Estudante de Itapetininga (SP) saiu dos 115 quilos e hoje pesa 70.
'Consegui tirar forças, mas muitos não conseguem', diz rapaz de 21 anos.
Caio Gomes SilveiraDo G1 Itapetininga e Região
Chamado de “baleia”, “rolha de poço” e outros apelidos durante a adolescência, o estudante de direito Glauco Melchior, de 21 anos, morador de Itapetininga (SP), usou os anos de bullying na escola como motivação para eliminar 45 quilos em um ano. Com 1,70 metro de altura, ele saiu dos 115 quilos e hoje pesa 70. Para retratar a história de superação, Glauco decidiu escrever um livro em que fala sobre o bullying que sofreu quando estava acima do peso. A ideia dele é lançar a obra, chamada "De Repente 115", no ano que vem.
“O livro é um bate-papo para que a pessoa que sofre bullying, assim como eu sofri, entenda que há alguém do lado dela. Eu consegui usar o bullying como motivação para emagrecer, mas muita gente não consegue. E isso é coisa séria. Tem gente que já se suicidou por isso. Não é frescura ou coisa da ‘geração mimimi’, como muita gente fala nas redes sociais. O livro está sob avaliação de editoras e tem 85 páginas”, afirma.
Os apelidos ofensivos foram dados quando ele tinha entre 15 e 17 anos e estudava emItapetininga. “Além dos apelidos, tanto amigos, colegas, quanto alunos com quem nem conversava, batiam o pé quando andava para aumentar o som dos meus passos. Eram em torno de umas 15 pessoas. O irônico é que hoje estou magro e alguns deles gordos. Mas nunca poderia fazer o mesmo que eles fizeram”, comenta.
Segundo Glauco, por dois anos a vida tornou-se “horrível” devido ao bullying. “Sofri em silêncio. Para as outras pessoas demonstrava estar bem. Era algo íntimo. Nem mesmo minha mãe sabia, porque ela já tinha os problemas dela e não achava justo dar mais um. Fato é que não tive uma adolescência normal, por exemplo, de namorar. Porém, se precisasse passaria por tudo de novo”, diz.
De acordo com ele, foi quando viu que pesava 115 quilos, aos 17 anos, que resolveu emagrecer. “Sempre fui uma criança ‘fofinha’, não chegava a ser gorda. Aí com 13 anos, e não sei o porquê, comecei a engordar muito. Na adolescência eu não pesava, era avesso à balança. Perguntava para minha mãe e ela, coitada, desconversava, dizia que eu era grande. Não achava que pesava tanto quando subi na balança e vi marcar 115.”
Emagrecimento
Decidido a perder peso, o rapaz iniciou o processo de reeducação alimentar e exercícios físicos. O começo foi difícil, lembra o estudante. “Nossa, quantas vezes já chorei com vontade de comer mais. Quantas vezes, no início, peguei a comida ainda na panela escondido. Não é fácil, do dia para a noite, até hoje em dia, três anos depois de emagrecer, continuo com acompanhamento nutricional”, ressalta.
Decidido a perder peso, o rapaz iniciou o processo de reeducação alimentar e exercícios físicos. O começo foi difícil, lembra o estudante. “Nossa, quantas vezes já chorei com vontade de comer mais. Quantas vezes, no início, peguei a comida ainda na panela escondido. Não é fácil, do dia para a noite, até hoje em dia, três anos depois de emagrecer, continuo com acompanhamento nutricional”, ressalta.
Em oito meses conseguiu perder 35 quilos e mais 10 quilos em quatro meses, ou seja, 45 quilos em um ano. Atualmente, após três anos que emagreceu, os hábitos alimentares do começo não são mais difíceis. Há seis anos não bebe mais refrigerante, os pães com muçarela e presunto no café da manhã foram trocados por leite desnatado e pão integral; no almoço a opção é arroz integral com frango e os hambúrgueres, pastéis e pizza comuns no passado são raros atualmente.
“Hoje eu gosto das comidas menos calóricas. O meu próprio gosto mudou. Vou à academia porque me sinto bem. Anos atrás era como se eu ouvisse as piadas para me motivar a fazer a escolha certa, mas atualmente não é mais uma obrigação. Comer era um vício. Eu não tinha fome e, sim, vontade de comer. Só que desapeguei. Desapeguei do vício. Desapeguei da gula”, completa.
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