Hilton Marcos Villas-Boas - Psiquiatra
Termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully), ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo ou grupo de indivíduos, incapazes de se defender. O Bullying é um problema gravé, muito frequentemente, as pessoas pensam que é apenas um problema ocasional entre indivíduos. Mas o bullying é muito mais do que um problema ocasional de raiva ou briga. Trata-se de uma intimidação regular e persistente que agride a integridade e a confiança da vítima do bully. E pior, em muitos lugares, é frequentemente aceita ou mesmo encorajada como parte da cultura local.
Bullying é frequentemente usado para descrever uma forma de assédio, interpretado por alguém que está de alguma forma, em condições de exercer o seu poder sobre alguém ou sobre um grupo mais fraco. O cientista sueco, Dan Olweus define Bullying, baseado nos seguintes comportamentos: 1- comportamento agressivo e negativo; 2- comportamento é executado repetidamente; 3- comportamento ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
O Bullying pode ser dividido em duas categorias: 1- Bullying direto; forma mais comum entre os agressores (bullies) masculinos; 2- Bullying indireto, conhecido também como agressão social, é a forma mais comum encontrada em bullies do sexo feminino e crianças pequenas, caracteriza-se por forçar a vítima ao isolamento social, conseguido através de uma série de variedades de técnicas, tais como: divulgação de comentários inverídicos; isolamento social da vítima; intimidação e qualquer pessoa que queira se socializar com a vítima; criticas a vítima quanto ao seu modo de vestir, sua religião, etnia incapacidades da mesma e etc. O bullying pode acontecer em qualquer contexto no qual seres humanos interajam, tais como escolas, universidades, famílias, entre vizinhos e em locais de trabalho (“Bullying Adulto”). Em escolas, o bullying geralmente ocorre onde existe uma carência de supervisão, ou inexistem. Ele pode acontecer em praticamente qualquer parte, dentro ou fora do prédio da escola. No entanto, em qualquer que seja a situação, fica evidente a estrutura de poder entre o agressor (bully) e a sua vitima.
Normalmente a vítima, tem motivos para temer o agressor, devido às ameaças ou concretizações de violência física/sexual, ou qualquer outra forma de agressão. Podemos elencar abaixo, algumas das principais características do agressor (bully), comumente esses adolescentes agressores, possuem personalidades autoritárias, associadas com uma necessidade muito forte de serem controladores em tudo que fazem dominarem qualquer situação, aliado a uma deficiência muito perceptível na capacidade de socialização e preconceito imensurável sobre subordinados, tais características constituem-se potencialmente em fatores de risco, para o desenvolvimento do Bullying. Outros dados, que podem ser somados ao potencial risco para o desenvolvimento do bullying, são a inveja, ressentimento, magoa e o comportamento agressivo, no entanto nada cientificamente comprova que a baixa autoestima tenha alguma implicação no surgimento de tal transtorno. É frequentemente sugerido que os comportamentos agressivos começam na infância, e se esse comportamento agressivo não é enfrentado no momento em que surge, corre-se o grande risco de que o mesmo se trone cada vez mais habitual. Nesse caso, existem estudos que comprovam evidência de uma chance muito maior da instalação da prática do bullying, colocando a criança em risco futuro de um comportamento criminoso na idade adulta. Com isso não queremos dizer que o portador de bullying, necessariamente estará envolvido em criminalidade. O mais comum, é o bullying funcionar como forma de abuso psicológico ou verbal. O termo ganhou notoriedade mais recentemente, mas os “bullies” sempre existiram, na sociedade, os chamados valentões, brigões, pavio curto, cabra macho, acossadores e etc. Na verdade, são aquelas pessoas que sempre usaram e usam a velha combinação de intimidação e humilhação, objetivando dominar o outro e se imporem perante a um grupo social.
Algumas das principais formas de exercer o Bulling, descreverremos a seguir: insulto; acusações infundadas e sistemáticas; desvalorização total da vítima; ataques físicos repetidos contra a pessoa ou propriedade dela; obrigar a vítima fazer o que não deseja; armar situações problemáticas para a vítima (com autoridades); comentários depreciativos sobre a família da vítima (particularmente a mãe), aparência pessoal, orientação sexual, etnia, nacionalidade, nível econômico; impor isolamento social a vítima; praticar o cyberbullying; chantagem; ameaças e exposição social da vítima, etc. O bullying também pode ser exercido do professor para o aluno, através de: intimidar o aluno frente à classe; manipular a classe contra um único aluno; critério mais rigoroso para a vítima; ameaça de reprovação; não autorizar o aluno a ir ao banheiro e etc.
Dados estatísticos do IBGE, a-pontam que em uma pesquisa realizada em 2009, por volta de um terço (30,8%) dos estudantes brasileiros, relatou já ter sofrido alguma forma de bullying. Quanto ao gênero, à maioria das vítimas são do sexo masculino, e a maior proporção de ocorrências foi registrada em escolas privadas. A mesma pesquisa aponta as cidades de Brasília e Belo Horizonte como as capitais brasileiras com maiores índices de bullying, com 35,6% e 35,3%, respecti-vamente.
Já no ano de 2010, outra pesquisa realizada com um total 5.168 alunos, de 25 escolas públicas e privadas detectou que as humilhações características do bullying são muito mais comuns nos alunos da 5ª e 6ª séries. Do universo dos entrevistados, 17% revelaram estar envolvidos com o problema, ou como intimidador de alguém, ou sendo intimidado ou os dois. Nos dias atuais, a evolução da cibernética, faz com que a forma mais comum de é a que ocorre através das redes sociais (e-mails, MSN, Orkut, facebook, twiter e outros).
Maluh Duprat esclarece: “quem agride, quer que o seu alvo se sinta infeliz como na verdade ele é. É provável que o agressor também tenha sido humilhado um dia, descarregando no mais frágil a sua própria frustração e impotência”.
Não responda as provocações, isso pode aumentar a raiva do agressor e é exatamente isso que ele quer. E o principal, não mantenha segredo da ofensa, intimidando-se. Esse pode ser o melhor momento para se lidar com os próprios complexos, e superá-los, com a ajuda da família, dos superiores no trabalho e de profissionais habilitados. Até a próxima, um bom final de semana a todos.
Fonte: Tribuna do Norte
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