Aliny Gama
Colaboração para o UOL, em Maceió (AL)
Depoimentos de familiares do estudante Eduardo de Souza Cordeiro, 12, prestados à Polícia Civil do Pará, colhidos entre ontem (1º) e esta sexta-feira (2), confirmaram que o garoto pediu para ser transferido da Escola Estadual Santo Afonso, no bairro do Telégrafo, em Belém (PA), por não estar se sentindo bem no ambiente escolar nos últimos meses.
Eduardo morreu, na madrugada da última quarta-feira (31), no Pronto-Socorro Municipal Mario Pinotti, em Belém, com vários hematomas no corpo, além de perfuração no pulmão e baço, machucados ocorridos enquanto estava na escola. A família acredita que ele tenha sido surrado por outros alunos. A direção da escola alega que o estudante teria caído e se machucado entre o intervalo de aulas, por volta das 17h da terça-feira. Eduardo cursava o 6º ano.
A família do menino acusa que o estudante estava sendo vítima de bullying praticado por outros alunos e que a direção já tinha conhecimento do problema. O caso está sendo investigado pela Data (Divisão de Atendimento ao Adolescente), da Polícia Civil do Pará.
"O estudante já tinha reclamado com a família de problemas de convivência com outros alunos e pediu para sair dessa escola. Familiares contaram que existiram outros episódios na escola e que a família informou à direção sobre esses problemas. Já intimamos a direção para que toda equipe que atendeu essa situação preste depoimento para esclarecer o que aconteceu", disse a delegada Adriana Magno, titular da Data, que colheu o depoimento dos familiares.
Os depoimentos da equipe que estava trabalhando na tarde que o menino se machucou na escola devem ser colhidos a partir de segunda-feira (5). A delegada disse ainda que pediu celeridade na entrega do resultado da necropsia feita no corpo do estudante no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. A polícia tem 30 dias para concluir o inquérito.
Eduardo foi enterrado no cemitério São Jorge, em Belém, na tarde dessa quinta-feira (1º). Antes do sepultamento, familiares protestaram em frente ao prédio da escola e cobraram esclarecimento sobre o que motivou os hematomas no menino, que o levaram à morte.
"Que queda foi essa que ele ficou naquela situação, com vários hematomas em várias partes do corpo? Tiveram de tirar o baço dele e ainda constataram que o pulmão dele foi perfurado. Nós queremos saber o motivo dessa agressão e como foi que aconteceu isso", afirmou Mauro Guedes, tio do menino.
As aulas da Escola Estadual Santo Afonso estão suspensas desde a quarta-feira. Ontem, a direção da escola foi afastada, temporariamente, pela Seduc (Secretaria Estadual de Educação). Nesta sexta-feira, o educador Eduardo de Souza Cordeiro, coordenador da Unidade Seduc na Escola, assumiu a direção da escola interinamente até que o caso seja esclarecido.
A secretaria informou que a medida ocorreu para que as aulas fossem normalizadas e que durante este período estará prestando ações psicossociais na comunidade escolar, com a participação de funcionários da escola, pais e estudantes.
A Seduc informou que está acompanhando o inquérito policial por meio da ouvidoria da secretaria. A pasta afirmou ainda que também trabalha com duas versões sobre a morte do aluno: acidente ou bullying. A Seduc afirmou que a escola não possui histórico de agressões entre estudantes.
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