No ano passado foram realizadas mais de 48 mil cirurgias.
A maioria dos pacientes é criança.
Levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica mostra que aumentou a procura por operações voltadas para as orelhas de abano. O principal motivo não é a vaidade, mas sim o bullying.
Os brincos são o mais novo investimento da cabeleireira Isabela Pinheiro: “Agora que eu posso prender, posso colocar o cabelo atrás da orelha. Eu gosto bastante de usar brinco pequenininho agora, mais delicadinho”.
Há quatro meses, ela passou pela cirurgia para diminuir as orelhas, tudo de graça pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Era uma coisa que sempre me incomodou, desde criança. Eu não mergulhava, não ia na piscina. Na academia, morrendo de calor, eu queria prender o cabelo. Ficava morrendo de calor, mas eu não prendia. Então, agora é vida nova”, comemora.
Uma cirurgia particular de correção de orelha de abano custa entre R$ 3 mil e R$ 8 mil, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. No SUS, ela sai de graça porque é considerada uma cirurgia de reconstrução e não de estética. Um levantamento mostra que 65% das cirurgias de correção de orelha de abano são motivadas por bullying.
No ano passado foram realizadas mais de 48 mil cirurgias para corrigir orelhas de abano. Em 2009 foram 31 mil. A maioria dos pacientes são crianças.
“Não é só uma vaidade. Muitas vezes isso acaba criando problemas psicológicos ou sociais. Existem vários trabalhos que demonstram um déficit de desempenho escolar devido ao bullying”, diz Henrique Ishida, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
A vontade deve partir das crianças, alertam os médicos. É o que fez o Alan, de seis anos, que estava triste com os apelidos que ganhava na escola. “Ele perguntou: ‘Tem como grudar minha orelha?’. A gente sempre tem um medo da criança sofrer bullying”, conta Jéssica Valadão Ross, mãe do Alan.
“A idade ideal é entre seis e sete anos, porque nós devemos ter a formação completa da orelha, que ocorre nesse período. Com o passar do tempo vai criando um vício daquela cartilagem naquela posição e aí tem maior chance dela retornar àquela posição original no pré-operatório mais recente, com ruptura de algum ponto”, explica José Neder Netto, cirurgião plástico
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