AMILCAR JÚNIOR
Tapas, chutes, puxões de cabelo, roupas rasgadas e muita gritaria por parte dos colegas. A lamentável cena está ficando cada vez mais comum dentro e fora das escolas públicas de Roraima. Pelo súbito aumento nos números de violência entre alunos, o fenômeno já preocupa autoridades ligadas ao assunto.
Apenas no mês de abril deste ano, o setor Psicossocial da Secretaria Estadual de Educação e Cultura (Secd) atendeu 32 alunos, 28 gestores e 11 orientadores. No mês seguinte, foram atendidos 24 alunos, 24 pais, 27 gestores, 26 orientadores e dois professores. A equipe ainda encaminhou 20 atendidos para tratamento com psicólogo clínico.
Os diversos tipos de agressão no ambiente escolar não ocorrem somente na capital, infelizmente. A Folha recebe com frequência e-mails e ligações de pais de alunos que moram no interior do Estado. É o caso do pescador Inaier Brandão, 46 anos, que vive com a família na Vila Vilena, no município do Bonfim.
Por telefone, no final da tarde da última sexta-feira, 3, Inaier disse que a violência também impera na única escola estadual da vila, a João Vilena. “No mês passado, um aluno entrou com um terçado em sala de aula para matar o outro. Isso é inadmissível”.
O pior, segundo o pescador, que tem um filho que estuda na escola, é que, mesmo ciente, a direção não tomou providências porque, segundo Inaier, o agressor seria filho de um amigo. “Então fomos à Secretaria de Educação, em vão. Ninguém tomou providências. Por isso, recorremos ao Ministério Público”, contou.
A escola estadual João Vilena funciona em dois períodos. Pela manhã e à tarde atende alunos de 5ª a 8ª séries. À noite, estudantes do Ensino Médio. “O pior é a interferência política. Um candidato a vereador, do lado do Governo, trocou o diretor da escola. E isso implica na educação dos nossos filhos”, reclamou.
CASOS - No dia 25 de março do ano passado, um vídeo postado na internet assustou a sociedade. Uma adolescente, aluna da escola estadual Pastor Fernando Granjeiro, no bairro Caranã, foi brutalmente espancada por três colegas de classe durante a saída da escola. Mas mesmo diante de tamanha violência, ao invés da intervenção, os demais alunos instigavam sem interferirem na briga.
A direção da escola foi obrigada a acionar a Polícia Militar, que não compareceu até o fim da confusão. O que mais chamou a atenção foi a agressividade com que uma das estudantes batia na outra. A mesma adolescente já havia se envolvido em mais outras duas brigas.
A mãe da jovem agredida registrou queixa na polícia e pediu indenização do Governo do Estado devido à omissão, uma vez que a escola não teria tomado providências. A vítima ficou machucada e traumatizada com o ambiente escolar. Após assistir aos vídeos, a secretária de Educação, à época, Antônia Vieira, se surpreendeu e disse que seria a primeira vez que um fato desta natureza estaria ocorrendo em Roraima.
No dia 23 de maio do mesmo ano, outra grande confusão entre alunos na frente da escola estadual Ana Libória, no bairro Mecejana. Alguns empunharam até armas brancas. Corre-corre geral. Verdadeiro caso de Polícia.
Na saída da escola estadual Vanda Pinto, no bairro Santa Luzia, mais confusão, ao ponto de a diretora da unidade mandar aprender um grupo de alunos, integrantes de galera. O inusitado fato ocorreu no dia 25 de agosto de 2010. O mais absurdo: os alunos eram da 5ª série e tinham entre 11 e 13 anos. A maioria ia armada para a sala de aula.
A violência não é uma triste realidade apenas nas escolas da periferia. Na escola estadual Ayrton Senna, no Centro, por exemplo, alunos ‘matam’ aula para usar droga e fazer sexo atrás da unidade de ensino. Os próprios estudantes revelaram que descem as trilhas na mata ciliar até chegarem às margens do rio Branco. Lá, usam entorpecentes e transam.
Tapas, chutes, puxões de cabelo, roupas rasgadas e muita gritaria por parte dos colegas. A lamentável cena está ficando cada vez mais comum dentro e fora das escolas públicas de Roraima. Pelo súbito aumento nos números de violência entre alunos, o fenômeno já preocupa autoridades ligadas ao assunto.
Apenas no mês de abril deste ano, o setor Psicossocial da Secretaria Estadual de Educação e Cultura (Secd) atendeu 32 alunos, 28 gestores e 11 orientadores. No mês seguinte, foram atendidos 24 alunos, 24 pais, 27 gestores, 26 orientadores e dois professores. A equipe ainda encaminhou 20 atendidos para tratamento com psicólogo clínico.
Os diversos tipos de agressão no ambiente escolar não ocorrem somente na capital, infelizmente. A Folha recebe com frequência e-mails e ligações de pais de alunos que moram no interior do Estado. É o caso do pescador Inaier Brandão, 46 anos, que vive com a família na Vila Vilena, no município do Bonfim.
Por telefone, no final da tarde da última sexta-feira, 3, Inaier disse que a violência também impera na única escola estadual da vila, a João Vilena. “No mês passado, um aluno entrou com um terçado em sala de aula para matar o outro. Isso é inadmissível”.
O pior, segundo o pescador, que tem um filho que estuda na escola, é que, mesmo ciente, a direção não tomou providências porque, segundo Inaier, o agressor seria filho de um amigo. “Então fomos à Secretaria de Educação, em vão. Ninguém tomou providências. Por isso, recorremos ao Ministério Público”, contou.
A escola estadual João Vilena funciona em dois períodos. Pela manhã e à tarde atende alunos de 5ª a 8ª séries. À noite, estudantes do Ensino Médio. “O pior é a interferência política. Um candidato a vereador, do lado do Governo, trocou o diretor da escola. E isso implica na educação dos nossos filhos”, reclamou.
CASOS - No dia 25 de março do ano passado, um vídeo postado na internet assustou a sociedade. Uma adolescente, aluna da escola estadual Pastor Fernando Granjeiro, no bairro Caranã, foi brutalmente espancada por três colegas de classe durante a saída da escola. Mas mesmo diante de tamanha violência, ao invés da intervenção, os demais alunos instigavam sem interferirem na briga.
A direção da escola foi obrigada a acionar a Polícia Militar, que não compareceu até o fim da confusão. O que mais chamou a atenção foi a agressividade com que uma das estudantes batia na outra. A mesma adolescente já havia se envolvido em mais outras duas brigas.
A mãe da jovem agredida registrou queixa na polícia e pediu indenização do Governo do Estado devido à omissão, uma vez que a escola não teria tomado providências. A vítima ficou machucada e traumatizada com o ambiente escolar. Após assistir aos vídeos, a secretária de Educação, à época, Antônia Vieira, se surpreendeu e disse que seria a primeira vez que um fato desta natureza estaria ocorrendo em Roraima.
No dia 23 de maio do mesmo ano, outra grande confusão entre alunos na frente da escola estadual Ana Libória, no bairro Mecejana. Alguns empunharam até armas brancas. Corre-corre geral. Verdadeiro caso de Polícia.
Na saída da escola estadual Vanda Pinto, no bairro Santa Luzia, mais confusão, ao ponto de a diretora da unidade mandar aprender um grupo de alunos, integrantes de galera. O inusitado fato ocorreu no dia 25 de agosto de 2010. O mais absurdo: os alunos eram da 5ª série e tinham entre 11 e 13 anos. A maioria ia armada para a sala de aula.
A violência não é uma triste realidade apenas nas escolas da periferia. Na escola estadual Ayrton Senna, no Centro, por exemplo, alunos ‘matam’ aula para usar droga e fazer sexo atrás da unidade de ensino. Os próprios estudantes revelaram que descem as trilhas na mata ciliar até chegarem às margens do rio Branco. Lá, usam entorpecentes e transam.
Conselheiro alerta que é preciso denunciar casos
O conselheiro tutelar Adiuilson Ribeiro disse que quando há violência por parte de alunos, a direção da escola tem a obrigação de denunciar os casos ao Conselho. No caso de briga entre alunos usando arma branca, explica o conselheiro, a PM deve ser acionada imediatamente, por se tratar de ato infracional.
Adiuilson informou que a Educação tem um setor interprofissional para tentar resolver os conflitos entre alunos ou até entre alunos e professores. “Mas, esgotados todos os meios de conciliação, aí podemos interferir e aplicar a medida protetiva, se for o caso”.
O conselheiro não forneceu os dados estatísticos de violência nas escolas da Capital porque os serviços estão sendo prejudicados pela falta de servidores, recentemente demitidos pelo executivo municipal.
“Há violência contra o aluno, há violência provocada pelo aluno, há apenas confusões, mas há também agressões e atos infracionais. Cada caso é um caso. Portanto, cabe à direção da escola, ao Conselho Tutelar e até à própria polícia resolverem o problema, cada um dentro de sua área de atuação, dependendo do caso”, explicou. (A.J.)
‘Cultura de Paz’ tenta minimizar a violência
A psicóloga Lilian Maria Ferreira, do setor Psicossocial da Secd: “As famílias precisam repassar valores e princípios para os filhos”
A psicóloga Lilian Maria Ferreira, que trabalha no setor Psicossocial da Secretaria de Estado de Educação (Secd), disse que os casos mais frequentes de violência nas escolas referem-se a atos infracionais, ou seja, às condutas inadequadas do aluno.
Para lidar melhor com o problema, Lilian informou que os profissionais da Educação já foram orientados pelo Ministério Público. “Devemos distinguir ato disciplinar do infracional, pois o primeiro refere-se ao regimento interno da escola; enquanto no segundo, cabe acionar a Delegacia da Infância e Juventude apara adotar as medidas cabíveis”, explicou.
Ainda segundo a psicóloga, quando houver distúrbio entre alunos, os diretores de escola foram orientados a encaminharem relatórios para o Conselho Tutelar e para o setor Psicossocial da Secd.
Uma das explicações técnicas para justificar a crescente onda de violência na escola, conforme defende a psicóloga, é a falta de conciliação da família entre trabalho e atenção ao aluno.
“As famílias precisam repassar valores e princípios para os filhos. Devemos levar em consideração que a escola é um complemento neste processo de aprendizagem do aluno”, reforçou.
Para amenizar o grave problema, a psicóloga informou que a Educação trabalha com o projeto ‘Cultura de Paz’ nas escolas, principalmente aquelas com maior incidência em casos de violência. Profissionais ministram palestras sobre respeito, dignidade, vida, bullying e drogas. (A.J.)
Fonte: Folha Web
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