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Divulgação científica
*Notícia publicada na edição de agosto do Saúde Informa
Análise feita a partir de pesquisa do Observatório de Saúde Urbana de Belo Horizonte foca as vítimas, em vez dos agressores
Relatos de jovens que já foram vítimas de agressões, intimidações e
brincadeiras humilhantes mostram que tanto características pessoais
quanto do contexto familiar e social são importantes para entender o fenômeno hoje amplamente conhecido como bullying.
A escola é o cenário frequente, mas por uma questão bem simples: é o
local onde os adolescentes passam mais tempo juntos. “Os mais velhos
descrevem o mesmo comportamento também em outros locais, como o
trabalho”, acrescenta a psicóloga Michelle Ralil da Costa, autora de
dissertação de mestrado defendida na Faculdadede Medicina da UFMG que
descreve o bullying e fatores associados.
Foram analisados 598 adolescentes entre 14 e 17 anos que responderam ao questionário sobre bullying
dentro da pesquisa Saúde em Beagá, realizada pelo Observatórioda Saúde
Urbana em BH (OSUBH). Dentre eles, 26% relataram que sofreram esse tipo
de violência em algum momento da vida. O fenômeno foi abordado por meio
de seu conceito, sem utilizar o termo bullying. Isso evitava
qualquer confusão ou supernotificação, por esta ser uma expressão em
evidência atualmente. Com tal cuidado, o foco da pesquisa manteve-se no
relato dos comportamentos característicos.
Diferencial
O fato de procurar entender o assunto por meio dos relatos das
vítimas vai de encontro à maioria dos estudos sobre o assunto. “Estudos
internacionais, principalmente, tentam entender esse comportamento
concentrando-se na figura do agressor”, afirma a autora. Esse modo de
adentrar o tema permite relacionar os fatores associados aos relatos de bullying
e entender melhor o perfil das vítimas. A pesquisa identificou, por
exemplo, comportamentos presentes em grande parte dos jovens alvos de bullying , como entrar em brigas, se sentir sozinho ou excluído em festas e não poder conversar com os pais.
O próximo passo é tentar entender como esses fatores influenciam o
comportamento dos adolescentes.“Por exemplo, temos que investigar se a
associação com a desestrutura familiar e o fato de não conseguir
conversar com os pais é resultado de uma influência forte na
personalidade desses adolescentes que os impede de socializarem-se
adequadamente e os predispõem como vítima de bullying”, afirma
Michelle. “Ainda temos muitos dados e muitos aspectos, como a maneira
que as relações sociais entre os jovens se desenvolvem, para explorar”.
Comparativo
O resultado ficou aquém do encontrado na Pesquisa Nacional de Saúde
do Escolar (Pense), realizada pelo Ministério da Saúde em todas as
capitais brasileiras. Nela, 35% dos entrevistados afirmaram terem sido
alvo de bullying no último mês, percentual que colocava Belo Horizonte
atrás apenas do Distrito Federal.
Michelle Costa justifica as diferenças entre os estudos.“A amostra da
Pense foi maior, o que ajuda a entender o elevado percentual
encontrado”, esclarece. “Além disso,eles perguntavam sobre o último mês,
enquanto nossa pergunta era sobre qualquer período. Isso tende a registrar os casos que foram mais impactantes para a pessoa, não apenas aqueles que causaram ressentimento ou estresse momentâneos”.
Serviço
Título: Bullying entre adolescentes de um centro urbano: estudo Saúde em Beagá
Autora: Michelle Ralil daCosta
Nível: Mestrado
Programa: Saúde da Criança e do Adolescente
Orientadora: Waleska Teixeira Caiaffa
Defesa: 23/03/2012
Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG
jornalismo@medicina.ufmg.br
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