quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Violência contra professor são 30/mês

Números são da Apeoesp que atende vítimas semanalmente

A violência contra os professores nas escolas chegou a triplicar nos últimos anos. A avaliação é da própria Apeoesp (Sindicado dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) - subsede Limeira - que atende semanalmente profissionais da Educação vítimas de violência nas redes municipal e estadual de ensino das cidades de Limeira, Cordeirópolis e Iracemápolis.

Coordenador da Apeoesp Limeira, Edvaldo Mendes da Costa relata que são comuns denúncias de violências contra professores na escolas. Segundo ele, há três anos, o sindicato atendia uma média de dez casos por mês. Hoje esse número chega até 30.

"É um número bastante alto. Muitas vezes, a violência chega a ser verbal. Há casos de violência física e também contra bens particulares dos professores, como automóveis e celulares", destaca.

Ainda de acordo com o coordenador, o número de vítimas da violência pode ser ainda maior já que muitos profissionais deixam de denunciar por medo de represálias. "Os professores, por estarem em contato direto com os 'agressores', têm receio de denunciar a violência", explica.

A violência contra os professores não envolve apenas alunos. Costa diz que existem bastantes casos em que o professor é ameaçado pelos pais dos estudantes. "Há pais que querem bater nos professores também, porque os filhos brigam na escola, por exemplo. Eu já vi casos assim e a gente tenta intervir. A maioria (das vítimas) são mulheres", ressalta.

"A agressão psicológica é a pior e muitos professores se afastam para tratamento médico. Isso tem nos assustado muito. Há alunos também ligados ao tráfico de drogas", relata.

Autora de estudos de violência nas escolas, a professora da Unicamp, Áurea Maria Guimarães, doutora em História da Educação e coordenadora de estudos de violência escolar, acredita que houve uma mudança significativa na educação. "Há uma heterogeneidade muito grande nas salas de aula. Os professores e as escolas não se prepararam para isso", aponta.

De acordo com Áurea, o jovem hoje recebe muitas informações fora da escola e, consequentemente, acaba sendo mais ativo. "A maneira como ele se comporta na escola é a maneira como ele vive na sociedade."

Para ela, a violência nas escolas contra professores tem solução a longo prazo. "A escola precisa trabalhar fora também. Isso demora ainda. Medidas punitivas acabam em nada. As escolas precisam se abrir mais e ajudar a cidade a se educar. Trazer a família mais próxima da escola", ressalta.

Vereador: lei para debater o assunto

O vereador Carlinhos Silva (sem partido) apresentou na semana passada, um projeto de lei que visa estabelecer medidas preventivas e orientações para inibir a violência contra os professores na rede municipal de ensino. A proposta busca estabelecer medidas preventivas - como estimular a reflexão nas escolas e nas comunidades, além de desenvolver atividades extracurriculares de combate à violência contra os professores.

A proposta ainda prevê que as entidades representativas dos profissionais e os órgãos competentes do município devem assistir o aluno que pratica e o professor que sofre a violência. Em risco de violência, o professor deve ser afastado em caso potencial de ameaça, sem qualquer perda financeira. Dependendo ainda da situação, o profissional pode ser remanejado para outra escola.

Fonte: Jornal de Limeira

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