Mey Ferdinand, que já sofreu bullying na infância por ser branca e alta, mostra que não é loucura sonhar com o Oscar
Por Ana Clara Jovino em Cinema
Mey Ferdinand, nome artístico de Iara Maria Fernandes de Queiroz, nasceu em Quixadá, no interior do Ceará, foi para o Rio de Janeiro para estudar teatro e hoje grava filme em Hollywood. A menina que era considerada louca por sonhar alto prova que, com incentivo, confiança, persistência e muito esforço, é possível realizar sonhos.
Desde 2012 Mey mora em Nova York. Ela acaba de ir para Los Angeles para gravar o curta-metragem “Thumbs Up”, dirigido pelo argentino Brian F. Visciglia. O filme é uma parceria entre artistas brasileiros e americanos com a produtora Red Line, que tem sedes no Rio de Janeiro, Dublin e Los Angeles.
Aos 11 anos, Mey se mudou para Fortaleza e entrou para o grupo de teatro do colégio. Mais tarde fez o curso preparatório no Theatro José de Alencar. Em 2009, se mudou para o Rio de Janeiro para estudar na Cia de Theatro Contemporâneo.
Participou de montagens como “Arlequim, Servidor de Dois Patrões”, dirigido por Silvia Carvalho; “Bonitinha, mas Ordinária”, dirigido por Dinho Valladares; “Aonde Está Você Agora”, escrito e dirigido por Regiana Antonini, e o musical “Ópera do Malandro”, sucesso de público do Grupo Artear. Antes de se mudar para os Estados Unidos, a atriz integrou o elenco do canal de humor Parafernalha.
Depois de se apaixonar por musicais, quando interpretou Terezinha em “Ópera do Malandro”, ela fez audições para a New York Film Academy e ganhou uma bolsa para o curso de um ano da escola. Lá fez a performance da coreografia original do musical “Chicaco” em 2013, no June Havoc Theater, na Times Square.
Gravou três curtas para a New York Film Academy (“I’m Sorry”, “The Clockwork” e “My Other Half”), coordenou a produção do curta musical “Step Up” e trabalhou no piloto “Big Apple”, projeto brasileiro gravado em NY. Além de estudar atuação para filme e TV no Stella Adler Studios e no Mel Mack Acting Studio.
Além de atriz, Mey também é modelo e em 2015 assinou com as agências Posche Models e Westhaven Management, participando de diversos trabalhos editoriais e do New York Fashion Week 2015. Ficou no Top 10 do concurso Miss Nepal – US Ambassador, dedicado a ajudar as vítimas do terremoto no Nepal.
“Eu sempre sonhei em participar do New York Fashion Week, quando eu estava lá nem acreditava”, declara.
As lembranças de Quixadá são muitas. Mey conta que teve sua infância dividida, entre momentos felizes com a família e momentos não tão bons em que sofreu bullyng na escola, por nunca ter se encaixado, por ser “diferente”. “Eu sofria bullying na escola, pelo que eu aparentava, eu tinha o cabelo cacheado, era muito alta e muito branca”.
Com cinco anos, ela já sabia que queria ser atriz, sempre participava das peças da escola e era algo natural para ela,onde se encontrava. Além de ser apaixonada por cinema, pois cresceu assistindo filmes americanos, então já tinha certeza que queria se dedicar à sétima arte. Ela diz que era considerada louca, por viver no interior do Ceará e ter uma ideia tão grande, por isso demorou a ter confiança, só quando começou a fazer peças profissionais no Rio de Janeiro, Mey percebeu que era uma artista de verdade.
A atriz cearense passou por muitas dificuldades até chegar nos Estados Unidos, por ser de uma cidade pequena, onde as possibilidades eram praticamente impossíveis. Sua mãe foi contra sua vontade de se tornar uma artista, pois achava um sonho impossível e queria protegê-la, já seu pai foi seu maior incentivador. “Meu pai sempre foi meu maior fã, quando todo mundo dizia que seria impossível, ele dizia que eu ia conseguir ser o que eu quisesse”.
O maior desafio que ela enfrentou foi ter que se encaixar no mercado americano, que é muito mais competitivo, por achar que já estava preparada. Ser de um país tão grande e tão diverso como o Brasil, que não existe um papel específico, pois segundo ela é um estereótipo difícil de explicar, é muito difícil. Então, a atriz teve que ser humilde e começar do zero, se adaptar a nova cultura e a como funciona o mercado internacional.
O próximo projeto da atriz é o curta-metragem “Model Life”, onde interpretará a editora-chefe de uma revista de moda de Nova York, além de se dedicar à carreira de modelo.Por enquanto, Mey quer continuar investindo na carreira internacional e diz que praticamente todos os seus sonhos já foram realizados e agora almeja representar o Brasil na cerimônia do Oscar. É o seu maior sonho profissional. Além disso, ela diz que gostaria muito de gravar no Brasil, principalmente no Nordeste. “Eu vejo o cinema nordestino crescendo e me dá muito orgulho. Queria gravar um longa em Quixadá, a cidade onde eu nasci”, afirma a atriz.
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