quarta-feira, 18 de novembro de 2015

As causas por trás da evasão escolar

O Ministério Público de Pernambuco lançou, ontem, uma campanha Abraçando a Escola, com o objetivo de frear a saída de alunos das salas de aula

Afonso Bezerra - Lugar Certo
Max Felipe - Especial para o Diario de Pernambuco


Alunas que sofriam bullying na escola buscaram ajuda. Brenda Alcantara/Esp DP/D.A Pres (Brenda Alcantara/Esp DP/D.A Pres)
Alunas que sofriam bullying na escola buscaram ajuda. Brenda Alcantara/Esp DP/D.A Pres

Ser vítima na escola de atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos causa dor e angústia. O lugar que seria “ideal” para o aprendizado se transforma num pesadelo. Nos últimos dois anos, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira  (Inep) e divulgado pela secretaria de educação do estado, Pernambuco vem reduzindo o índice de abandono escolar e figura entre os mais baixos do Brasil. Apesar de ser um resultado positivo, especialistas apontam que, depois de conseguir evitar a evasão, as escolas precisam investir nos atrativos para garantir a permanência com qualidade. E este tem sido um dos pontos falhos da rede aqui do estado.

Para colaborar com a campanha que busca reduzir a fuga das escolas, o Ministério Público do Estado de Pernambuco lançou, ontem, Abraçando a Escola. O projeto consiste em levar até às unidades selecionadas pela Secretaria de Educação palestras com especialistas em diversos assuntos, como violência contra mulher, resíduos sólidos, corrupção, como um processo de formação de consciência cidadã.

O procurador-geral de Justiça, Carlos Guerra de Holanda e o secretário estadual de Educação, Fred Amâncio, assinaram convênio de cooperação técnica entre o MPPE e a Secretaria de Saúde do Estado viabilizando a execução do projeto, que conta ainda com parcerias do Poder Judiciário, Defensoria Pública e Secretaria de Defesa Social.

Com 525 alunos matriculados no regime semi-integral da Escola de Referência do Ensino Médio Álvaro Lins, Nova Descoberta, no Recife, a palavra gentileza não é bem empregada. As estudantes Fernanda, 15; Gisela 14; e Luciana, 15 anos, nomes fictícios, do 1º ano do ensino médio sofrem bullying desde o início do ano letivo de 2015."Um menino me parou e disse na minha frente: “sua gorda”. Olhei para ele e abaxei a cabeça, na hora não tive reação”, revelou Fernanda.

A história de Fernanda não é diferente da de Gisela, 14, também agredida por causa do peso. “ Eles me chamavam de “gorda” e me apelidavam de Glória, elefante do filme Madagascar, e isso me incomodava. Já  Luciana, 15 anos, foi  ofendida por não ter cabelo liso. “Como estava solto, eles xingaram de girassol. Não gostei da brincadeira de mal gosto”, revelou.

As meninas continuam estudando no mesmo local, mas esperam por dia melhores e mais respeito. Fernanda denunciou os abusos a grupo de estudo da própria escola que atua em defesa dos direitos humanos tendo como base o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O  ECA foi na sala da aluna ofendida e conversou com todos seus amigos da classe. “Depois desse alerta eles pararam, mas hoje tento não dar importância a isso, que só me faz machucar profundamente”, contou Fernanda.

Números de abandono escolar aqui no estado
Ensino Médio
2014 – 3,5%
2013 – 5,2%

Ensino Fundamental – anos finais

2013 – 3,6%
2014 – 2,4%

Ensino Fundamental – anos iniciais

2013 – 2%
2014 – 1,6%

Números nacionais:

Crianças de  4 a 6 anos fora da escola:

Brasil: 1.615.886
Nordeste: 248.092

Crianças de  6 a 10 anos fora da escola

Brasil: 375.177
Nordeste: 116. 125

Crianças de 11 a 14 anos fora da escola

Brasil: 355.600
Nordeste: 104.837

Jovens de  15 a 17 anos foram da escola

Brasil: 1.539.811
Nordeste: 524.114
Fonte: INEP

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