral e de valores? O Estado deve intervir? As escolas fazem seu papel? Sempre foi assim ou piorou?
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