Delegado que investiga crimes virtuais disse que registros de casos desse tipo de crime não têm aumentado no Estado de Alagoas
Carlos Amaral - colaborador / Tribuna Independente
Em abril de 2013 entrou em vigor a Lei 12.737 que tipificou os crimes na internet. A partir daí, difamar, caluniar, publicar imagens sem consentimento ou mesmo o bullying podem ser penalizados. As penas variam de multa a detenção por três anos.
Em Alagoas não há uma estatísticas específica para o tema, mas o delegado Guilherme Iusten, Seção de Combate a Roubos a Bancos (Serb), uma divisão especial da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic), da Polícia Civil, que também investiga crimes virtuais disse que os registros de casos desse tipo de crime não têm aumentado no estado.
Iusten informa que pessoas de todas as idades são atingidas por esses tipos de crime, que são em sua maioria crimes contra a honra. “É claro que há um percentual um pouco maior entre os mais jovens por eles ficarem mais tempo no computador navegando na internet”.
Rita (nome fictício) é assessora técnica em um órgão público de Alagoas e vem recebendo ameaças através de uma rede social há seis meses. Pessoas criaram perfis falsos para agredi-la. Ela nunca procurou a polícia. “Me fazem acusações infundadas e sempre com a mensagem de ‘cuidado com o que você posta’ e ‘cuidado com a sua vida’. Quando digo que vou investigar, dão uma parada”.
Ela diz nunca ter procurado a polícia para investigar os perfis que a ameaçam. “Nunca fiz por achar que não vai dar em nada, mas se não pararem talvez eu procure”. O marido de Rita é especialista em informática e essa foi uma das razões por ela não ter feito denúncias às autoridades policiais.
A última ameaça que recebeu foi há mais de um mês, com o mesmo tom das outras. Rita garante que nada disso afeta seu dia a dia. “Me dá apenas curiosidade e pena. Fico com vontade de saber quem é para entender a motivação, que não tenho ideia. Mas acho que a pessoa me conhece”.
Cyberbullying pode provocar isolamento social, diz psicólogo
Mesmo se for na internet, usar as características físicas, opções religiosas ou mesmo orientações sexuais para agredir alguém pode provocar perda de autoestima, principalmente se a vítima for adolescente. Além disso, a possibilidade de se tornar um adulto com transtorno mental comportamental aumenta. Essa é a análise do psicólogo Raffael Gonçalves.
Gonçalves explica que os mais jovens tendem a utilizar de racismo e injúrias para agredir outros que estão por perto, mesmo que na cabeça deles o entendimento seja de que se trata de uma brincadeira. “Isso faz com que esses adolescentes que são vítimas de bullying ou cyberbullying percam sua autoestima e se sintam menosprezados. Por isso temos muitas pessoas negras que negam sua raça”.
Para o psicólogo, a humilhação é a intenção quando se pratica o bullying e por serem usadas características físicas que se julga serem defeituosas pelo padrão hegemônico de normalidade imposto por diversos meios, as vítimas estão mais propensas a desenvolverem depressão.
“Um adolescente acima do peso que passa anos sendo chamada por vários apelidos vai se sentir fora do normal. O mesmo acontece com um jovem negro que é ofendido por causa de essa condição. Fatalmente eles terão problemas para desenvolverem relações sociais quando se tornarem adultos”, explica.
Existem dezenas de variações de transtornos mentais e comportamentais catalogados pela psicologia.
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