Considerada uma referência escolar em disciplina na educação estadual, o Colégio Militar de Palmas
- Ser professor não é simplesmente ir até a unidade de ensino onde atua, parar em frente à classe e transmitir informações sobre a matéria na qual é especializado. Ser professor é, sim, uma espécie de missão de vida, pois cabe ao educador semear os conhecimentos gerais no cotidiano dos alunos e, de igual forma, enraizar os positivos valores nas práticas sociais de cada um deles. Em uma atual realidade onde problemas disciplinares praticados por alunos, geralmente por razões sociais, têm sido registrados não só no Brasil, mas, também, em diversos outros países, inclusive nos considerados do “primeiro mundo”, os professores têm demonstrado comprometimento ferrenho com o objetivo a eles imposto por inerência profissional, e buscado, assim, ensinar aos adultos-do-amanhã mais do que os livros escolares possuem: humanismo e cidadania.
Exemplo deste risco de estar sujeita a indisciplinas, inerentes à missão de educar, vem de uma professora de uma escola estadual de tempo integral da região Sul de Palmas, que prefere não revelar a própria identidade para evitar maiores transtornos, tendo em vista que, recentemente, ela foi vítima de agressões verbais por parte de um estudante, conforme ela mesma explica. “Eu sempre fui muito aberta ao diálogo, por isto fiquei chocada quando fui xingada por um dos meus alunos, que passou a me confrontar e me agredir verbalmente de maneira constante. Isto me gerou muita insegurança, principalmente porque o limiar entre este tipo de violência e a física é muito curto”, destaca a educadora, que há 16 anos atua na área.
Ainda de acordo com a professora, problemas como este experimentado por ela não ocorrem necessariamente por má índole do aluno, porém, muito mais como suposta consequência do ambiente conturbado onde ele vive, cabendo aos educadores identificar esta possibilidade e orientar os envolvidos. “As escolas não devem ser apenas conteudísticas; devem, também, transmitir valores humanos, principalmente aqueles referentes ao convívio harmonioso entre pessoas de diferentes realidades. Por isto devemos reforçar a conscientização, a orientação de conduta, até mesmo a partir dos profissionais do serviço social e de psicólogos, pois os estudantes agressivos, muitas vezes, não têm uma firme referência de família e são frustrados por não terem vínculos afetivos mais fortes, buscando uma auto-afirmação pela força, pelo medo. Desta forma, entendo que um caso de violência na escola não é só um problema educacional, mas, também, social, e, assim o sendo, deve ser resolvido no ambiente escolar e no comunitário, com o auxílio dos familiares”, aponta a professora.
Os três pilares para bem formar os alunos
Técnica de Assessoria Estatística Educacional da Secretaria Estadual da Educação (Seduc) e psicopedagoga, Carmem Lúcia Sousa Santos Fonseca acredita que os valores humanos positivos devem ser trabalhados com os estudantes desde as séries iniciais, e que casos de indisciplina devem ser analisados de maneira aproximada, fazendo uso de três pilares básicos que favorecem a boa formação dos alunos.
“Uma vertente da psicopedagogia prega que até os sete anos de idade as pessoas mantêm uma janela aberta para formar o próprio caráter, por isto a família é fundamental para dar base a esta formação, e a escola tem uma grande importância complementar no firmamento destes bons princípios. Depois de mais velhos, as crianças e os jovens em idade escolar têm de conviver com novos conceitos, como os de respeito, troca social, tomadas de decisão, mas nem todos seguem isto tão facilmente, sendo automaticamente discriminados onde estudam, enquanto, na realidade, eles deveriam ser acolhidos, para que pudessem expor as aflições que os levam a agir daquela forma, às vezes agressiva, podendo isto ser apenas uma prática de autodefesa. Para amenizar estes problemas, os educadores devem procurar defender os alunos com base em três pilares, que são o do ‘diálogo’, que permite que o aluno se posicione, apresente a própria versão do fato; a do ‘conhecer o ambiente familiar’, que possibilita identificar possíveis desvios de conduta por má-educação; e o da ‘aceitação’, que evita negativar as ações e medidas de correção, eliminando a utilização do ‘não faça!’ em detrimento do uso do ‘por que faz?’, buscando entendê-lo e, principalmente, mostrar a ele o quanto é capaz de colaborar para deixar o mundo ainda melhor”, explica Carmem Fonseca.
Exemplo de unidade disciplinadora
Considerada uma referência escolar em disciplina na educação estadual, o Colégio Militar de Palmas se atém à formação cidadã dos alunos, conciliando as atividades acadêmicas com o estabelecimento de funções de responsabilidades diversas a eles, o que naturaliza o ensino de determinados princípios, como detalha o coordenador disciplinar da unidade Heitor José Costa Lins, capitão da Polícia Militar. “A nossa unidade segue as normas do regimento geral estabelecido pela Seduc para todas as demais escolas. O nosso diferencial é a maneira como lidamos com a disciplina, inclusive com a existência de uma coordenação disciplinar, o que descentraliza esta responsabilidade da direção escolar, facilitando ações mais aproximadas e pontuais, pois cada aluno tem uma ficha que aponta os elogios e as falhas que eles comentem diariamente, e damos igual atenção a ambos os pontos. Além disto, todo estudante recebe diferentes tarefas ao longo do ano letivo, atuando como chefe de turma, assessor de limpeza, assessor pedagógico, assessor disciplinar, e outras sete funções que passam aos alunos conceitos básicos sobre liderança, organização, coletividade, responsabilidade e, essencialmente, sobre cidadania. Os acompanhamentos são individualizados e têm rendido bons resultados; nos poucos casos de insucesso, nós convocamos os pais e procuramos, conjuntamente, entender o porquê da postura irregular do aluno, o que ajuda muito, também, no alcance dos nossos bons índices disciplinares”, conclui o capitão.
Foto: Manoel Lima Fonte: Marcus Mesquita Postador: Surgiu Redação
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