quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

“ESTAMOS SEMPRE AQUÉM DE CONHECER TODA A REALIDADE”

Entrevista: “Estamos sempre aquém de conhecer toda a realidade”
Natividade Coelho, Diretora do Centro Distrital de Setúbal da Segurança Social
Natividade Coelho, Diretora do Centro Distrital de Setúbal da Segurança Social
O Leme – Quando falamos em violência contra as Mulheres, a violência doméstica é a mais comum mas há outro tipo de agressões que também preocupam as entidades que trabalham com este fenómeno?
Natividade Coelho – Sim, pelo efeito devastador que tem sobre as famílias, a violência doméstica surge sempre à cabeça mas, efetivamente, há outras formas de violência que também mobilizam as OMG’s que trabalham no terreno. Em primeiro lugar, destacaria a violência no namoro que, sendo tipificada como violência doméstica quando há crime, é um fenómeno que cada vez mais merece uma atenção especializada por parte de quem trabalha no terreno e que, apesar de ainda não estar tipificada à parte, assume contornos preocupantes e precisa de ser olhada de forma especial e com uma especialização de quem trabalha com crianças e jovens, Depois temos, embora residual, a mutilação genital feminina que continua a ter alguma expressão, sobretudo nalgumas comunidades, e que é uma barbarie e um crime mas que quando ocorre marca para toda a vida as vitimas.
Também temos a questão do bullying relativamente à orientação sexual. Os números dizem-nos que, em cada dez pessoas, pelo menos uma tem uma orientação sexual diferente, e isto é transversal a todas as idades a partir da puberdade. Sabemos que quer os jovens, quer a população adulta é vitima de bullying, no espaço público, em casa ou no local de trabalho. Depois temos a violência contra as crianças que assume contornos diferentes, quer as crianças que assistem a fenómenos de violência
doméstica em casa, quer as crianças que são vitimas de qualquer tipo de violência que é exercida sobre elas e aqui também
existe um trabalho e uma preocupação. Não queria deixar de referenciar a violência contra com os idosos, um fenómeno que tem cada vez mais expressão. Não há muito tempo, no Litoral Alentejano e a norte do distrito houve um seminário onde este aspeto foi contemplado porque sabemos que as pessoas idosas e a sua dependência são potenciais vitimas de violência. Poderia enumerar todas as formas de violência no trabalho e no emprego, desde o assédio moral ao sexual, que devem ter expressão neste dia mas que nos devem preocupar e fazer agir durante todo o ano.
As mulheres perderam a vergonha e expõem mais os seus casos. Isto deve-se a quê?
Vale a pena ler o artigo completo na edição em papel de 01 de dezembro de 2016, n.º 682

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