Nos tempúltimos os, tem sido enorme a incidência de casos de violência em escolas de vários estados do Brasil. As manchetes colhidas são aterrorizantes: “Morre estudante de 11 anos por comer biscoito envenenado por colegas” (junho de 2011); “Justiça do Rio condena pais por ofensas dos filhos a uma professora” (março de 2011); “Aluno joga carteira em professora e afirma que queria matá-la” (março de 2011); “Suspeito de matar professora é namorado de aluna reprovada” (março de 2011); “Professor autor de livro sobre indisciplina é agredido por estudante” (dezembro de 2010); “Estudante não gosta de notas e mata professor a facadas” (dezembro de 2010); “Estudante de enfermagem agride a professora por causa de nota baixa” (novembro de 2010); “Adolescente de 15 anos mata a pauladas colega de escola de 13” (setembro de 2010); “Alunos já agrediram 34% dos professores da região de Campinas” ( junho de 2010).
“Deu a louca” na Educação. E nós, que viemos de outros tempos, perguntamo-nos quais as causas de tanta violência. Tenho dito que, depois das igrejas e dos lares, as escolas constituem locais sagrados. Nelas, o ser humano passa por transformações que lhe permitirão transformar a própria vida e a sociedade. Nelas, professores abnegados, com salários quase sempre incompatíveis, desprovidos, em muitos lugares, do prestígio que a classe possuía antigamente, entregam-se a ações que lhes exaurem as energias, tal a dificuldade que encontram em seu mister, em relação aos alunos.
Parecendo anestesiadas, as famílias quase sempre cruzam os braços diante de atos violentos dos filhos, quando não participam e estimulam tais atos, colocando-se muitas vezes contra os mestres. Assinale-se que o problema atinge todas as classes e culturas sociais.
A quem culpar?
Vivemos uma era de transição. Novos paradigmas atropelam as mentes infantis e juvenis, muitos deles advindos da internet com todos os seus mecanismos. A ausência de muitos dos pais – não pelo trabalho que lhes ocupa o tempo, mas pelo desinteresse em acompanhar a vida pessoal e escolar de seus dependentes – provoca nos primeiros uma necessidade de compensação, por meio da qual buscam justificar e defender os excessos dos filhos.
Insisto e continuarei insistindo: o germe inicial da educação centra-se na família, mais precisamente nos pais. Crianças e jovens bem educados em casa, por meio da orientação segura dos pais a respeito de valores, de discernimento e de limites, quase sempre serão alunos isentos de problemas disciplinares na escola.
O momento exige ação conjunta da sociedade. Não se pode conceber uma educação efetiva, quando o desrespeito campeia solto.
Não sei de onde é, mas fiquei encabulada com a declaração de um professor, reflexo da atual situação educacional em muitas escolas do Brasil : “Sou um professor ateu, mas tenho vontade de rezar.”
(*) Educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro
thuebmenezes@hotmail.com
Fonte: JM Online
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