Contudo, especialista afirma que há a possibilidade de reduzir as ações
Educar as crianças para o respeito, com ações permanentes e conjuntas de escolas e pais, é a chave para aplacar o fenômeno, diz especialista.
O bullying está ficando mais frequente?
O bullying sempre existiu, mas foi potencializado e adquiriu visibilidade com o advento do cyberbullying. Antes, era considerado brincadeira de criança. Hoje, é visto como um padrão de agressão aprendido, que pode se cristalizar até a vida adulta.
É possível erradicar a prática?
Assim como a violência na sociedade, não é possível eliminá-la. O que se pode fazer é reduzir. Mas a maior parte das escolas não tem programas permanentes. Fazem só ações pontuais, o que é insuficiente.
Por que é tão difícil o combate?
É difícil porque a educação em valores – respeito, cooperação, gentileza – está deficiente. Imperam na família e sociedade modelos de desrespeito; mostra-se que é legítimo se divertir com o sofrimento dos outros. A substância do bullying é o desrespeito e a discriminação.
Que tipo de medida pode reduzir o bullying?
Uma ação que envolva a todos, dos funcionários às famílias, em um projeto de longo prazo. Mas essa parceria, que é absolutamente essencial, é também rara. A escola costuma acusar a família de não educar. A família tende a responsabilizar a escola, onde ocorre o problema.
Um agressor deve ser punido?
Consequências precisam acontecer. Mas não adianta que seja apenas punido, ele tem passar por uma conscientização e tem de haver uma reparação ao agredido. E deve haver ainda um trabalho com os expectadores.
Por que os expectadores?
Existe a plateia passiva, que finge que não vê, e a plateia cúmplice, que apoia. Mas pode existir uma plateia transformadora, que, ao presenciar o bullying, tenta inibir a ação do agressor e dar força à vítima.
O que os pais de um agredido devem fazer?
Primeiro, escutar o filho. Depois, buscar uma parceria com a escola. Não adianta tirar da escola, fora casos excepcionais. Se a vítima não fizer um trabalho para se fortalecer, pode voltar a ser vítima. Porque muitas vezes ela pertence a um grupo alvo de preconceito ou é alguém que se destaca e causa inveja.
E os pais de um agressor?
O primeiro passo é refletir sobre onde o filho está aprendendo aquele comportamento. Muitas vezes é de dentro de casa.
QUEM É:
MARIA TEREZA MALDONADO
É autora de A Face Oculta – Uma História de Bullying e Cyberbullying, voltado para a conscientização de crianças e adolescentes. Atualmente trabalha em um livro teórico sobre o tema.
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