Violência em tom de brincadeira é tratada como questão de saúde pública.
Diálogo pode ser uma forma eficiente de lidar com o problema.
Fonte: Jornal Nacional
Uma pesquisa do IBGE com estudantes do nono ano do Ensino Fundamental acendeu a luz de alerta para o problema do bullying nas escolas brasileiras.
Uma pesquisa do IBGE com estudantes do nono ano do Ensino Fundamental acendeu a luz de alerta para o problema do bullying nas escolas brasileiras.
Rir e falar alto são marcas dos adolescentes, mas tem um tema que apaga os sorrisos e faz calar.
“Eles viam como uma brincadeira. Não sei nem se viam como algo que me fazia mal. Às vezes, eles acham engraçado”, afirma Luana Matos.
As lágrimas de Luana, de 17 anos, voltam todas as vezes em que ela se lembra do bullying que sofreu por seis anos, por gostar de videogames.
“Eu tinha uma amiga que eu era muito próxima. E isso, junto com o negócio do jogo, que eu não me aproximava dos outros, eles me chamavam de lésbica”, afirma.
Intolerância com as diferenças, piadas com quem está fora do padrão. Na idade dessa turma é difícil não estar em uma das duas pontas do bullying. Pode parecer brincadeira, mas é bom se lembrar que pra quem estar recebendo pode ser uma humilhação. Essa é uma das grandes preocupações da pesquisa sobre saúde escolar.
A pesquisa sobre saúde escolar divulgada pelo IBGE revela que dois em cada dez adolescentes assumem já ter praticado bullying contra colegas.
A prática é mais comum entre os meninos.
“Eu achava a minha sala muito criança. Eu não conhecia as pessoas. Então fiz bullying com as pessoas porque eu achava engraçado”, diz Max Mandelert, de 16 anos.
As agressões são quase sempre focadas na aparência do corpo e do rosto.
“Um professor estava falando sobre o sistema solar e ele pediu uma pessoa de exemplo e aí eu fui, pra ser o sol. Aí um garoto começou a falar ‘agora tá comprovado mesmo que o sol é redondo’”, lembra Bruna Zusman, de 14 anos.
Num universo de tanto sofrimento, o diálogo pode ser uma forma eficiente de lidar com o problema.
“O bullying não é uma brincadeira. Ele é muito sério. Então tentamos vários caminhos até agora e o caminho do diálogo e da reflexão sobre si mesmo e sobre o outro tem se mostrado o caminho mais eficiente e a melhor resposta”, afirma a diretora Catarina Rodrigues.
Em outra escola, a exibição de vídeos educativos sobre o combate ao bullying começa ainda na educação fundamental.
“Desde pequeno, a gente trabalha essa consciência com as crianças. Eu não posso fazer com o outro aquilo que eu não gostaria que fizessem comigo”, diz a coordenadora educacional Verônica Portugal.
“Pode parecer engraçado pelo jeito que a gente é, mas pra gente que tá sofrendo não é nenhum um pouco legal”, afirma Paola Salgado, de 9 anos.
O bullying é tratado hoje como questão de saúde pública. O trauma provocado pelas agressões pode levar à depressão, ansiedade e até suicídio.
“Família é importante, pra esse pai estar atento, pra essa mãe estar atenta e dar o suporte quando ele precisar se ele estiver sofrendo bullying. A escola é essencial pra observar, ver que tá acontecendo bullying e cortar naquele momento”, explica o psiquiatra da Infância e Adolescência, Fábio Barbirato.
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