Proposta é do vereador Rony da Silva e visa evitar o sofrimento de crianças e adolescentes que são alvo deste tipo de situação no ambiente escolar. Casos são mais comuns do que se imagina
“Sofri bullying principalmente no ensino fundamental, me oprimiam por eu ser afeminado e acima do peso”. A forte frase que abre esta reportagem é do estudante araranguaense, Lucas Gonçalves, 21 anos, que ainda carrega na memória as brincadeiras maldosas que sofreu na vida estudantil, durante a adolescência e as marcas do preconceito.
Ele sempre foi um jovem dedicado aos estudos e envolvido nos movimentos estudantis, mas por ter uma orientação sexual diferente da maioria e por ser um pouco acima do peso, sofreu durante o ensino fundamental e médio com o Bullying que diariamente tornava a bater na porta de sua vida.
Segundo Lucas, esses atos fizeram com que ele perdesse a sua autoestima, mas hoje estudando em uma Universidade de Criciúma, afirma ter aprendido a rebater situações como essa e se tornou uma liderança no movimento LGBT da cidade. "Isso me fez ter problemas comigo mesmo, em boa parte da vida. Não confiava na minha imagem, tinha dificuldade em me comunicar com as pessoas, bem como em me aproximar afetivamente também. Mas com o tempo aprendi a me amar e a viver da maneira que eu sou, sem precisar agradar alguém. Hoje toda essa opressão foi para o chão, sou presidente da União Nacional dos LGBT's em Criciúma”, desabafou.
"Depois que cresci e aprendi a me amar independente daquilo que as pessoas pensam de mim, as coisas mudaram. Obviamente é um trabalho árduo e demorado, pois precisa de muita determinação para se convencer que você não precisa mudar para agradar as pessoas e que o respeito é um direito seu também. Mas sigo me desconstruindo diariamente e melhorando a cada dia a relação comigo mesmo", concluiu Lucas.
Cortando o mau pela raiz
Acabar com o sofrimento de jovens como Lucas é um dos objetivos principais de um projeto que tramita na Câmara de Vereadores de Araranguá. A iniciativa que visa a conscientização partiu do presidente da casa, Rony da Silva, que na última quarta-feira, dia 30, teve o projeto de lei nº 30/2016 aprovado. Com isso, fica instituída a semana de conscientização contra o Bullying.
A ação será preferencialmente realizada na primeira semana do ano letivo, comenta Rony. “Na programação de conscientização contra o bullying serão realizadas atividades que promovam, no interior da escola e da sociedade, a discussão e o debate sobre questões relacionadas a esta forma de violência".
De acordo com o vereador, essas práticas influenciam a vida daqueles que sofrem. "É público e notório que o bullying, um fenômeno antigo que está presente em escolas do mundo todo, causa enormes prejuízos ao processo de aprendizagem de alunos que são vítimas desse tipo de constrangimento”, disse.
Especialista fala sobre o Bullying
A Assistente Social do SINE e Advogada, Sayonara de Araujo Pessoa, comentou sobre as práticas do Bullying na vida do ser humano. "Esses atos são muitos difíceis de vencer, é algo muito complicado. Repetição de apelidos e ofensas é conhecido como Bullying, ele com certeza traz estragos psicológicos e muitas vezes físicos para a vida de uma pessoa. Além disso acontece também o isolamento desta pessoa, causando um grande impacto psicológico e sentimental".
Ela ainda salienta, que no trabalho também existe Bullying. "No mercado de trabalho acontece o Bullying, pois as vezes em uma empresa opta por ter um funcionário padrão, especifico. Por exemplo, quando se desmerece rotineiramente um funcionário na frente dos demais, isso é uma forma de Bullying. Por isso deve-se todos os dias travar uma batalha sobre esse mau do século", finalizou.
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