domingo, 30 de outubro de 2011

Violência escolar: 30 casos na Justiça só em São José

Violência na escola
Tião Martins

O VALE apurou seis ocorrências nas duas últimas semanas; professores e alunos sofrem ameaças
Filipe Rodrigues
 

São José dos Campos

Estimativa do Ministério Público revela que em 2011, 30 casos de violência escolar foram parar na Justiça em São José dos Campos.
 

Apenas os casos de violência -- física ou moral -- mais graves que não são resolvidos pelos programas de mediação criados em escolas são encaminhados para a Vara da Infância e Juventude
Segundo as secretarias de Educação do Estado e de São José, não há dados oficiais sobre casos de violência em escolas.
 

No entanto, só nas últimas duas semanas, O VALE teve conhecimento de pelo menos seis casos em escolas particulares, estaduais ou municipais de São José.
 

As vítimas foram tanto professores quanto alunos. “As causas sociais e os problemas familiares têm grande peso para a inclusão da violência entre os jovens”, analisa a psicóloga Ana Cristina Araujo do Nascimento (leia entrevista na página).

Casos.
A dona de casa Nara Rúbia, 40 anos, teme pelo aprendizado do filho de 11 anos, que está na 6ª série da Escola Municipal Mercedes Carnevalli Klein, na zona sul.
 

Segundo ela, o rapaz sofre preconceito de alunos mais velhos e, recentemente, passou a chegar em casa com hematomas. Os ferimentos vieram junto com a mudança no comportamento.
 

“Ele chegava em casa calado e não queria falar sobre esses ferimentos. Um dia, pressionei e ele me contou que estava apanhando de alunos mais velhos.”
 

Situação semelhante houve com uma jovem de 15 anos, da Escola Estadual José Vieira Macedo. 
No rosto, ainda há as marcas de unha provocadas por uma rival no dia 20 de outubro.
 

“Fui conversar com uma amiga. Ela disse que não gostava de mim e me deu um arranhão. Depois puxou meu cabelo e deu um tapa na minha cara”, afirma.

Professor.
Há duas semanas, uma professora de uma escola estadual da zona norte pediu para que um jovem de 15 anos prestasse mais atenção na aula. Como resposta, o rapaz ameaçou colocar fogo na moto da professora.
 

Assustada, a mulher registrou um boletim de ocorrência, que é apurado pela Delegacia da Infância e Juventude.

Ajuda.
Estes tipos de caso no são comuns, segundo Rogério Bastos, do Conselho Tutelar. A média é de uma denúncia por dia de violência em escolas.
 

“Nosso trabalho é zelar pelo direito do menor. Quando há a denúncia, ouvimos as partes. A partir disso, tomamos a medida mais adequada”.
 

Segundo ele, a agressividade pode ser fruto de uma má educação ou alguma doença, que precisa de tratamento.
 

“Quando há necessidade de tratamento, acompanhamos as consultas. É necessário saber se os pais estão incentivando o tratamento.”

Justiça.
Quando qualquer medida é tomada, a Vara da Infância e Juventude é acionada. O Ministério Público segue o caso e se as soluções não derem certo, a promotoria pode pedir medidas mais drásticas.
 

“Em alguns casos, a violência escolar se torna um ato infracional. A partir daí, são necessárias medidas mais firmes, como a liberdade assistida, por exemplo”, diz a promotora Silvia Máximo.
 

Quando os pais têm participação na agressividade do jovem e não incentivam o tratamento, eles podem até perder a guarda do filho.


Secretaria aposta em programa
São José dos Campos
 

Como forma de coibir conflitos e incentivar uma convivência pacífica entre alunos e professores, São José aposta no programa ‘Justiça Restaurativa’, criado em 2010 pela Secretaria de Educação.
 

O programa atende 20 das 43 escolas de Ensino Fundamental da prefeitura e conta com políticas tanto para prevenir os conflitos, como também para remediá-los.
 

Segundo Mariusa Gasparino Romano, coordenadora do projeto, a ideia é juntar as partes conflituosas e encontrar uma solução pacífica. Os casos abordados nos encontros são indisciplina, discussões entre aluno e professor e brigas entre estudantes.
 

Semanalmente, também há círculos nas salas de aula em que os problemas apontados pelos professores são debatidos. Em algumas reuniões, os pais também participam.
 

Os mediadores são voluntários que recebem treinamento específico para isso.
 

Por nota, a Secretaria de Educação do Estado afirma que tem professores-mediadores em todas unidades de ensino da cidade. Eles são treinados para resolver conflitos.

Fonte: O Vale 

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