Danilo Viegas
dviegas@hojeemdia.com.br
Wesley Rodrigues
REFLEXÃO CONJUNTA – Os próprios estudantes participaram da elaboração do manual
O que para os colegas de classe era uma simples brincadeira, para a estudante Luiza dos Anjos, de 16 anos, era uma violência psicológica que chegou a um ponto de ela não querer sair de casa, por conta da baixa autoestima e transtorno de ansiedade. “Na adolescência, todo mundo se sente diferente e, para alguns, é mais fácil se afirmar julgando os outros”, diz.
A volta por cima só foi possível após mudança de escola e diálogo entre os pais e os atuais professores. Hoje aluna do segundo ano do Colégio Promove, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, Luiza foi uma das dezenas de estudantes do ensino médio da escola que assinaram uma cartilha contra o bullying, colocando a instituição agora oficialmente na luta contra qualquer tipo de preconceito.
A ideia de combate à intolerância surgiu da coordenadora Mary Silveira, que acredita que em termos de discriminação “é melhor prevenir do que reeducar”. Ela lembra que a prática de bullying é crime no Brasil desde novembro do ano passado e que é papel das escolas criarem medidas de solução para esse problema. “Não podemos apenas encher os alunos de conteúdos que irão cair em provas. A educação tem que promover ações que levem os jovens à conscientização”, afirma.
Participação
A cartilha foi elaborada pelos próprios alunos em um trabalho desenvolvido na disciplina de filosofia e sociologia. A professora Loretana Brandão, coordenadora do projeto, afirma que a participação dos estudantes foi essencial para que o documento fosse respeitado, já que, por se tratar de adolescentes, nem sempre o que é imposto é cumprido.
“Discutir o bullying é fundamental. Quem faz, muitas das vezes não sabe que está praticando, e quem sofre não tem coragem de falar. Nossa proposta é deixar as pessoas à vontade para se colocarem no lugar do outro. A escola é o melhor lugar para isso porque é um lugar de formação cidadã”, diz Loretana.
Para Bruna Duarte, de 17 anos, também aluna do segundo ano do ensino médio, se aceitar com qualidades e defeitos foi o primeiro passo para não ter a confiança minada pelos colegas. “Estamos em um processo de formação de identidade e construção de personalidade. Às vezes nos sentimos mal e aceitamos as piadas com apelidos sobre características físicas apenas para nos encaixarmos no grupo social. Com essa reflexão, estamos quebrando esse paradigma”, finaliza.
Eliminar todo tipo de preconceito, entrar na luta contra qualquer discriminação e promover a inclusão social são alguns dos pontos tratados na cartilha
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