A percentagem de alunos agressores nas escolas é de 1,4 por cento, segundo uma investigação sobre bullying que deu origem ao livro «Bullying ¿ Agressividade em meio escolar». O estudo, da autoria de Luísa Carrilho, Paulo Nogueira e Teresa Bacelar envolveu 1410 alunos de escolas do ensino básico dos concelhos de Oeiras e de Loures.
O bullying é uma forma de comportamento agressivo, descrita como deliberada, com frequência, persistente, sendo difícil as vitimas defenderem-se.
«Há algumas crianças instáveis e até agressivas, mas um bully é uma criança que assume uma acção agressiva para com o seu par de forma continuada, que continuadamente persegue o par, o colega, e que o agride verbalmente, psicologicamente e até fisicamente», explicou à Lusa a psicóloga Luísa Carrilho.
Mas é preciso não confundir certo tipo de comportamentos agressivos com bullying: «Há muitos meninos com níveis de agressividade elevados. Instáveis também, mas batem à toa e não elegem um objecto de vitimização. Já os bullies elegem uma vítima e agridem-na intencionalmente e constantemente. Desses, há muito poucos nas escolas portuguesas», declarou.
Aos alunos de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 5 e os 11 anos, que constituem a amostra desta investigação, foram aplicadas escalas que avaliam a percepção que os professores têm sobre o comportamento. Foram também aplicadas diferentes provas psicológicas e feitas entrevistas individuais aos alunos e aos seus encarregados de educação.
Os alunos assinalados pelos professores com índices elevados de comportamentos agressivos foram sujeitos a observação directa em espaço de recreio. Os comportamentos isolados neste estudo permitiram concluir que desta amostra fazem parte menos de 20 alunos que podem ser considerados bullies.
Bullies tornam-se moobies, adultos que maltratam colegas em contexto laboral
A urgência de intervenção em alunos envolvidos neste fenómeno é justificada pela instabilidade que o bullying provoca em contexto escolar e porque muitos dos adolescentes bullies tornam-se adultos perversos, moobies, que continuam a agredir os pares ou os seus subordinados em contexto laboral.
Luísa Carrilho afirma ter conhecimento da existência de «muitos casos de moobying» em organizações portuguesas. «Em vez de bater ou de chamar nomes, como fazia quando era criança, o indivíduo sentirá prazer em chatear ou embirrar com aquele colega específico, ou fazer da sua vida um inferno, intencionalmente.» A mesma equipa que realizou o estudo sobre bullying, propões-se a investigar este fenomeno moobying, no futuro.
O livro, das Edições Afrontamento, foi apresentado pelo Doutor Carlos Neto, presidente da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, no dia 14, em Oeiras.
Fonte: TVI Portugal
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