POR LUSA
"Criámos esta história, 'A Magia da Amizade', muito também a pedido das escolas, porque, infelizmente, cada vez mais existem casos de 'bullying'. Outra coisa que nós percebemos é que ocorre com crianças cada vez mais pequenas", salientou, em declarações à Lusa, Cátia Oliveira, coautora do livro.
Cátia Oliveira e Letícia Leal, psicólogas do Núcleo de Iniciativas de Prevenção e Combate à Violência Doméstica da Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória, começaram a criar histórias para crianças, há cinco anos, para tentar sensibilizar os mais novos para o problema da violência doméstica.
Com o auxílio do ateliê de costura da Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória, transformaram as histórias em espetáculos de fantoches, divulgando-as em várias escolas da ilha Terceira.
O projeto começou a ter cada vez mais procura e foram surgindo novas histórias, que abordavam temas como a promoção da igualdade de género, a multiculturalidade, a inclusão, a promoção de afetos positivos e a prevenção da discriminação e violência.
"Os fantoches surgiram como a forma mais apelativa e mais psicopedagógica de chegar às crianças. Nós, neste momento, com as histórias que temos desenvolvido, não nos restringimos tanto às crianças do pré-escolar, já está a alargar-se e vamos fazendo para um público quase dos zero aos 100, porque os idosos reveem-se também na forma como fazemos as histórias", salientou Letícia Leal.
A Direção Regional da Educação decidiu agora publicar a história 'A Magia da Amizade' em livro e distribuí-la por todas as escolas dos Açores, permitindo aos professores e educadores ter ferramentas para abordar o 'bullying' nas aulas.
O livro tem ilustrações de dois alunos de artes do 11.º ano da Escola Secundária Antero de Quental, de Ponta Delgada, e o kit enviado para as escolas inclui ainda a história em versão simplificada, em versão reconto, em versão pictográfica SPC, em versão em braille, em audiolivro, em videolivro em linguagem gestual e um vídeo do teatro de fantoches.
Segundo Letícia Leal, o kit vai permitir que a história chegue a crianças que nos espetáculos de fantoches não têm oportunidade de a compreender e dar materiais aos professores para que a mensagem chegue às nove ilhas dos Açores.
"Nós damos o pontapé de saída. Depois, o grande trabalho de desconstrução das crenças, dos estereótipos, das questões da discriminação e da promoção da igualdade é feito com os professores e com os educadores", frisou.
Apesar do livro não abordar a questão da violência doméstica, em que as duas psicólogas trabalham, o 'bullying' pode também estar relacionado com esta problemática, segundo Cátia Oliveira.
"Independentemente do nome que se dá e de onde é que a pessoa exerce essa violência, é fundamental começar-se a travar isso", salientou, acrescentando que, por vezes, o 'bullying' nas escolas é praticado por crianças que já assistiram a episódios de violência doméstica.
Para Cátia Oliveira é importante iniciar a prevenção do bullying nos colégios, porque, por vezes, há crianças com 3 ou 4 anos que, mesmo sem se aperceberem, "já têm comportamentos agressivos bastante vincados"
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