quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Nadador etíope lança projeto para estimular a modalidade no país

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— A ideia, que surgiu durante a Rio-2016, é desenvolver a natação no meu país, dando oportunidades a jovens e crianças a partir dos 5 anos. Quem sabe, em Tóquio, em 2020, tenhamos mais dois ou três nadadores representando a Etiópia. Seria incrível — sonha o atleta.


Com 1,76m e dizendo pesar 81kg, Kiros não pensou duas vezes após sua primeira participação olímpica ter repercutido tanto.

— Quero converter todo esse bullying em motivação e levar a natação a fazer parte dos principais esportes do meu país. Sinceramente, espero que os atletas etíopes tenham a chance de treinar numa piscina apropriada, oportunidade que eu não tive — conta Robel ‘Baleia’, que não tem técnico e já defendeu o país em competições na Espanha, Rússia, Cingapura e Moçambique.

Para transformar a ideia em realidade, o nadador lançou, na segunda-feira, uma página em um site de crowdfunding, através da qual vai receber doações para a fundação: www.gofundme.com/2jt3kfw. Sua ideia é arrecadar US$ 200.000 (R$ 642.000). Até a tarde de ontem, três pessoas haviam doado, ao todo, 45 euros (R$ 163):

— Meu sonho é mais do que um resultado pessoal: é desenvolver um orgulho nacional. Sempre acreditei que podemos ser bem-sucedidos na natação, como somos no atletismo.
Recordista nacional dos 50m (26s59) e 100m livre (1m02s), o ‘Baleia’ quer iniciar o projeto na capital, Addis Adeba. De lá, a ideia é expandir para outras cidades do país.
— Acredito muito que a assistência de um técnico profissional é essencial na preparação para competições como os Jogos Olimpícos, que eu não tive. Mas ainda tenho esperança de ter a assistência necessária em futuras competições — salienta o atleta, que é filho do presidente da Federação de Natação da Etiópia, Kiros Habte Kinfe, com quem deu as primeiras braçadas.

Convidado pela Fina (Federação Internacional de Natação) a participar da Rio-2016, Kiros disputou, no ano passado, o Mundial de Kazan, na Rússia. Fez 1m04s41 nos 100m livre e 30s95 nos 50m borboleta.

Aos 11 anos, Robel debutou num torneio local. E venceu a prova:

— Lembro-me daquele momento até hoje, com muito orgulho. Eu me recusei a tirar a medalha durante dois dias seguidos, dormindo com ela e, inclusive, me admirando no espelho. Foi um momento indescritível. Desde aquele dia, eu sonho em me tornar um campeão olímpico. Minha determinação e minhas vitórias têm me motivado a treinar cada vez mais.

— Foi como se visse todo o esforço que eu e minha família fizemos chegar ao fim. Mas nunca desisto. Meu sonho sempre foi me tornar um campeão olímpico. Por isso, sigo fazendo meu melhor, mesmo treinando sozinho.

Enquanto não chega o próximo torneio, mês que vem, na Etiópia, o tímido atleta se prepara para deixar o Rio nos próximos dias. Na bagagem, a esperança de transformar a natação de seu país. Bullying à parte, Robel ‘Baleia’ vai em busca de seus sonhos nas piscinas.

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