São estes os três ‘grupos’ que compõem qualquer situação de bullying. O que os caracteriza, como são diferentes e o que têm em comum.
ACTIVA
Por CATARINA FONSECA
O que é que um bully, a sua vítima e as testemunhas que os observam têm em comum? Respondemos já à pergunta: todos vivem num mundo onde ainda se endeusa a violência. E todos estão em sofrimento. Parece básico? Pedimos à psicóloga Rita Xarepe que nos ‘descodificasse’ o mundo da agressão: que não é só infantil.
O BULLY | “Para algumas crianças, a violência é a forma mais simples de resolver um problema”, explica Rita Xarepe. Ensina-se a cooperação e a empatia? “Claro que se ensina. O problema é que não se ensina só por palavras. Se falamos com um agressor de forma agressiva, como é que eles vão aprender a não fazer o mesmo? Temos de entrar em sintonia com o sofrimento deles. Porque um agressor também pode estar em sofrimento. Por isso temos de conversar com estas crianças sabendo colocar-nos no lugar delas, e mostrar que não estamos a julgar mas a tentar compreender.”
A violência é usada… porque funciona. “Pode ser alguém que está a reagir a um ambiente agressivo e aquela é a única maneira de o fazer porque sente que não tem recursos. A forma que todos nós temos de resolver os problemas é sempre a mais fácil e a que dá mais resultado. E a violência dá resultado. Portanto, se uma coisa resulta, vamos usá-la, porque é onde nos sentimos mais eficazes. Não vamos escolher outra que não sabemos pôr em prática ou sequer se funciona.”
Além disso, a violência é uma lição constantemente reforçada: nós raramente somos solidários no ‘mundo dos adultos’. “Olhe a situação dos refugiados. E isto é só um exemplo. Portanto, a dificuldade é convencer-nos a nós próprios daquilo que pregamos, porque há bullies de todas as idades, não é um exclusivo infantil. Em muitos empregos existem estas situações, mas no mundo dos adultos não se fala nisto, porque temos vergonha. É mais fácil falar das crianças, é mais mediático e visível.”
A violência é usada… porque funciona. “Pode ser alguém que está a reagir a um ambiente agressivo e aquela é a única maneira de o fazer porque sente que não tem recursos. A forma que todos nós temos de resolver os problemas é sempre a mais fácil e a que dá mais resultado. E a violência dá resultado. Portanto, se uma coisa resulta, vamos usá-la, porque é onde nos sentimos mais eficazes. Não vamos escolher outra que não sabemos pôr em prática ou sequer se funciona.”
Além disso, a violência é uma lição constantemente reforçada: nós raramente somos solidários no ‘mundo dos adultos’. “Olhe a situação dos refugiados. E isto é só um exemplo. Portanto, a dificuldade é convencer-nos a nós próprios daquilo que pregamos, porque há bullies de todas as idades, não é um exclusivo infantil. Em muitos empregos existem estas situações, mas no mundo dos adultos não se fala nisto, porque temos vergonha. É mais fácil falar das crianças, é mais mediático e visível.”
A VÍTIMA | “As vítimas reagem com fragilidade porque muitas vezes são mesmo mais frágeis”, explica Rita. “Ou diferentes. Qualquer diferença serve. Se aliam a isso uma baixa autoestima, está criado o ambiente ideal. Há crianças fisicamente frágeis que não se veem como tal, porque por exemplo são boas a jogar futebol.” Importante: ninguém tem ‘culpa’ de ser vítima. “Se se vive num sistema que acolhe e valoriza as diferenças, estas situações de bullying não acontecem tanto. Mas se um rapaz que gosta de cor-de-rosa é posto de lado pela nossa sociedade, como queremos que as crianças o aceitem?”
AS TESTEMUNHAS | “Não se pode estar à espera que uma testemunha se ponha em risco para defender um colega”, defende Rita. “Não se pode exigir a uma criança que seja um herói, e mesmo assim eles existem. O que não é justo é que estas situações sejam postas nos ombros das crianças, que são demasiado pequenas para lidar com assuntos tão complexos. Uma testemunha não fará nada se sentir que não está protegida, que tem de se aliar aos mais fortes. Por isso temos de criar um sistema a favor da amizade, e não contra o bullying. É mais fácil e efetivo trabalhar na prevenção. Depois, já as coisas aconteceram e deixaram marcas.”
O QUE PODEMOS FAZER
“Tem sempre que ser a escola a organizar-se para resolver e prevenir estas situações”, defende Rita Xarepe. “Tem de se criar um ambiente em que os mais novos ou mais fracos sejam bem acolhidos, com projetos e atividades específicas, criando um sistema de madrinhas e tutores, por exemplo, e criar redes entre alunos e professores, não só para situações de emergência, mas para o dia a dia. Temos de ter recreios sem medo, com ambientes solidários e de entreajuda, e em que isso não sejam só palavras bonitas.” Para que bullies, vítimas e testemunhas não sejam deixados à sua sorte.
“Tem sempre que ser a escola a organizar-se para resolver e prevenir estas situações”, defende Rita Xarepe. “Tem de se criar um ambiente em que os mais novos ou mais fracos sejam bem acolhidos, com projetos e atividades específicas, criando um sistema de madrinhas e tutores, por exemplo, e criar redes entre alunos e professores, não só para situações de emergência, mas para o dia a dia. Temos de ter recreios sem medo, com ambientes solidários e de entreajuda, e em que isso não sejam só palavras bonitas.” Para que bullies, vítimas e testemunhas não sejam deixados à sua sorte.
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