PEDRO CORREIA / GLOBAL IMAGENS
DN
O estudo do Instituto Superior Miguel Torga inquiriu alunos sobre situações de bullying em que já tenham estado envolvidas ou presenciaram
Oito em cada 10 jovens inquiridos num estudo sobre 'bullying' e 'cyberbulling' afirmam que os adultos tentam parar estes comportamentos quando têm conhecimento do que está a ocorrer, mas as vítimas não contam que são perseguidas.
O estudo "O Uso da Internet, o Bullying, o Cyberbullying e o Suporte Social em jovens do 3º Ciclo", do Instituto Superior Miguel Torga (ISMT), contou com uma amostra de 145 alunos (73 rapazes e 72 raparigas), com idades entre os 12 e os 16 anos.
Do total dos inquiridos, 91 disseram nunca ter vivenciado estas situações, enquanto 40 contaram ter vivido uma situação e oito disseram ter estado envolvidos em duas.
Já seis alunos revelarem que viveram, pelo menos, três situações de 'bullying/cyberbullying'.
Quando questionados sobre denunciaram o que aconteceu, 65,5% dos alunos responderam que não. A maioria (74,5%) disse não conhecer os intervenientes e 49% contaram que a situação acabou por se resolver.
Quando questionados sobre se já pediram ajuda em relação a situações de 'cyberbullying', 60,7% disseram que não, refere o trabalho de Ana Rita Marques, que resultou da sua dissertação de mestrado em Psicologia Clínica.
À pergunta "Tens conhecimento se um amigo já viveu alguma situação destas", 60 disseram que não, enquanto 30 disseram ter conhecimento de uma situação.
Dezassete alunos reportaram duas situações que envolveram amigos, 23 relataram três situações e nove, quatro situações. Dois inquiridos tiveram conhecimento de todas as situações apresentadas.
À pergunta "Estás informado sobre o uso dos perigos da internet?", 135 alunos (93.1) responderam que sim.
O estudo observa que adolescentes têm "algum conhecimento sobre a temática, mas muito superficial".
O facto de considerarem que este conhecimento é o suficiente, pode torná-los "mais vulneráveis" a estes comportamentos, alerta.
Neste sentido, defende o estudo, é de "extrema importância que as escolas incluam estratégias pedagógicas", para que haja "uma maior prevenção deste tipo de problemas".
Outra das conclusões do estudo está diretamente ligada ao apoio ou suporte social que cada adolescente tem ao longo desta fase.
"Se o adolescente possuir um apoio ou suporte social coeso, a probabilidade de se envolver em comportamentos deste tipo é maior". Por outro lado, se esse apoio for reduzido existe "uma maior probabilidade" do jovem prosseguir por caminhos desviantes, pois sente-se menos protegido e menos orientado ao longo desta fase da vida.
Para a autora do estudo, a escola tem "a obrigação de ensinar e de promover a inclusão social e psicológica" dos alunos.
"É necessário amparar as crianças vítimas e, por outro, é de extrema importância fazer um trabalho específico com os indivíduos mais inclinados para cometer atos violentos para com os seus colegas", defende.
Também os pais e professores devem "estar vigilantes à possibilidade de estarem a conviver com uma vítima silenciosa" ou até mesmo com os agressores.
Se a instituição o não fizer, cabe aos pais "denunciar essa violência e criar medidas para minimizar" as consequências destes comportamentos.
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