Os paranaenses estão cada vez mais preocupados
com a entrada de armas e drogas no ambiente escolar. É o que revela um
novo levantamento da Paraná Pesquisas para a Gazeta do Povo. Há um ano,
80,5% dos entrevistados disseram concordar que os alunos passem por
revista antes de entrar no colégio. Esse índice, que já era alto, agora
aumentou – 86,6% são favoráveis à prática. Apesar da aprovação popular,
especialistas não acreditam na eficácia da medida no combate à violência
nas escolas.
Outro dado que chama a atenção na pesquisa, em que foram ouvidos 1.505 paranaenses em 80 municípios do estado, é o alto índice de preocupação dos pais: quando os filhos estão na escola, 53,93% deles não se sentem tranquilos. Essa insegurança, somada à alta aprovação de medidas como a revista nas escolas, mostra que, quando se trata da segurança dos filhos, as pessoas parecem estar mais condescendentes com atitudes extremas de autoridade.
Para a pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) Caren Ruotti, a tolerância a medidas mais drásticas se alastra pela sociedade à medida que a violência se aproxima delas. “Mas coibir o tráfico, por exemplo, não é função da escola. Quando se fala em escola, eu só posso pensar em trabalho educativo e preventivo”, pondera. Para ela, se drogas e armas chegam até as escolas, é porque o combate está falho do lado de fora. “Essa repressão [revista] na escola, além de ineficiente, pode ser prejudicial para o ambiente educacional”, avalia a pesquisadora.
As revistas normalmente são realizadas a pedido da direção da escola e com a autorização do Estado, dos pais e até da Justiça. Sob o pretexto de coibir o ingresso de armas e drogas, são feitas, muitas vezes, de maneira indiscriminada em todos os alunos.
O promotor de justiça Olympio de Sá Sotto Maior Neto, especialista em legislação infantil considera que essa medida torna a escola um espaço opressor, quando deveria deve ser libertário. Segundo ele, dependendo de como é feita, a revista pode, inclusive, violar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que garante que eles sejam tratados com dignidade e respeito.
O promotor aceita a prática da revista apenas quando existe uma suspeita fundada de que o aluno está portando algo ilícito. “Nesse caso, o próprio professor tem autoridade para fazer a revista. Mas a polícia pode ser chamada”, explica. No entanto, Neto ressalva que essa postura não pode ser feita indiscriminadamente, o que transferiria a autoridade da escola para a polícia. “É preocupante quando o sistema escolar abre mão de sua autoridade”, avalia. “A polícia deve ser o último recurso”, afirma o promotor.
Despreparo
A socióloga Miriam Abramovay, que coordena pesquisas sobre violência e juventude na América Latina, vê a postura repressora como falta de preparo para lidar com o assunto. “Quando não se sabe o que fazer, a primeira resposta é a repressão”, afirma. Nas pesquisas, segundo ela, as soluções que surgem diante da violência nas escolas são sempre repressivas: grades, catracas, câmeras, polícia. “É mais fácil recorrer a isso do que pensar em políticas públicas”, diz. Ela afirma que nem sempre os estados têm políticas públicas para a violência nas escolas. “O tema só vem à tona quando ocorre um crime”, afirma.
Fim da violência passa por criação de plano de convivência
As medidas de repressão comumente adotadas pelas escolas no combate à violência nas escolas, para a socióloga Miriam Abramovay, mais atrapalham do que ajudam. “Pesquisas mostram que, quanto mais se coloca aparatos de segurança, pior fica a situação”, afirma. Novamente baseada em pesquisas, a especialista afirma que a revista aos alunos não só não evita a entrada de armas e drogas nas escolas, como aumenta.
Segundo a socióloga, drogas e armas estão presentes em um número muito pequeno de escolas. O problema maior, e que deveria ser o foco das preocupações, diz ela, é a violência nos relacionamentos escolares. “Há violência entre alunos, entre professores e alunos e entre pais e professores. A discussão deve ser sobre o tipo de violência existente”, diz.
Ela aponta três passos para combater a violência no ambiente escolar: o primeiro é o diagnóstico sobre a violência, que deve ser feito por estados e municípios: saber onde, como e com quem ela ocorre. Depois elaborar-se um plano de convivência escolar. “Em outros países, há exemplos de planos que reduzem a violência e melhoram a qualidade do aprendizado”. O terceiro passo seria a avaliação do processo.
Com informações de Tudo Paraná.
Outro dado que chama a atenção na pesquisa, em que foram ouvidos 1.505 paranaenses em 80 municípios do estado, é o alto índice de preocupação dos pais: quando os filhos estão na escola, 53,93% deles não se sentem tranquilos. Essa insegurança, somada à alta aprovação de medidas como a revista nas escolas, mostra que, quando se trata da segurança dos filhos, as pessoas parecem estar mais condescendentes com atitudes extremas de autoridade.
Para a pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) Caren Ruotti, a tolerância a medidas mais drásticas se alastra pela sociedade à medida que a violência se aproxima delas. “Mas coibir o tráfico, por exemplo, não é função da escola. Quando se fala em escola, eu só posso pensar em trabalho educativo e preventivo”, pondera. Para ela, se drogas e armas chegam até as escolas, é porque o combate está falho do lado de fora. “Essa repressão [revista] na escola, além de ineficiente, pode ser prejudicial para o ambiente educacional”, avalia a pesquisadora.
As revistas normalmente são realizadas a pedido da direção da escola e com a autorização do Estado, dos pais e até da Justiça. Sob o pretexto de coibir o ingresso de armas e drogas, são feitas, muitas vezes, de maneira indiscriminada em todos os alunos.
O promotor de justiça Olympio de Sá Sotto Maior Neto, especialista em legislação infantil considera que essa medida torna a escola um espaço opressor, quando deveria deve ser libertário. Segundo ele, dependendo de como é feita, a revista pode, inclusive, violar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que garante que eles sejam tratados com dignidade e respeito.
O promotor aceita a prática da revista apenas quando existe uma suspeita fundada de que o aluno está portando algo ilícito. “Nesse caso, o próprio professor tem autoridade para fazer a revista. Mas a polícia pode ser chamada”, explica. No entanto, Neto ressalva que essa postura não pode ser feita indiscriminadamente, o que transferiria a autoridade da escola para a polícia. “É preocupante quando o sistema escolar abre mão de sua autoridade”, avalia. “A polícia deve ser o último recurso”, afirma o promotor.
Despreparo
A socióloga Miriam Abramovay, que coordena pesquisas sobre violência e juventude na América Latina, vê a postura repressora como falta de preparo para lidar com o assunto. “Quando não se sabe o que fazer, a primeira resposta é a repressão”, afirma. Nas pesquisas, segundo ela, as soluções que surgem diante da violência nas escolas são sempre repressivas: grades, catracas, câmeras, polícia. “É mais fácil recorrer a isso do que pensar em políticas públicas”, diz. Ela afirma que nem sempre os estados têm políticas públicas para a violência nas escolas. “O tema só vem à tona quando ocorre um crime”, afirma.
Fim da violência passa por criação de plano de convivência
As medidas de repressão comumente adotadas pelas escolas no combate à violência nas escolas, para a socióloga Miriam Abramovay, mais atrapalham do que ajudam. “Pesquisas mostram que, quanto mais se coloca aparatos de segurança, pior fica a situação”, afirma. Novamente baseada em pesquisas, a especialista afirma que a revista aos alunos não só não evita a entrada de armas e drogas nas escolas, como aumenta.
Segundo a socióloga, drogas e armas estão presentes em um número muito pequeno de escolas. O problema maior, e que deveria ser o foco das preocupações, diz ela, é a violência nos relacionamentos escolares. “Há violência entre alunos, entre professores e alunos e entre pais e professores. A discussão deve ser sobre o tipo de violência existente”, diz.
Ela aponta três passos para combater a violência no ambiente escolar: o primeiro é o diagnóstico sobre a violência, que deve ser feito por estados e municípios: saber onde, como e com quem ela ocorre. Depois elaborar-se um plano de convivência escolar. “Em outros países, há exemplos de planos que reduzem a violência e melhoram a qualidade do aprendizado”. O terceiro passo seria a avaliação do processo.
Com informações de Tudo Paraná.
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