David Coleman acredita que atitude pode evitar novos ataques
Se seu filho sofresse alguma agressão vinda de outra criança, você o orientaria a revidar? Segundo David Coleman, um psicólogo irlandês, essa é a melhor conduta para os casos de bullying. A explicação, que está em um artigo escrito por ele e publicado no jornal Irish Independent, tem causado polêmica entre os pais. Para o especialista, as crianças devem ser estimuladas a contra-atacar porque isso diminui as chances de a situação se repetir depois.
“A criança se sente melhor quando se defende e fica menos propensa a ser o alvo na próxima vez”, disse o psicólogo ao site norte-americano Today Parentes. “Em minha experiência com jovens, se um ataque físico inicial não tiver algum grau de resposta, isso tende a acontecer de novo", afirmou.
Para Deborah Moss, neuropsicóloga especialista em desenvolvimento infantil pela USP, a teoria faz algum sentido, mas é preciso ter cuidado na interpretação. Segundo ela, é importante orientar a vítima a fazer algo a respeito, o que não quer dizer que uma resposta com outro ataque seja a melhor maneira de lidar com a questão. "O agredido precisa ao menos falar com alguém sobre o problema. O fato de se calar pode adoecer a pessoa e até leva-la a um quadro de ansiedade ou depressão", explica.
Coleman, que é pai de três filhos, garante que não quer incitar a violência, mas defende a ideia de que “é bom para as crianças ouvir que a briga tem o seu lugar. Acho que é bom que elas acreditem que é aceitável empurrar alguém que intencionalmente as empurrou". Rita Calegari, psicóloga da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, garante que não é preciso chegar ao ponto da violência física. “Uma olhada firme, um tom de voz mais bravo ou mesmo uma postura corporal que não seja intimidada podem ser boas estratégias a serem usadas”, indica.
Pais e mães têm criticado o texto de Coleman porque revidar um ataque pode gerar brigas e incitar ainda mais a violência. No artigo, o psicólogo admite que sua orientação pode causar uma briga. "As crianças se machucam e os adultos podem precisar se envolver, talvez até dando algum tipo de punição, mas acho que isso vale a pena, se prevenir que seu filho seja atingido no futuro", defende.
Para Rita, os adultos precisam intervir assim que assim que um se sobressair ao outro, não importando quem está com a razão, afinal, antes de tudo é preciso impedir a violência e ensinar as crianças. “Ao usar de certa agressividade para se defender e impor limites, na medida que o agressor se afasta e recua, o agredido e futuro agressor para. Digo "futuro agressor" porque se ele não para, de agredido, ele vira agressor - isso é muito fácil de acontecer”, lembra. É preciso ficar de olho.
O que fazer, então?
Se o seu filho foi ou está sendo vítima de bullying e você não sabe como agir ou como orientá-lo, confira as dicas das especialistas.
- Mantenha um canal aberto de comunicação com o seu filho.
- Não o culpe, nem faça com que ele se sinta incapaz. Converse e tente entender o que aconteceu antes de qualquer julgamento.
- Uma vez que você sabe do problema, não dá para fingir que nada aconteceu. Seu filho pode querer se poupar, mas assim ele se prejudica, afinal, a situação não mudará e ele pode até adoecer.
- Sempre contate a escola e converse sobre o que aconteceu. Cobre uma postura assertiva e de não tolerância a esse tipo de comportamento, avisando aos pais do outro envolvido.
- Não o culpe, nem faça com que ele se sinta incapaz. Converse e tente entender o que aconteceu antes de qualquer julgamento.
- Uma vez que você sabe do problema, não dá para fingir que nada aconteceu. Seu filho pode querer se poupar, mas assim ele se prejudica, afinal, a situação não mudará e ele pode até adoecer.
- Sempre contate a escola e converse sobre o que aconteceu. Cobre uma postura assertiva e de não tolerância a esse tipo de comportamento, avisando aos pais do outro envolvido.
- Promover grupos e reflexões entre alunos e pais sobre o tema e até fazer trabalhos e desenhos sobre o tema são atividades que podem ajudar no processo de conscientização.
- Nunca enfrente o agressor no lugar da criança.
- Procurar os pais e conversar é válido, mas, normalmente, é mais seguro e positivo ter um mediador. Deixar que a escola resolva pode ser útil no caso de um episódio esporádico e pontual, mas os pais devem demonstrar sua preocupação e interesse em como a escola se posiciona frente a isso.
- Fale abertamente com a criança, explique que nem toda atitude agressiva do outro é culpa dele ou foi motivada por algo que ele fez e diga que existem pessoas não sabem lidar com suas emoções. O diálogo sincero vai ajudar a criança agredida a superar este momento com mais facilidade.
- Quando as agressões se repetem, quando as tentativas de negociação e busca por um consenso com a outra família fracassam ou quando a criança passa a ter sua integridade em risco e até a apresentar sintomas de estresse por conta do processo vivenciado, pode ser o caso de mudar de escola.
- Buscar ajuda profissional também ajuda a família a lidar com a situação.
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