Cartilha para abordar o tema da violência entre jovens será levada ás escolas estaduais
GUSTAVO GARGIONI/DIVULGAÇÃO/PALÁCIO PIRATINI/JC
Fonte: Jornal do Comércio de Porto Alegre
Suzy Scarton
A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) lança hoje, em alusão ao Dia do Estudante, as cartilhas da Comissão Interna de Prevenção a Acidentes e Violência Escolar (Cipave). O material, destinado a alunos, pais e professores, será distribuído nas escolas estaduais. Existem três modelos distintos, divididos de acordo com a faixa etária do leitor. A intenção é abordar questões de violência entre os estudantes de maneira didática.
A pasta também divulgará os indicadores de violência e indisciplina coletados nas mais de 1,8 mil escolas que fazem parte do programa - são 457 Cipaves distribuídas nos 19 municípios onde os índices de criminalidade são mais altos. O levantamento foi feito pela segunda vez e, além de diminuir os indicadores, o objetivo é definir quais trabalhos precisam ser desenvolvidos nos termos de prevenção. Segundo a coordenadora das Cipaves, Luciane Manfro, o principal problema dentro das salas de aula, apontado pelos professores, é a indisciplina. "Para eles, é aquele aluno que responde de forma agressiva, que sai da sala de aula sem dar satisfação. Antes, temos de entender que tipo de indisciplina é essa", pondera Luciane.
Em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), deve ser lançada, em setembro, uma capacitação a distância que ensine o professor a identificar se o aluno possui algum transtorno de comportamento ou se é apenas indisciplinado. "Vamos começar com escolas nos bairros com maior índice de violência desses 19 municípios", conta Luciane. A Brigada Militar, a Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros, o Ministério Público, a Promotoria e o Judiciário são alguns dos parceiros das Cipaves e todas as entidades realizam ações pontuais com foco na prevenção.
Entre os indicadores, a redução que se mostrou mais eficaz foi em relação ao bullying, de 15,98%. "Uma escola de Porto Alegre chegou a ter 200 casos de bullying registrados. Estamos tentando mostrar aos alunos que ele ocorre de muitas formas, temos feito debates, palestras e teatros sobre o tema, e os números diminuíram significativamente em um semestre", comemora Luciane. Além de bullying material, que consiste na depredação de objetos pessoais, e do bullying social, a exclusão de alguma criança do convívio, há também a distribuição de fotos pessoais, que atinge principalmente as meninas na pré-adolescência.
"Elas começam a se perceber mais, a gostar mais de si, e, para elas, não basta se olharem no espelho, então, mandam selfies, fotos delas mesmas sem roupa para uma amiga, um namoradinho ou um pretendente, e essa foto acaba sendo enviada para outras pessoas", conta a coordenadora, que se surpreendeu com a frequência com que isso ocorre entre os alunos. "Já fui questionada sobre isso, perguntaram se era crime compartilhar a foto de alguém sem roupa", relata Luciane. Para evitar esse tipo de desinformação, a cartilha abordará o tema, e um site, que oferecerá o conteúdo das cartilhas na íntegra, está sendo elaborado pela Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs).
Principais resultados
- 15,98%: bullying
- 3,9%: assaltos na entrada e na saída da escola
- 3,9%: agressões físicas e verbais contra direção, professores e funcionários
- 0,3%: furto e arrombamento
- 0,84%: uso, posse ou tráfico de drogas
- 2,7%: depredação e de pichação
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