Régis Paiva
Volta Redonda
Ameaçar, insultar, humilhar, enviar mensagens com imagens ofensivas, comentários de insulto e cometer algum ato contra uma pessoa: estas são algumas das características do bullying, uma forma de agressão que se espalha cada vez mais pelo mundo. Porém, com o aumento da tecnologia, uma nova espécie de agressão ganhou vida: o cyberbullying, que consiste nos mesmos atos do bullying, porém de forma virtual, seja pela internet e até mesmo por celular. O cyberbullying, entretanto, permite que a pessoa que faz as ameaças se esconda no anonimato, pelo menos no primeiro momento, já que uma investigação judicial pode acabar identificando o indivíduo.
Os atos de cyberbullying normalmente são causados por crianças e adolescentes que debocham uns dos outros, criando apelidos incômodos. Os métodos usados são os mais variados: com a chegada das novas tecnologias de informação e comunicação, o "bully" (agressor) usa dessas ferramentas para transtornar a sua vítima, ameaçando-a, denegrindo sua imagem e causando-lhe grande sofrimento e stress, podendo, muitas vezes, ter consequências fatais.
O Brasil não tem casos tão emblemáticos da prática, mas alguns casos já foram registrados e chamaram a atenção da população, como no caso do jovem que foi vítima da ação em Pernambuco no ultimo dia 28 de setembro. O aluno de um colégio particular foi empurrado, hostilizado e constrangido por colegas depois que bebeu - sem saber - um refrigerante onde outros estudantes haviam cuspido. A cena foi filmada por um celular e então postada no Youtube (site de divulgação de vídeos).
Revertendo a situação
Um caso em que a vítima acabou se aproveitando da situação foi o de Geisy Arruda, que em novembro do ano passado foi hostilizada por ir à universidade usando um vestido curto. O que poderia ter se tornado mais um caso de cyberbullying - já que as imagens foram vinculadas pela internet - porém, acabou tendo um efeito contrário, já que a estudante usou da situação a seu favor, tendo um foco a seu favor por conta da mídia.
Uma pesquisa feita em fevereiro desse ano pela Safernet, ONG de defesa dos direitos humanos na internet, mostra que a prática do cyberbullying representa um dos maiores riscos para 16% dos jovens brasileiros conectados à grande rede. A pesquisa envolveu mais de dois mil internautas do país com idade de 10 a 17 anos.
Outra pesquisa feita no Brasil revela que a incidência de agressões feitas pelo usuário da grande rede é maior que a cometida pessoalmente dentro das escolas. Nessa pesquisa foram ouvidos cerca de cinco mil alunos, em cinco regiões do país, e 10% deles responderam que já sofreram ou praticaram o bullying, enquanto 16,8% foram vítimas e outros 17,7% praticaram o cyberbullying. O estudo foi realizado pela ONG Plan Brasil, que atua no desenvolvimento de crianças e adolescentes.
Enfrentamento desigual
No bullying existe sempre uma desvantagem de poderes. Aquele que tem mais força usa dessa vantagem para agredir uma pessoa mais fraca. Na maioria das vezes são aquelas pessoas com características psicológicas mais tímidas e de baixa auto-estima. Nos casos de bullying, se alguém perguntar ao agressor se ele está maltratando a vítima, ele vai dizer que é só brincadeira. E a vítima, por sua vez, vai concordar, pois tem medo ou se sente envergonhada e, por isso, acaba realmente acreditando que o ato é uma brincadeira.
A psicóloga Clarisse Cassuriaga acredita que a família tem um papel muito importante no processo coibir a ação dos atos tanto na parte virtual quanto na parte pessoal. Ela acredita que o ato do bullying e o cyberbullying irão ajudar a determinar o caráter do agressor e do agredido.
- O jovem que sofre o ato de bullying acaba se tornando uma pessoa coagida, receosa, com medo da sociedade em geral. Já o agressor poderá, em seu futuro, se tornar uma pessoa anti-social, podendo até mesmo se tornar um psicopata - afirma.
Ações contra o cyberbullying
Na Internet existem vários canais em sites como Youtube que fazem campanhas contra o cyberbullying. Em uma delas, um garoto fala sobre a crueldade cometida contra os golfinhos e, de repente, ele para o vídeo e interage com um comentário ofensivo dizendo: "se você morresse, nenhum golfinho ligaria". Quando se clica no vídeo, é feito o direcionamento para a Central de Segurança do site, onde é possível relatar denúncias sobre esse tipo de crime.
Cyberbullying mais comuns
O "bully" cria um perfil falso ("fake") de uma outra pessoa, usando dados reais dela. A partir desse perfil vão sendo enviadas mensagens maldosas para outros usuários e, sem saber do fato, o aluno passa a receber ameaças até mesmo reais.
Outra forma de cyberbullying ocorre quando o aluno é bombardeado por e-mails anônimos o ameaçando, mesmo quando não existe a ameaça direta na escola. A vítima não tem idéia de quem está enviando as ameaças, e então começa a ter desconfiança de todas as pessoas.
Mesmo que alguns transgressores considerem o ato uma simples brincadeira, a vitima poderá pedir investigação judicial para descobrir quem está por trás das ameaças.
Fonte: Diário do Vale
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