domingo, 15 de novembro de 2015

Rodinei supera bullying no Corinthians e transforma "bom de bola" em elogio

De apelido irônico ao deslumbramento no Timão com Guerrero, Pato e Sheik, lateral-direito amadurece e equilibra lado brincalhão para brilhar pela Ponte: "Serviu de lição"


Por Campinas, SP - Globo Esporte

Rodinei é "bom de bola". Hoje, a expressão, é um – justo – elogio pelo desempenho do lateral-direito com a camisa da Ponte Preta. Mas ela já o incomodou bastante. Quando passou pelo Corinthians, entre 2012 e 2013, o jogador era chamado assim ironicamente pelos companheiros de elenco, em uma espécie de bullying. Logo ele, um dos mais extrovertidos do elenco da Macaca. 
Do apelido ao deslumbramento com Paolo Guerrero, Alexandre Pato e Emerson Sheik, Rodinei tirou lições da passagem frustrada pelo Timão para decolar na Ponte, onde é um dos destaques da surpresa do Brasileirão e ganhou projeção nacional. 
Rodinei, Ponte Preta (Foto: Victor Hafner / PontePress)Ao lado de Biro Biro, Rodinei tem motivos de sobra para rir à toa na Ponte Preta (Foto: Victor Hafner / PontePress)

Marca registrada do camisa 2 da Ponte, a irreverência nem sempre jogou a favor do lateral. As brincadeiras em excesso são apontadas pelo próprio jogador como um dos motivos que atrapalharam sua trajetória no Corinthians. Muito novo – tinha 19 anos à época –, ele se deixou levar pelas "zoeiras", até pelo encantamento com a situação, e não soube separar o momento de descontração da hora da seriedade. 
Foi o próprio Rodinei quem deu a deixa para o apelido "bom de bola" pegar. Como era desconhecido, dizia nos treinos: "Pode tocar para mim que eu sou bom de bola". Os demais jogadores não perdoaram, a expressão pegou, mas o que poderia ajudar no relacionamento, acabou virando um trauma e minando a confiança do lateral. 
O que eu passei no Corinthians serviu de lição. Eu amadureci e agora penso de outro jeito e faço tudo ao contrário na Ponte. Na hora de trabalhar sou sério. Deixo as brincadeiras para as entrevistas
Rodinei, lateral da Ponte
– Os caras viraram meus amigos, mas meu apelido era mesmo "bom de bola". Eu brincava muito, em vez de levar a sério, e isso atrapalhava. Eu levava tudo na brincadeira. Via o Guerrero, o Sheik e o Pato zoando comigo e ficava empolgado. Sou um cara do interior (é natural de Tatuí, em São Paulo), sempre vi esses caras na televisão, comecei a ganhar um salário maior e dei uma deslumbrada. Pensei: agora estou bem, é hora de fazer minha vida. Eu me enganei. Tinha a oportunidade de estar até hoje jogando no Corinthians, mas levei tudo na brincadeira, dentro e fora de campo. O Tite ficava de olho, e não me colocava para jogar. 
Agora com 23 anos, Rodinei, revelado nas categorias de base do Avaí, garante ter encontrado o equilíbrio e o amadurecimento necessários para brilhar pela Macaca. Ele continua sendo brincalhão, mas só quando o momento permite. Dentro de campo, o sorriso dá lugar ao suor de quem ainda busca voos maiores na carreira. 
– O que eu passei no Corinthians serviu de lição. Eu amadureci e agora penso de outro jeito e faço tudo ao contrário na Ponte. Na hora de trabalhar sou sério. Deixo as brincadeiras para as entrevistas, mas em campo disputo a bola sempre com a mesma intensidade. Por isso esse sucesso dentro e fora de campo. Estou no caminho certo e espero conquistar grandes coisas ainda – afirma Rodinei.
Quem vê o camisa 2 da Ponte sempre sorrindo, não imagina o que ele precisou superar para alcançar o status atual. Antes de ser titular absoluto da Macaca na elite nacional, passou por times da terceira divisão do futebol catarinense, perdeu os pais muito cedo e conviveu com a constante desconfiança sobre o seu futebol. 
Rodinei Ponte Preta Joinville (Foto: Luciano Claudino / Agência Estado)Rodinei é um dos destaques da surpreendente campanha da Macaca na elite (Foto: Luciano Claudino / Agência Estado)
– Comecei aos 17 anos, e minha carreira sempre foi muito complicada. Perdi pai e mãe cedo... Passei por Videira, Porto União, que é da terceira divisão catarinense. O pessoal olha o Rodinei bem hoje, mas não vê o que passei. Rói muito osso antes de chegar ao filé mignon. Eu era inseguro. Quando cheguei aqui (na Ponte), ninguém acreditava, ninguém me conhecia, mas eu pude mostrar meu valor e estou fazendo por merecer ter propostas pelo ótimo trabalho na Série A. Agradeço a Deus tudo o que tem feito na minha, pois não foi nada fácil.

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