- Escrito por Paulo Silas
Números são da Apeoesp que atende vítimas semanalmente
A violência contra os professores nas
escolas chegou a triplicar nos últimos anos. A avaliação é da própria
Apeoesp (Sindicado dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São
Paulo) - subsede Limeira - que atende semanalmente profissionais da
Educação vítimas de violência nas redes municipal e estadual de ensino
das cidades de Limeira, Cordeirópolis e Iracemápolis.
Coordenador da Apeoesp Limeira, Edvaldo
Mendes da Costa relata que são comuns denúncias de violências contra
professores na escolas. Segundo ele, há três anos, o sindicato atendia
uma média de dez casos por mês. Hoje esse número chega até 30.
"É um número bastante alto. Muitas
vezes, a violência chega a ser verbal. Há casos de violência física e
também contra bens particulares dos professores, como automóveis e
celulares", destaca.
Ainda de acordo com o coordenador, o
número de vítimas da violência pode ser ainda maior já que muitos
profissionais deixam de denunciar por medo de represálias. "Os
professores, por estarem em contato direto com os 'agressores', têm
receio de denunciar a violência", explica.
A violência contra os professores não
envolve apenas alunos. Costa diz que existem bastantes casos em que o
professor é ameaçado pelos pais dos estudantes. "Há pais que querem
bater nos professores também, porque os filhos brigam na escola, por
exemplo. Eu já vi casos assim e a gente tenta intervir. A maioria (das
vítimas) são mulheres", ressalta.
"A agressão psicológica é a pior e
muitos professores se afastam para tratamento médico. Isso tem nos
assustado muito. Há alunos também ligados ao tráfico de drogas", relata.
Autora de estudos de violência nas
escolas, a professora da Unicamp, Áurea Maria Guimarães, doutora em
História da Educação e coordenadora de estudos de violência escolar,
acredita que houve uma mudança significativa na educação. "Há uma
heterogeneidade muito grande nas salas de aula. Os professores e as
escolas não se prepararam para isso", aponta.
De acordo com Áurea, o jovem hoje recebe
muitas informações fora da escola e, consequentemente, acaba sendo mais
ativo. "A maneira como ele se comporta na escola é a maneira como ele
vive na sociedade."
Para ela, a violência nas escolas contra
professores tem solução a longo prazo. "A escola precisa trabalhar fora
também. Isso demora ainda. Medidas punitivas acabam em nada. As escolas
precisam se abrir mais e ajudar a cidade a se educar. Trazer a família
mais próxima da escola", ressalta.
Vereador: lei para debater o assunto
O vereador Carlinhos Silva (sem partido)
apresentou na semana passada, um projeto de lei que visa estabelecer
medidas preventivas e orientações para inibir a violência contra os
professores na rede municipal de ensino. A proposta busca estabelecer
medidas preventivas - como estimular a reflexão nas escolas e nas
comunidades, além de desenvolver atividades extracurriculares de combate
à violência contra os professores.
A proposta ainda prevê que as entidades
representativas dos profissionais e os órgãos competentes do município
devem assistir o aluno que pratica e o professor que sofre a violência.
Em risco de violência, o professor deve ser afastado em caso potencial
de ameaça, sem qualquer perda financeira. Dependendo ainda da situação, o
profissional pode ser remanejado para outra escola.
Fonte: Jornal de Limeira
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