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Para o TechTudo
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Bully, game de ação desenvolvido pela Rockstar, lançado originalmente para PlayStation 2, completa dez anos hoje, 17 de outubro, desde seu lançamento, em 2006. Atualmente, o jogo está disponível para PS4 e também na plataforma Steam. O game é de mundo aberto em terceira pessoa e segue a mesma proposta da série Grand Theft Auto (GTA), a mais famosa da empresa, mas é localizado no ambiente escolar do internato ficcional de Bullworth Academy.
Ações como andar de skate nos corredores da escola, fugir de vários inspetores chatos, estourar bombinhas no banheiro, arrumar confusão com adultos, lutar contra valentões ou juntar-se a eles são cotidianas no caótico universo do jogo. O que aconteceu com Bully nesses 10 anos de existência? Confira as principais histórias, curiosidades e polêmicas que marcaram o título de sucesso.
O personagem principal do jogo é Jimmy Hopkins (Reprodução/ Raul Pimentel)
O jogador controla o protagonista da história, Jimmy Hopkins, no violento dia a dia estudantil, se relacionando com diferentes grupos de alunos e pessoas, comparecendo a diferentes aulas e completando missões. Jimmy é forçado pela mãe e pelo padrasto a estudar em Bullworth, o que o torna um personagem um tanto rebelde e agressivo. Ao longo do jogo, ele pode ganhar ou perder respeito dos grupos sociais, o que pode gerar um comportamento agressivo ou pacífico dos outros alunos. A fórmula, mesmo sem apresentar novidades em produções da Rockstar, pareceu dar certo para os críticos.
Constantemente referido por muitos como “GTA na escola”, Bully recebeu críticas muito positivas quando foi lançado. O storytelling — aspecto do jogo que se refere ao modo que se conta a história — foi particularmente elogiado pela maioria das reviews, assim como a variedade dos mini-games que formam aulas, nas quais Jimmy precisa passar para ganhar bônus como novos golpes de luta, novas habilidades de interação e novas armas. Esses elementos também podem ser conquistados através de missões.
Bully é repleto de violência e humilhação física e moral (Reprodução/ Raul Pimentel)
Na verdade, o jogo deveria estar comemorando seus 11 anos em 2016, porque foi originalmente anunciado para ser publicado em outubro de 2005. Atrasos no desenvolvimento do jogo, contudo, acabaram adiando em um ano seu lançamento.
Durante esses 10 anos, Bully foi relançado em diversas plataformas diferentes — PlayStation 4, Xbox 360,Nintendo Wii e PC, por exemplo. Apesar da Rockstar Games não ter apresentado nenhuma continuação oficial de Bully até 2016, a empresa não deixou de investir no título e o relançou em 2008 com o nome de“Bully: Scholarship Edition”, compatível com as plataformas mencionadas acima. Com gráficos otimizados, a versão traz novas missões e novas opções de aulas que Jimmy pode assistir, segundo seu site oficial. A ideia do lançamento foi concretizada a pedido dos próprios jogadores à Rockstar.
A possibilidade de uma continuação de Bully chegou a ganhar força em 2011, quando a Rockstar sugeriu que estaria trabalhando no título. Entretanto, a empresa desistiu de sua elaboração para focar em Max Payne 3.
O game também foi motivo de muita polêmica. Repleto de violência e humilhação física e moral, Bully pode ser considerado uma verdadeira união de tudo que é politicamente incorreto. O jogo trabalha com estereótipos para representar os alunos pertencentes a diferentes grupos sociais. Todos os atletas, por exemplo, não se destacam pela sua inteligência. Os ricos são fúteis, os nerds são pouco atraentes e as mulheres – sejam de qualquer grupo social – só beijam Jimmy depois que ganham um presente. Além disso, ao controlar o protagonista, o jogador pode colocar outros alunos em latas de lixo, prendê-los no armário, xingá-los e até aplicar neles a famosa prática de puxar suas cuecas para fora da calça. Por essa razão, o jogo colecionou polêmicas por onde foi visto.
Diversas ONGs ativistas contra o bullying como o Peaceaholic foram a público protestar contra o jogo (Reprodução/ Raul Pimentel)
Bully foi muito criticado pelas frequentes práticas de bullying presentes em seu conteúdo. O jogador pode não só humilhar outros alunos como também pode assistir a essas práticas acontecendo ao seu redor sem influência direta de suas ações. Diversas ONGs ativistas contra o bullying como o Peaceaholic foram a público protestar contra o jogo antes mesmo dele ser lançado. Chegaram, inclusive a ir até os escritórios da Rockstar Games, em Nova York para realizar manifestações.
Como se não bastasse, ativistas anti-bullying não foram os únicos que reprovaram o game. A homossexualidade também está presente em Bully, já que Jimmy Hopkins pode beijar alunos do sexo masculino. Isso gerou grande polêmica, tendo em vista que a classificação do jogo é “T for Teen” (um equivalente ao brasileiro “idade mínima de 13 anos”). O produtor da Rockstar Jeronimo Barrera afirmou,em entrevista para o site 1UP.com: “não achávamos que isso teria uma repercussão tão grande. É uma das coisas onde nós temos a habilidade de dar ao jogador o maior número possível de escolhas dentro do jogo. Achamos que equilibra o game. Então colocamos. Não sabíamos que as pessoas iam ficar tão irritadas com isso”.
O jogo trabalha com estereótipos para representar os alunos pertencentes a diferentes grupos sociais (Reprodução/ Raul Pimentel)
De fato, a repercussão das imprudências que Bully trazia ao mercado de jogos atravessou todo o continente americano e se fez presente aqui em nosso país. Em 2008, a venda do jogo foi proibida no Brasil por decisão do Ministério Público do Rio Grande do Sul. A justificativa é de que o game retrata “fundamentalmente, situações ditadas pela violência, provocação, corrupção, humilhação e professores inescrupulosos, nocivo à formação de crianças e adolescentes e ao público em geral”. A ação gerou grande revolta entre os fãs brasileiros da Rockstar e alguns chegaram a dizer que a medida aumentaria a pirataria. Considerando que, ao final de 2013, 82% dos jogos vendidos no país eram piratas, segundo o Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), a lógica parece ser justa.
Houve, também, uma tentativa de banir o jogo no estado da Flórida, nos Estados Unidos, pelo advogado Jack Thompson. A ação durou 11 horas, mas foi negada pelo juiz Ronald Friedman, que decidiu permitir a continuação da comercialização do game. Para chegar à decisão, o juiz pediu uma cópia do título para que ele avaliasse por conta própria qual era o motivo de tanta reclamação.
Diante de uma recepção que mostra aspectos positivos e negativos, uma coisa é certa: Bully não passou despercebido. Depois destes 10 anos, o título continua sendo mencionado pela mídia e pelos fãs não só como um dos jogos mais polêmicos já feitos, mas também como um dos melhores de sua época.
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